Uma trapaça ocorre quando dois caras que acham que vão se dar bem em cima do outro se encontram. Mas só um efetivamente consegue! Para atenuar a crise hídrica que São Paulo está vivendo, várias ideias surgiram. Economizar não foi bem uma delas. Não foi nem no início, antes de ocorrer a crise.
Vocês devem lembrar daquele espertão engenheiro que criou uma máquina capaz de pegar humidade do ar e condensá-la (coisa que até minha geladeira faz). A fase 2 do plano é… Vender máquinas que fazem isso em larga escala para o Governo, de modo a pegar água e dar de presente pro paulistano. KY não incluso!
O inventor daquela geringonça se reuniu nesta segunda-feira (03/11) com representantes do governo paulista para apresentar um projeto para amenizar a crise hídrica no Estado. Ele sugeriu a instalação daquela porcaria, em escala maior, às margens dos rios Tietê e Pinheiros. Não que usar os sistemas do rio Tietê e Pinheiros sejam novidade. Não são. A novidade é que pegarão o vapor d’água e condensarão.
Isso é O MÁXIMO! Um monte dessas máquinas "produzindo" água, num sistema poluído e em vias de secar também, para abastecer 11.895.893 pessoas só para a cidade de São Paulo (estimativa do IBGE). E, de acordo com a Folha e seu paywall maldito, a média é que cada morador da Grande São Paulo gasta em média 161 litros de água por dia, segundo a Sabesp. Com a instalação de 20 dessas usinas, cada uma delas seria capaz de abastecer 12.422 pessoas, dando um total de 248.440 pessoas atendidas. Lembrando que uma máquina que produza 5000 litros de água por dia custa 350 mil reais. Mas uma usina possui mais de uma máquina, pois não? Então, para atender os 39.998.840 litros de água necessários – mas que arredondarei pra 40 milhões de litros – são precisos 8.000.000 de máquinas, o que dá 400.000 máquinas por usina, ou uma IMENSONA máquina. Qual será o preço dessas máquinas?
* Lembrem-se que esse funcionamento total é quando a humidade relativa do ar está o mais alta possível!
De acordo com informações da prefeitura de São Paulo, a área sob os auspícios da subprefeitura de Pinheiros é de 31,70 km2. Lá, a população é de cerca de 289.743 pessoas. Ou seja, essas 20 usinas NÃO SUPORTARIAM fornecer água para toda essa gente. Então, o engenheiro afirmou ser possível construir 20 delas em cada uma das marginais.
Me baseando ainda no custo elétrico para fazer esta coisa toda funcionando, e para produzir mil litros de água custa 170 reais, 40 milhões de litros de água custarão módicos 6,8 MILHÕES de reais. Mas eu considerarei que a usina será mais eficiente. Então, o gasto deverá ser apenas 1 milhão de reais (1 m3 de água da SABESP custa sete reais e vinte e cinco centavos!). Por dia, claro! O custo de construção disso? Não foi mencionado.
A proposta, de acordo com a pasta, será agora analisada por técnicos, assim como ocorre com outros estudos. Entre esses estudos provavelmente levará em conta aqueles tios que usam forquilhas para encontrar poços, xamãs, benzedeiras e a Fundação Cacique Minhocão. De resto, faltou-se considerar duas coisas:
-
A água que será captada sob a forma de vapor e condensada é o vapor que formam as chuvas.
-
Para gerar essa eletricidade que moverá as máquinas, mais toneladas de água serão usadas para fazer mover as turbinas hidrelétricas.
-
Vapores de substâncias voláteis serão condensados também.
E para finalizar: o custo da eletricidade aumentará em média 20%. Parabéns a todos os envolvidos!
Fonte: Twinto do @fabricamargo
Isso não lembra uma cadeia de motos perpétuos? É muita ingenuidade levar isso a sério…
CurtirCurtir
É gente criando maquininha que gera água, é dizainer criando estrutura que faz fotossíntese, é dizainer (de novo) criando poste de transforma gás carbônico em oxigênio.
Por que o pessoal não para de ficar reinventando a roda e passa a usar a máquina que a natureza criou e que faz essas coisas muito bem sem ter que consumir um watt-hora de energia?
CurtirCurtir