Analisando séries e filmes de super-heróis XXXVII

O governo estuda a redução da jornada de trabalho para 5×2, mas acho que deveria aumentar, já que tem muita gente que passa 24/7 com tempo livre. Daí, por faltado que fazer, estão implicando com nulidades. A bola da vez é o filme A Odisseia, do Christopher Nolan; e isso porque estão falando que está totalmente errado do ponto de vista histórico.

Como eu gosto de filmes de super-heróis, darei meus dois centavos por causa do trailer que veio.

Bem, você conhece A Ilíada, a história em que um monte de deusas desocupadas estava mais uma vez pensando como sacanear os humanos. Éris, a Deusa Espírito-de-Porco oferece uma maçã dourada para a deusa mais bonita e Páris, príncipe de Tróia, tinha que escolher. Afrodite manda pro moleque que ele terá a mulher mais bonita do mundo, e Páris, que não era babaca (ok, ele era), aceitou. Problema que essa mulher mais linda era Helena, casada com Menelau, rei de Esparta. Helena cai nas graças do boy-magia por causa da macumba grega e foge com o babaca para Tróia.

Menelau fica bolado, ameaça passar o cerol em quem o chamar de Minotauro e manda vir Agamenon (não o Mendes Pedreira), rei de Micenas, e juntam um monte de gente para ir até Tróia catar a periguete que não pode ver playboyzinho rico. Junto com o Bonde Grego estava Aquiles, o soldado mais foda do mundo (nessa história), mais indestrutível que o Wolverine porque sua mãe o banhou no rio Estige e isso lhe deu superpoderes. O rio é uma espécie de soro de supersoldado, mas a mãe era burra feito uma porta e deixou os pés de Aquiles de fora, e era ali seu ponto fraco. Rola a bagaça, com cavalão gigantão, Tróia vai pro saco, fim, the end. Todo mundo tem que voltar pra casa.

E é aí que começa o segundo livro de Homero: A Odisséia.

Nas palavras do próprio Odisseu (ou Ulisses) para seus homens, entendemos como é a Odisséia:

– Pessoal, a aventura é foda. Todo mundo vai adorar.

– Manda, Odi!

– Aí. A gente vai voltar pra casa e perambular por todo o mundo conhecido (aka, Mar Mediterrâneo). Vai ter um monte de aventura, com monstros marinhos, bicho feio com um olho só (não, Polites. NÃO É ESSE!), sereias, deuses, stop motion do Ray Harryhausen, um monte e mulher gostosa… cara, vai ser muito foda!

– No caminho de casa?

– IIISSA! Vai demorar uns dez anos, mas vai valer a pena. Já tenho até um nome para isso. “A ODISSÉIA”, não soa maneiro, hein? Hein?

– Pô, deve ser. Mas… por que este nome?

– É em homenagem ao único cara que vai chegar vivo no final da viagem.

– Ah, belez…. EI, ESPERE UM MOMENTO!

Os caras fazem uma viagem e, enquanto isso, Penélope (dizem que era charmosa também) estava lá tecendo uma manta, mandando migué que quando terminasse ia casar-se com o primeiro velho babão que aparecesse (ela ficava desfiando a trama durante a noite). Depois de um cacetão de tempo, Odisseu chega, prova que ele é foda também e reassume o trono. Fim, the end de novo.

É uma história que tem 2500 anos, largamente adaptada para várias mídias. Agora, o Nolan fez a sua versão e pessoal esta implicando com o figurino, erros históricos e etc. Não vi qual o problema do figurino. Aqui o trailer:

Começaram a encher o saco que as armaduras estavam erradas, os navios estavam errados, estava tudo historicamente errado. Ok, eu devo admitir que a armadura do Odisseu estava um tanto… diferente para uma armadura da Era do Bronze:


I am Vengeance. I am the night. I AM ODISSEUS!

Pessoal chilicou até não poder mais por falta de realismo e representação histórica.

REPRESENTAÇÃO HISTÓRICA!

Péra, deixa eu rir um tanto aqui.

Na porra da história, temos duas feiticeiras, cerca de uns quinze deuses e deusas incluindo Zeus, Poseidon, Atena, Éris, Hermes, Helios, Éolo, Hades, Perséfone, Ino, Proteu, Apolo e outros mencionados em contextos divinos, aproximadamente quatro ou cinco semideuses como Héracles, Minos, Orion e Tityus que surgem como sombras no submundo, seis ou sete monstros como ciclopes, sereias, os lestrigões, os Comedores de Lótus e Cérbero, o cão tricabeçudo. Além disso ainda temos três ou mais ninfas, nereidas e outras criaturas mitológicas como o profeta Tiresias totalizando dezenas de seres mágicos e sobrenaturais ao longo da narrativa.

E você ainda me vem com “ain, o filme não tem precisão histórica”

VOCÊ JÁ VIU ALGUM CICLOPE NA SUA FRENTE, HEIN? DO QUE DIABOS VOCÊ TÁ FALANDO?

Por isso que não se pode ter filmes épicos. Pelo amor de Deus, Aquiles é praticamente o Capitão Grécia enfrentando o Caveira Troiano. Mas não “ain, tem que ter precisão histórica”. EU NÃO QUERO PRECISÃO HISTÓRICA! Quero briga, luta, monstros mitológicos, tiroteio, navinhas, sabres de luz, Pew Pew Pew, e o que vier é ótimo. Mas o monte de reclamão “ain, precisão histórica”. Faço minhas as palavras de Samuel Goldwin (o G da MGM): “Cinema é diversão. Se você quer enviar uma mensagem, use os Correios”.

Não que eu ache que o filme vá ser bom; não vai. Mas tenho que dizer que gostei da vibe scifi da armadura do Odisseu. Parece algo como uma civilização extraterrestre que evoluiu e trouxe sua cultura para os gregos. Acho que rola até um filme:


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