E assim, depois de mais 365 dias, chegamos a mais um 15 de outubro, Dia dos Professores. Eu não ficarei falando a mesma coisa, dizendo como somos uma classe aguerrida, lutadora, oprimida e totalmente ojerizada. Isso, todos sabem e não se precisa reforçar, já que quem sabe ou se importa ou não dá a menor bola. Em um caso como em outro, repetir que nem papagaio é totalmente desnecessário.
Talvez eu devesse escrever um poema, uma mensagem, uma citação. Mas não há nada na língua dos homens, dos elfos e dos ents que possam traduzir melhor o sentimento de enfado por tudo isso. Somos o que somos, fazemos o que fazemos. Gostaria de ter algo para escrever, mas não há muito a ser dito. Dizer que professores são um bem comum, que a sociedade precisa de nós é mentira. Não precisam. A humanidade passou milênios vivendo na ignorância e é na ignorância que milhões, bilhões, ainda vivem. Ninguém morreu por viver sem um professor, sem colégio, sem aprendizado. Somos inúteis.
O mundo nunca precisou de professores, mestres ou educadores. Ele está aí há quase 5 bilhões de anos e perdurará por mais alguns bilhões de anos. Somos efêmeros em comparação aos éons do espaço-tempo. A humanidade surgiu nos últimos segundos do calendário cósmico e os professores, são uma irrelevantíssima porção dos bilionésimos de segundos desse tempo. Por mais 15 bilhões de anos, o universo continuará sua marcha inexorável, sem se dar conta das bactérias autodenominadas “humanos”, largadas em sua periferia
Mas esqueceram de contar tudo isso aos professores.
E é por este motivo que ainda achamos que podemos fazer alguma diferença, que podemos ajudar a melhorar o padrão de vida, mostrando as belezas do mundo, mas também as suas mazelas. Nossa natureza justifica-se como a do besouro que rola um pedaço de cocô por um morro. O cocô cai de volta e o besouro tenta mais uma vez e mais uma vez e mais uma vez. Por fim, o cocô chega e o besouro um dia morre. Mas o trabalho foi feito.
Professores possuem o mal de não aceitarem os fatos da vida e tentam fazer a diferença e, talvez, é por isso que fazem a diferença. O mundo não seria melhor com mais professores, mas seria pior sem eles. E por mais que professores olhem para o mundo e veem que nada muda sob o seu trabalho, ele não desiste. Não porque é brasileiro, mas porque algumas coisas precisam ser feitas e alguém tem que fazê-las.
Palavras são vazias, gestos são efêmeros e irrelevantes. Mas quando são estas as nossas únicas armas, devemos usá-las com a máxima competência que nos couber. Professores sabem disso, eles tentam e conseguem. Não são filmes lindinhos como o do Sidney Poitier que fazem de nossa profissão um míster de dedicação e realização. Aquilo é cinema, fantasia, enganação. Somos semeadores; e assim como o solo pouco se dá com o agricultor que joga sementes, as pessoas ão se importam com o que foi plantado ao longo dos séculos. Mas o solo muda com com a germinação e assim o mundo tem mudado também.
E é devido a vários fatores, além do trabalho árduo e contínuo de todos os professores do mundo, que vemos brotar civilizações, conquistas, desenvolvimento, sociedades, seres humanos propriamente ditos.
Informação não é conhecimento. Conhecimento não é sabedoria. Sabedoria não é grandiosidade. Mas professores possuem tudo isso, pois eles SÃO tudo isso.
Feliz Dia dos Professores

Um começo melancólico e um final esfuziante.
Parabéns pelo texto e pelo dia.
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Na minha humilde opinião, o altruismo(qualquer tipo) é a grande realização humana , e o magistério é uma das poucas profissões que, quando bem realizadas, mescla profissionalismo com altruísmo. Feliz dia pra todos vcs teachers and professors. E, se Quetzacoalt quiser, ainda entro pro time.
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Belo texto.
Parabéns aos professores!
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