As nuvens e a neve feitas de metano na atmosfera de Titã

A poderosa Titã, quieta sobre as absurdas forças gravitacionais do planeta anelado, é um dos vários mistérios do Sistema Sartuniano. Já falamos sobre a possibilidade de ter Vida lá (ou, pelo menos, condições favoráveis a isso), também falamos sobre a topografia de Titã e estudos sobre a força gravitacional do satélite titânico. Hoje, veremos sobre as magníficas nuvens de metano, com o referido hidrocarboneto cristalizado como neve, suspensos na atmosfera de lá.

A drª Carrie Anderson é pesquisadora-chefe associada do Laboratório de Sistemas Planetários do Goddard Space Flight Center. Tia Anderson, longe de ter um sobrinho capaz de fazer balas pararem no ar usando sobretudo, faz parte do grupo que analisa os dados da sonda Cassini.

Numa das inúmeras fotos trazidas pela Cassini, foram identificadas nuvens nas camadas mais altas da atmosfera de Titã. Análises espectroscópicas retornaram que a nuvem não era feita de água, mas de metano.

As fotos, a bem da verdade, são velhas, pois forma tiradas em 2006, mas a melhoria da tecnologia de processamento de imagem registrou que, não, aquilo não era água como você pode pensar, nem era etano, como pensaram os cientistas planetários antes. Era metano condensado, com pequenos cristais sólidos em suspensão. Isto é, neva metano em Titã!

Nuvens de metano já eram conhecidos de existir em Titã troposfera, a camada mais baixa da atmosfera. Só que a nuvem que foi recentemente identificada está na estratosfera polar (sobre os pólos do satélite, similar aos nossos polos norte e sul daqui). Na Terra, essa estratosfera polar fica entre 15 e 25 km de altitude, com uma temperatura média de cerca de –78 ºC. Em Titã, essas temperaturas na estratosfera polar é de cerca de –203 ºC, mas a nuvem fotografada não estava tão fria para fazer com que toda a nuvem se congelasse num imenso mar de neve de metano.

O que a drª Anderson e seus colaboradores observaram é que se as temperaturas na baixa estratosfera de Titã não são as mesmos em todas as latitudes. Os dados foram trazidos pelo Espectrômetro Composto de Infravermelho da Cassini, dois interferômetros que atuam em conjunto, medindo emissões de raios infravermelhos a partir de atmosferas, anéis, e as superfícies mais de comprimentos de onda entre 7-1000 mícrons (1 mícron = 10–6 metros) para determinar a sua composição e as temperaturas.

Ok, André. Você copiou daqui. O que essa bagaça faz?

Qualquer corpo com temperatura acima do zero absoluto emite radiação infra-vermelha. Pode-se criar um termômetro infra-vermelho "lendo" a emissão do infra-vermelho e associá-la com a temperatura. Simples assim. E devemos lembrar que o metano é um incrível gás de efeito estufa, absorvendo calor muito facilmente… quando tem esse calor todo.

Péra. Então este espectrômetro sei lá das quantas é um grande termômetro caro bagarai.

Yep!

E é o metano que está ferrando com o clima da Terra?

Nope. Nas camadas mais superiores de nossa atmosfera, o metano detona em presença de faíscas elétricas e oxigênio, formando CO2, que também é um gás de efeito estufa, mas mais moderado que o metano.

O Espectrômetro Composto de Infravermelho mapeia a atmosfera de Saturno e seus satélites em três dimensões e determina os perfis de temperatura e pressão com a altitude, composição do gás, bem como a distribuição de aerossóis e nuvens. Este instrumento também vai medir características térmicas e a composição de superfícies de satélites e anéis. Eu gostaria de um de presente no meu aniversário, por favor!

Além disso tudo, o mecanismo para a formação destas nuvens de alta altitude parece ser diferente do que acontece na troposfera; e mais diferente ainda do que acontece na Terra. Não existe padrões bonitinhos no Universo. Não existe receita de bolo. Mas temos gente especializada para identificar os ingredientes e provar esse bolo e dizer para todos nós quais são eles e como desfrutar do sabor de conhecer um pouquinho mais do Universo todos os dias.


Fonte: Mãe da Criança

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