Toa vez que eu posto os belíssimos vídeos de auroras, dou uma explicação simples do porquê elas acontecem: por causa de partículas de alta energia, mas em verdade eu nunca dei detalhes. Também nunca falei em como o mesmo efeito que causa as auroras pode ser extremamente danoso para aparelhos eletrônicos.
Tudo começa com o Sol que nem de longe é tranquilo, apesar do que se poderia imaginar de uma gigantesca fornalha atômica. A altíssima temperatura, pressão e radiação fazem do Sol uma caldeira altamente instável, em que quantidades titânicas de massa e energia são expulsas. Há diferentes tipos destas expulsões de matéria e energia. Quando são explosões repentinas e curtas, recebem o nome de “solar flares” ou “erupções solares”, e são acarretadas pela mudança no seu campo magnético, e esse desalinho causa problemas e a massa não consegue ficar “presa” pela gravidade solar.
Solar flare
As linhas de campo magnético formam uma “sombra” na fotosfera do Sol, que são as manchas solares, fenômeno já notado por Galileu Galilei, apesar de ele não fazer a menor ideia do que a acarretava, mas como ele poderia saber? Ainda assim, foi um feito e tanto perceber isso, acabando com o mito que o Universo era perfeitinho.
Mancha solar
A radiação liberada pelas erupções solares abrange um amplo intervalo do espectro eletromagnético, podendo ser observado desde as ondas de rádio até os raios X e raios gama, e normalmente acompanham as grandes ejeções de massa coronal, que são enormes ejeções de partículas de alta energia, que ocorrem na coroa solar e duram algumas horas, partículas como partículas alfa, partículas beta, por vezes neutrinos também, o que nós podemos chamar de plasma, tendo alta energia, como dito, e carga elétrica imensa. Tudo isso saindo dos núcleos dos átomos que estão sendo espremidos no interior do Sol
Ejeção de massa coronal
Esse fluxo de matéria e energia viajam pelo Espaço e chegam nos planetas, e foi exatamente isso o que acabou com a atmosfera marciana, já que ele não tinha (e ainda não tem) nenhuma forma de se proteger. A baixa gravidade de Marte ajudou que o vento solar arrancasse a atmosfera fora. O mesmo não se aplica à Terra. O núcleo ferroso está em movimento, o que faz aparecer um campo magnético, chamado Magnetosfera.
Quando o fluxo de partículas de alta energia bate na magnetosfera, ele é desviado já que, você sabe, campos magnéticos de polos iguais se repelem, daí, acabam desviados. Isso ioniza os gases da atmosfera, e os elétrons mudam de camadas, voltando depois, liberando a energia extra sob a forma de luz visível. Como a quantidade de energia é muito grande, isso influi no comprimento de onda, e quanto maior a energia de uma onda, menor será o seu comprimento de onda, o que implicará em cores específicas. A rigor, quanto maior a energia, mais pro tom do azul ou verde a luz emitida terá.
Vento Solar
Mas nem tudo é fofura. Quando o Vento Solar é uma ejeção de massa coronal daquelas, com muito mais energia que de costume, as linhas do campo magnético se reconectam no lado da Terra oposto ao Sol e esse campo magnético fica como uma mola se comprimindo e se esticando, enviando grandes quantidades de energia de volta para os polos da Terra. Esse fenômeno, chamado de reconexão magnética, cria exibições ainda mais impressionantes de auroras. Isso faz com que o campo magnético da Terra fique se “remexendo”, o que acarreta o que chamamos de “tempestade geomagnética”.
A frequência de tempestades geomagnéticas aumenta e diminui com o ciclo de 11 anos de atividade no sol. Assim, durante o máximo solar, as tempestades geomagnéticas ocorrem com mais frequência, e isso pode ser seriamente desastroso para satélites, por exemplo, já que sua blindagem eletromagnética não suporta e seus circuitos podem acabar fritando. Muitas vezes, esse pulso eletromagnético pode ser bem violento a ponto de afetar aparelhos eletrônicos aqui na Terra. Apesar de mais raro, não é impossível que aconteça, como foi o caso que aconteceu em 1859, quando aconteceu o “Evento Carrington”, quando todas as linhas de telégrafo foram para a vala.
Em 1989, uma tempestade geomagnética acertou o Canadá em cheio, queimando vários transformadores e deixando Montreal sem energia elétrica por quase um dia inteiro provocando um apagão nunca antes visto causado por uma tempestade assim.
Quanto ao Brasil? Dizem que estamos monitorando, mas sabem, os muito bem que qualquer mínima desestabilização e a gente volta pra Idade da Pedra.
Um comentário em “Auroras, tempestades coloridas e como seus eletro-eletrônicos podem ir pra vala”