Desde que eu cheguei, eu estava vendo algo para postar. Nenhuma notícia pareceu-me algo legal o bastante para trazer pra vocês. Não que elas não sejam importantes. Mas às vezes a gente quer algo diferente de “Cientistas desvendam quebra-cabeça da esclerose múltipla“. É legal, é inspirador, mas não queria isso hoje. Até mesmo divulgadores de Ciência gostam de algo mais inspirador, ainda que não seja Ciência pura.
Eu vi um vídeo em time lapse. Isso é muito legal, e faz um tempo que eu não posto nenhum vídeo assim. Nele eu vi nuvens noctilucentes, e queria compartilhar com vocês.
O vídeo foi obtido com várias fotos de Tadas Janušonis, um lituano que gosta da Natureza, que nem eu, e tem um bom equipamento de fotografia, o que eu não tenho, assim como não nasci na Lituânia, mas ninguém é perfeito. Vejam que maravilha.
Magnífico, não? Elas aparecem lá pelos 14 segundos. São aquelas tênues nuvens brilhantes, situadas na mesosfera, a uns 60 e 90 mil metros de altura. Nenhum avião sequer sonha em voar a essa altitude. Estão quase no limite oficial do Espaço.
Elas foram vistas pela primeira vez logo depois da erupção do vulcão Krakatoa, mas é muito pouco provável que ele as tenha causado. Creio eu que seria mais o caso de ter mais pessoas prestando atenção ao céu noturno.
Elas têm este nome por causa de seu brilho característico, refletindo os raios do Sol que já desceu no horizonte e não está mais visível a nós, mas por causa da curvatura da Terra, ele ainda continua iluminando a atmosfera, também graças às propriedades de refração da luz.
Obviamente, você será um mané se achar que o desenho acima está em escala.
Mesmo sendo tênues, estas nuvens conseguem refletir bem a luz do Sol, ainda mais porque o céu está escurecendo, tendo por isso este nome “brilho à noite”.
Mas é uma simples nuvem. Algo que flutua lá em cima, a uma altura cerca de dez vezes o Everest. Um pequeno punhado de água em estado sólido incapaz de cair ou de ocasionar chuva. Sim, essas nuvens são cristais de gelo, mas com tamanhos muito, muito pequenos. Lá onde ficam, na Mesosfera, é muito, muito fria, com temperaturas de cerca de –125 ºC, e cerca de cem milhões de vezes mais seco que o ar do deserto do Saara. Como eles chegaram lá? Ainda não se sabe ao certo. Talvez, vindo de meteoros e cometas que se esfacelam ao entrar na atmosfera, semeando-a com um pouco de sua água.
A missão Aeronomy of Ice in the Mesosphere – AIM (Aeronomia do Gelo na Mesosfera), da NASA, procura entender mais sobre o que acontece lá em cima. Trata-se de um satélite feito para conduzir um estudo de 26 meses das nuvens noctilucentes, lançado em abril de 2007 a 600 km de altitude em uma órbita polar. Se você pretende imaginar a que altura é isso, pense que ele tem quase o dobro da distância da Estação Espacial Internacional.
Mas porque estudar isso? Não basta vermos lindas imagens das nuvens e contemplá-las, como algo perfeito no mundo das ideias?
Não.
Eu tinha esse vídeo aqui nos meus favoritos. Os dois fenômenos juntos.
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“Não basta admirar a beleza de um jardim, sem ter que imaginar que há fadas nele?”
Seu penúltimo parágrafo foi a perfeita antítese dessa frase de Douglas Adams.
Espetacular!
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Douglas Adams é hipervalorizado por causa de uma coletânea de livros ridícula, mas a nerdalhada amou, sabe-se lá por que motivo.
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Melhora a situação eu dizer que todas as coletâneas famosas de livros hoje em dia são ridículas e a nerdalhada ama?
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Verdade. Em relação a Adams, não sou nenhum fã do conjunto de sua obra, mas considero esta frase espetacular.
E a sua frase André, como notou Nestor, realmente formou uma relação interessante. Mas eu não chegaria a considera-la uma antítese.
A citação de Adams desnuda os amantes do sobrenatural, que costumam fantasiar sobre os mistérios da natureza, e incentiva a aceitação da origem natural das maravilhas desse belo jardim.
Enquanto você, enfático e ácido como sempre (adoro), leva o leitor a um passo adiante, à compreensão científica, terrena e lógica. Visa explicar como esse belo jardim funciona. Afinal de contas, entender que o sobrenatural não passa de fantasia não é o bastante.
Portanto, não classificaria a frase do André como antítese à frase de Adams, e sim como um complemento, uma versão 2.0.
Você é o novo Douglas Adams André, parabéns!! hehe
Adeus e obrigado pelos peixes. Não se preocupe, estou levando uma toalha! =)
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Eu gostei de rir da avacalhação. As máquinas malucas são divertidas.
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