Cineastas, eu não quero saber da sua opinião sobre Ciência

Lembram quando Jim Carey falou sobre vacinação? As pessoas têm a tendência de dar ouvidos a leigos. Bastou ser famosinho, todo mundo dá ouvidos. Afinal, para que ouvir os especialistas e demais profissionais da área? Semelhante a isso foi o caso das bobagens cavalares que o Fernando Meirelles disse num encontro de abraçadores de árvores. Ele agora se julga ambientalista. Aham, tá. Segundo Meirelles, cientistas precisam falar mais a linguagem do povão e não vir com gráficos, dados, estatísticas e tudo o que forma a ciência. Ele quer coisinhas lindinhas que tocam o coração. Isso explica porque canais de Ciência como o Discovery passou a veicular aqueles programas para retardados mentais. Mais novela, menos comprovações, foi o que entendi da retórica burra do Meirelles.

Divulgando a imbecilidade alheia junto com muita Ciência, esta é a sua SEXTA INSANA!

Ciência, no Brasil, é algo vexatório. A culpa? De várias pessoas. Vamos listar a origem dessa culpa, com argumento seguido. Eles não estão em qualquer tipo de ordem, fora a que meu querido cérebro escolher, mas sem um placar sobre isso.

1) Governo – O Governo não gosta de Ciência. Ciência só consome gastos, sem o menor retorno. E o retorno que estou falando é político. Afinal, defender verbas para pesquisa científica não gera retorno positivo perante a população, que é ignorante, estúpida e totalmente avessa a qualquer tipo de aprendizado (terá seu próprio argumento, aguardem). O político entende isso. Pão e Circo. Mais fácil financiar uma igreja, a Fundação Cacique Minhoquinha ou qualquer outra entidade que lhe traga benefícios. O governo não gosta de ciência. Se gostasse não teria colocado um criacionista como ministro da pesca e um negacionista do Aquecimento Global no MCTI (que por sinal, tinha editado uma lei proibindo inovações tecnológicas em repartições públicas).

2) População – A população odeia ciência. Isso É FATO! Coloquem um programa de astronomia e um de astrologia. Vejamos qual tem maior audiência. Não foi à toa que o Discovery, o History e a NatGeo mudaram muito da sua programação, de forma a garantir a permanência de sua audiência u teriam ido às traças. Canais de TV se adequam à sua audiência. Se enchem sua programação de novelas, é porque é isso o que a população quer. Aceitem o fato. O brasileiro O-D-E-I-A Ciência,e já provei várias vezes aqui. Então, sabendo disso, o político fala ao povo o que ele quer ouvir, ou não será eleito. Se o Romário não fosse jogador de futebol, ele jamais seria eleito. FATO! Brasileiro sequer sabe nomear uma instituição de pesquisa. De qualquer forma, ainda será contra elas, pois ao invés de dinheiro para pesquisa, deveriam gastar produzindo remédio. Lembram dos beagles daquele pessoal retardado? Viram quantas pessoas ficaram do lado deles? Pois,é.

3) Cientistas e instituições de pesquisa – O cientistas deveria divulgar ciência? Não no Brasil, onde não é exigido isso. É exigido produção, produção e produção. Fatia-se uma pesquisa na famosa Ciência Salame e pronto, tudo está nos conformes. Ele não fala a língua do povão? Bem, ele também tem que ficar lecionando, né? Pesquisador não é profissão no Brasil, e as universidades só fazem pesquisa porque são obrigadas. Algumas entidades deram um balão e criaram centros universitários. É praticamente uma universidade, mas sem as exigências pelas quais a última passa.

Deixem-me estender neste último ponto. Eu quero divulgar ciência, ok? Então, se eu sei de alguém trabalhando, eu entro em contato. por três vezes, eu esbarrei num ponto. O professor doutor fodão é que precisa dar o aval, ele é quem tem que dar as informações e ser “entrevistado”. Sua equipe não é apenas uma equipe e sim um bando de lacaios, que não podem falar da pesquisa. Tem que ser o Prof-Doc-Fucker. E estes nunca têm tempo, é incrível. Por que? Porque um Zé Ruela como eu não lhe dará nada. Falar com o Ceticismo.net, Meio Bit etc não recheia lattes. Pesquisa fatiada, sim. No último congresso sobre o cérebro, realizado aqui no Brasil, ninguém ficou sabendo, nem mesmo o Miguel Nicolelis. No mês seguinte teve um congresso internacional de informática e saúde. Você soube? Pois, é.

