Responda rápido: O que é que faz chamadas telefônicas, é portátil, toca música e até tira foto? Não responda ainda. Este aparelho ainda tem joguinhos, agenda eletrônica, faz vídeo e podemos instalar aplicativos, funcionando até como GPS às vezes? Resposta? Um microscópio portátil!
Bem, quer dizer, eu imagino que a sua resposta tenha sido um telefone celular (ou telemóvel, como chamam d’além mar). Você não está errado se respondeu assim, da mesma forma que eu não estou maluco. Um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, está desenvolvendo um sistema a ser acoplado em telefones celulares, de modo que possam funcionar como microscópios portáteis, ajudando na detecção de doenças de modo rápido e ágil em lugares de difícil acesso, sem nenhum laboratório decente por perto. Onde quer que esteja, DeForest Kelley deve estar sorrindo agora.
A geringonça – chamada de Cellscope (você não vai me perguntar o porque desse nome, né?) – é, basicamente, um dispositivo acoplado à câmera do telefone. Tal dispositivo amplia as capacidades das câmeras, produzindo imagens melhores, coloridas, até mesmo de parasitas e bactérias, podendo usar marcadores fluorescentes. Ao lado, vemos um esqueminha do aparelho. Não consegue ver direito? Clique para ampliar, então.
O artigo com as descrições completas do aparelho, você poderá ler no site da revista PLoS ONE, uma publicação indexada de acesso livre. Obviamente, in English. Para isso que o Google Translator existe.
Esta é uma invenção e tanto! A ela, somamos o mini-sistema de ultrassom feito para celulares, desenvolvido pelo Dr. William D. Richard, professor de Engenharia e Ciência da Computação da Universidade de Washington, que juntamente com David Zar, conseguiram desenvolver um dispositivo compatível com a plataforma Windows Mobile. Graças a uma verba de 100 mil dólares oferecidos pela divisão de pesquisa da Microsoft, os pesquisadores conseguiram o que muitos acreditavam, só existir em filmes de ficção científica (clique na foto para ampliar). Obviamente, uma coisa assim dificilmente seria desenvolvida nesses moldes, principalmente quando o nosso “amado” governo corta mais de 1 Bi de reais do Ministério de Ciência e Tecnologia. Visão: ou você tem ou continua sendo paísinho de 3º mundo, mesmo que o “2º mundo” não exista mais, desde o fim da Guerra Fria.
Voltando ao Cellscope (imagino que traduzirão para o português como “Celularoscópio”), de acordo com o Dr. Dan Fletcher, professor de Bioengenharia da regerida universidade e chefe de desenvolvimento do produto, “as mesmas regiões do mundo que têm carência de instalações na área de saúde são, paradoxalmente, bem servidas por redes de telefonia móvel. Podemos tirar vantagem dessa infraestrutura de modo a oferecer a áreas remotas equipamentos laboratoriais de baixo custo e fáceis de usar”.
O Cellscope é composto por lentes compactas e é preso no celular, usando luz branca simples, como a do sol ou de uma lâmpada, para iluminar as amostras. Algo como os primeiros microscópios ópticos, que usavam fontes de luz externas. A partir de amostras de sangue, os pesquisadores conseguiram capturar imagens do Plasmodium falciparum, parasita que causa malária em humanos.
O CellScope também funciona como um microscópio fluorescente. Para isso, adiciona uma determinada substância química, a qual reage com determinadas proteínas do ser vivo, mostrando-se fluorescente, isto é, ele emite luz!
Não é o tipo de análise feita com qualquer equipamento (pelo menos, até agora). No artigo da PLoS ONE, os pesquisadores descrevem como construíram um sistema fluorescente completo, usando componentes baratos, apesar dos reagentes não serem tão baratos assim, mas nada é perfeito.
Assim, com um simples celular de hoje, que tenha uma câmera decente (uns 3 megapixels, por exemplo) é capaz de ter imagens de resolução de 1,2 micrometros (1 μm = 10–6 metros) – para se ter uma idéia de tamanho, uma hemácia humana tem cerca de 7 micrometros de diâmetro!
Com um aparelho desses, junto com o ultrassom portátil, médicos e agentes de saúde podem examinar pacientes, tirar “fotos” das imagens e enviá-las via internet a qualquer centro de pesquisa do mundo. Em instantes pode-se decidir se o paciente deve ser submetido a exames mais detalhados, fazendo uma grande diferença entre vida e morte.
Quem sabe assim, médicos sejam menos obrigados a dizer: He is dead, Jim.
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