A NASA selecionou quatro investigações do Programa Discovery para desenvolver estudos conceituais para novas missões. Ela estimula que as universidades contribuam co ideias, e, em troca, promete um dinheirinho de verba, pois é isso o que a NASA é: uma entidade que tem projetos próprios, mas também administra como a verba que ganha será usada para projetos que enfoquem aeronáutica e Espaço. Claro, isso vai depender muito do quanto de verba acabarão recebendo, mesmo assim temos um vislumbre do que a nossa aventura no Espaço nos reserva.
O Programa Discovery convida cientistas e engenheiros de várias universidades a montar uma equipe para projetar missões científicas de exploração, e a seguir você verá 4 dessas missões, e elas receberão US$ 3 milhões para desenvolver e amadurecer conceitos. Se com 100 mil, 100 mil dólares já se podia fazer um monte de projetos para a vida, que dirá três milhões (ok, é pouco, mas é melhor que nenhum). Vamos dar uma olhadinha:
DAVINCI+
A NASA adora acrônimos. Deve ser para causar empatia e facilita a memorização dos nomes dos projetos, na base do “Não vai esquecer de mim na hora da votação do orçamento, hein, migo?
DaVINCI+ significa Deep Atmosphere Venus Investigation of Noble gases, Chemistry, and Imaging Plus ou Investigação de gases nobres, química e geração de imagens caprichadas na atmosfera profunda de Vênus. Bem, é pra analisar a atmosfera profunda de Vênus, o que mais tem em Vênus é uma atmosfera muito densa, além de ser tóxica e quente que nem o Inferno e corrosiva como o coração da sua ex.
A missão DAVINCI+ quer analisar a atmosfera do planeta em TPM para entender como se formou, evoluiu e saber se Vênus já teve algum oceano. Antigamente, achavam que sim, já que havia muitas nuvens densas lá. Se tinha nuvens densas, então, deveria ser um planeta com grandes terrenos alagados como um pântano. Se tinha pântanos, era bem possível que tivesse animais lá, como dinossauros. Em outras palavras, foi na base de “Não consigo ver nada em Vênus, logo, tem dinossauros”.
O DAVINCI+ terá instrumentos bem encapsulados dentro de uma esfera de descida criada especificamente para protegê-los do ambiente de Vênus venenoso, corrosivo, com uma temperatura que beira os 500 ºC. Além disso, terá câmeras na esfera de descida e no orbitador, projetadas para mapear o tipo de rocha da superfície.
IVO
Dizem que Deus não criou Adão e Ivo. Bem, ninguém liga pro que Javé criou ou deixou de criar, já que este incompetente me coloca a saída de esgoto do lado do parque de diversões. Nenhum engenheiro cometeria uma merda dessas; no máximo, construiria um prédio com areia da praia, e só isso fez Javé ficar com ciúmes do trabalho porco.
IVO é acrônimo de Io Volcano Observer, ou Observador dos Vulcões de Io. Algo me diz que, sei lá, é pra observar os vulcões do planeta Io, certo? Seria, só que Io não é um planeta, mas um satélite natural de Júpiter, e Júpiter é tão grandioso que tem que estudar em diversas partes, tendo um projeto para cada coisa, e um para cada satélite.
Se você pensa que Vênus é um inferno de quente, Io olha para você e diz “my sweet summer child!”. Aquela bagaça tem área de superfície em torno de 41,91 milhões km² (Terra possui área superficial de 510 milhões de km²), com cerca de 3.640 km de diâmetro, enquanto nossa Lua tem cerca de 3.474 km de diâmetro equatorial. Em Io, as adoráveis temperaturas chegam a absurdos 1700ºC, devido ao vulcanismo extremo acarretado pelos efeitos de maré. Estes efeitos se dão pela interação de Io, Júpiter e os satélites Europa e Ganimedes.
A missão IVO se propõe aprender como as forças das marés moldam os corpos planetários, e no caso de Io se sabe muito pouco do que anda rolando por lá.
Usando flybys próximos, a IVO avaliaria como o magma foi gerado e os vulcões entraram em erupção naquele recantinho infernal.
TRIDENT
Bem, esse não tem acrônimo, então, o nome não quer dizer nada, mesmo. Mas nem sempre precisa ter um nomezinho forçado para se ter um nome de missão bonitinha.
A missão TRIDENT exploraria Tritão, um satélite mais gelado que o coração do meu chefe quando vou pedir aumento. Entendeu o porquê do nome “tridente”?
Ele se propõe a investigar a entender possíveis mundos habitáveis ??a enormes distâncias do Sol. Tritão possui a segunda superfície mais jovem do sistema solar. TRIDENT planeja estudar os processos ativos de Tritão, e determinar se o oceano subsuperficial previsto naquele lugar realmente existe. Será que tem algum tritonense lá? Capaz, vai saber (ou não).
VERITAS
Agora, sim! Projeto que vai para a apreciação da NASA tem que ter acrônimo forçado ou não é projeto. Isso deve até ser critério de desempate na escolha de qual missão será realizada!
VERITAS significa Venus Emissivity, Radio Science, InSAR, Topography, and Spectroscopy, ou Emissividade de Vênus, Radio Ciência, InSAR, Topografia e Espectroscopia. InSAR é u acrônimo dentro de um acrônimo, e significa Interferometric synthetic-aperture radar ou Interferometria radar de abertura sintética, um tipo de radar usado para criar imagens de um objeto, como uma paisagem.
Os planos do VERITAS é mapear a superfície de Vênus (sim, ele de novo!) para determinar a história geológica do planeta e entender por que aquela bagaça deu tão errado, a ponto de ser tão diferente da Terra. Eu creditaria a duas palavras: A e Zar, mas cientistas são chatos e querem as coisas muito bem explicadinhas, nos seus mííííííííííínimos detalhes.
O radar de interferometria iria varrer Vênus de forma a ver a geologia superficial daquele planeta, mapear as elevações para os pesquisadores poderem criar reconstruções tridimensionais da topografia e confirmar se processos, como placas tectônicas e vulcanismo, além de dar uma checada nas emissões de infravermelho da superfície para mapear a geologia de Vênus, da qual se sabe muito pouca, já que aquela joça não é nada hospitaleira.
Quantas dessas realmente se transformarão em missões e que tipo de informações elas nos trarão? Não se sabe, mas ter estas missões e muitas mais nas pranchetas de desenho, esperando por uma chance ($$$$) de serem tocadas é muito importante. Claro, vai ter um monte de gente criticando essas missões por gastarem dinheiro ao invés de dar comida aos famintos. São pessoas que fingem não ver crianças de rua, mas usam dispositivos que sem a exploração do Espaço não teriam sido inventadas
Eu aqui só fico esperando pelo oceano cósmico e informações que nós teremos.