As instituições estão pouco se lixando para divulgação científica. Não é exigido, já que o governo está mais ocupado entubando pseudociência nas universidades e em índios mágicos que controlam o clima. Gasta-se com uma procissão de Nosso Senhor da Candonga, mas não um pesquisador. Cortar salários de políticos, verbas de gabinetes etc? Para que? Perder total apoio quando quiserem votar algo de seu interesse? O político não está lá para resolver os problemas do país e sim arrumar meios de continuarem sendo políticos, vivendo às custas do erário público.

Eu até concordaria com o Meirelinho – cujos filmes são uma bosta. Sinto em informar –, já que muitos pesquisadores não sabem falar ao público. De minha parte, se ele estiver usado seus esforços para pesquisar vacinas contra a AIDS, já fico contente. Mas as universidades têm cursos de jornalismo. Não seria o caso dos estudantes produzirem material de divulgação, podendo se especializar em jornalismo científico? basta ir lá no departamento, entrevistar o cara, que seria “convidado” a dar a entrevista, ou não recebe verbas (se bem que a Suzana Herculano-Houzel estava reclamando que ela só ganhou 6 mil reais de verbas e a verba que ganhou vinda lá de fora foi devorada pela UFRJ, a maravilhosa entidade que é incapaz de pagar faxineiros).

<p align="justify"Então, o que acontece? Acaba que a divulgação científica acaba ficando a cargo de estagiários do G1, da Super Interessante e outras palhaçadas com gentinha mal-remunerada escrevendo bobagens tardiamente. Por quê? Porque são baratos. Ninguém quer pagar por um bom jornalista científico. Então, aproveita-se o estagiário que já estava no EGO, ele posta alguma tosdqueira mal traduzida com o Google Translator e voilà. Tá pronta a matéria. O pesquisador? Já falei! Isso não vai rechear lattes de qualqyuer forma.

Mas ninguém exige nada, então fica por isso mesmo. O lattes está recheado? Maravilha! O populacho não se importa mesmo! A NASA faz muito divulgação científica, e de primeira qualidade. Ela vive de verbas públicas, então, o melhor é levar ao público uma divulgação excelente. As pessoas amam, os políticos veem que é arrumar problema se cortarem gastos e pronto. Enquanto isso, no Brasil.

Miga, assim fica difícil te defender!

Agora, eu acho muito válido o Fernando Meirelles ensinar como se deve divulgar ciência. Ele deve até mesmo em vias de gravar um Cosmos totalmente nacional, sem nada a dever o Neil deGrasse Tyson. Ele e seus amiguinhos abraçadores de árvores vão produzir documentários melhores que os da BBC, ensinando como é que se faz, deixando Ian Stewart, Brian Cox, Jim Al-Khalili, Martin Polyakoff e David Attemborough morrendo de invejas. Afinal, que sabe faz, naõ é mesmo, Fernandão?


Fonte: Estadão, em que o Herton Escobar fez um grande trabalho jornalístico de divulgação científica apenas reproduzindo o que nosso James Cameron Tupiniquim falou.

Para saber mais

3 comentários em “Cineastas, eu não quero saber da sua opinião sobre Ciência

  1. será que ainda tem como vender o Brasil para os Japoneses, alemães ou escandinavos?
    Só assim para melhorar…..
    tá bom, tá bom, já me acalmei….

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    1. Prefiro pensar em sabe-se lá qual sobrenome maneiro eu (nós) teria (mos) se os holandeses tivessem ganho…

      Será que estaríamos nessa situação tão escrota?

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  2. “Isso é porque os cientistas são comprados pela indústria farmacêutica, a NASA/CIA/(coloque aqui a agência governamental que quiser), os incompetentinattis, digo illuminatis, maçons/reptilianos que querem implantar a nova ordem mundial. Qual a evidência? O simples fato de não haver evidências comprova minha ideia”.

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