Sejam engenheiras, meninas!

Bem, é isso que veio numa revista para adolescentes. "Engenheirando um Grande Futuro", estava no título. O subtítulo estava lá explicando "Você pode ajudar a desbravar o vasto novo mundo da energia atômica e da propulsão a jato". A matéria já era bem clara, afinal, estamos falando com adolescentes:

Hoje existe um novo tipo de fronteira americana (do norte), muito maior que a velha. os antigos vagões foram substituídos por aviões a jato, foguetes e submarinos nucleares. O modernos pioneiros são moços e moças em guarda-pós ou jeans e camisetas, que não ficarão em chão de fábrica. (…) O moderno Horace Greeleys moderno (o original disse: "Vá para o Oeste, jovens") está buscando jovens para se tornarem engenheiros. Representantes de empresas como GE, Curtiss-Writgh, Westinghouse e RCA viajam de faculdade a faculdade recrutando jovens engenheiros para as suas firmas. Não é fácil.

Abaixo, vocês podem ver a cópia da página da revista. Basta clicar que se agigantará.

É, pois, é. É a edição de abril de 1954 da Seventeen, uma publicação voltada para as meninas adolescentes. O mundo começava a pensar no poder da energia atômica para gerar eletricidade, mover navios e iluminar a sua casa. O de Havilland DH 106 Comet foi o primeiro avião comercial a jato, tendo voado pela primeira vez em 27 de julho de 1949. Por sinal, foi responsável por matar muitas pessoas por causa da maravilha que ele era; sendo um avião a jato, ia mais rápido e precisava de altitude maior. Com isso, obrigatoriamente ele tinha que ser pressurizado, mas suas janelas grandes e quadradas eram submetidas a grandes forças de tensão. É por isso que hoje as janelas dos aviões são menores e arredondadas.

Maiores e infinitamente melhores informações sobre aviões, aviação, gaivotas em geral ou qualquer treco que voe, recomendo o excelente Aviões e Músicas.

Eu já disse aqui que ensinar engenharia para crianças nos colégios deveria ser obrigatório. O que me aconteceu na semana passada foi ter o desgosto de saber que o colégio onde minha filha estuda fará uma feira de Ciência, mas não querem que ela faça uma ponte com palitos de sorvete. Tem que ser algo que leve à reflexão paulofriereana do diabo a quatro, porque os pobres floquinhos de neve podem ficar chateados, já que a maioria não junta lé com cré.

Este artigo foi num tempo que ainda se esperava algo de adolescentes, independente de serem meninos ou meninas. Querem saber o que se espera que elas se interessem hoje em dia?

Não quero viver nesse mundo, não.

Eu quero viver num mundo de alta tecnologia. Quero ter computadores nos ajudando a resolver problemas. Quero a mais moderna tecnologia médica salvando pacientes. Quero poder ir almoçar em Paris e jantar de frente para as Pirâmides. Quero saber das notícias em tempo real, ver bombeiros usando equipamentos para resgatar pessoas de incêndios, barcos velozes, carros econômicos, combustíveis mais eficientes e menos poluentes. Quero que a tuberculose tenha sido extinta como a varíola, quero poder ir ao Espaço e ver o  grande ponto azul bem abaixo dos meus pés. Quero ver imagens de Marte, saber de que são feitos os gêiseres de Encelados, quero saber  como produzir coletes a prova de balas, de forma a garantir que agentes de segurança possam proteger a população. Quero um mundo que só poderá ser real  com engenharia, ciência e tecnologia e não com um bando de retardadas que ficam "shipando" gente que não faz questão de saber que exista.

EU QUERO AQUELA PONTE DE PALITOS DE SORVETE!!!!!!!!!!

7 comentários em “Sejam engenheiras, meninas!

  1. Complexo de tostines, a maioria não se interessa por ciência e tecnologia por que não é divulgado ou não é divulgado porque a maioria não se interessa?

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    1. Quando estudei no Colégio Militar, tínhamos o incentivo à prática científica todos os dias, nas aulas que fossem. Havia interesse na instrução científica, tanto por parte dos alunos como dos responsáveis pelo ensino.
      Competições como feiras de ciências (muitas com bons prêmios), concursos literários e olimpíadas de matemática, física e química, eram acirradas, lembro de programas como o “jovem embaixador” e clubes de ciência, de astronomia, etc.
      São coisas que estimulam os alunos no estudo e causam interesse no mundo científico.
      É esse estímulo que está faltando por aí.

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    2. “Toda criança começa
      como um cientista nato.

      Nós é que tiramos isso delas.

      Só umas poucas passam pelo sistema com sua admiração e entusiasmo pela ciência intactos.”

      Carl Sagan

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  2. Na UFC tem (tinha, até o ano que saí do Mestrado) um concurso de pontes de macarrão. Talvez seja gato por lebre, mas o senhor pode se interessar, Dr. André.

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  3. Mas que droga! Feira de ciência que não é sobre ciência, é sempre assim.
    Uma sugestão: sua filha pode exibir um espelho, leva a muitas reflexões!

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  4. Eu conheci uma menina que era modelo e atriz. Aos 18 anos, fez qualquer pessoa sã faria: prestou vestibular para Engenharia. Hoje ela trabalha, fazendo do mundo um lugar melhor do que aquele que ela encontrou.

    P.S.: É muito querer um projeto em Arduíno ou Lego Mindstorms numa feira de ciências de um colégio no Brasil?

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