A Indonésia conheceu o Inferno no dia 27 de agosto de 1883. Já nessa data ficou-se sabendo que dar mole com Java não dá final feliz. Quando o monstro se enfureceu e jorrou fogo, morte e destruição. Sua ira correu de ponta a ponta no planeta. Não era o Godzilla. Não era o dr. Gori. Não era nem a nomeação do Aldo Rabelo para ministro da Ciência e Tecnologia. Era ele, o monstro, a fúria, o apocalipse estrondoso no estreito de Sunda (sem piadinhas, por favor). Era a explosão do monte Perboewatan, que ficou mais conhecido pelo nome da ilha que o abrigava: Krakatoa, o Inferno de Java!
Estamos em período de Festas, mas isso não impede que nos deleitemos com mais um capítulo da seção História do Livro dos Porquês.
Como todo mundo chama o monte Perboewatan de "Krakatoa", será assim que ele será mencionado. Trata-se de um monte com apenas 820 metros de altura e tido como extinto. Ninguém o levava a sério, achando que era apenas uma pedrona gigante ali, paradona. Foi um grande erro, mas como saber o que viria a seguir?
Bem, a cerca de 100 e 150 quilômetros de profundidade formou-se uma câmara de magma. Com a temperatura, aumenta-se a pressão dos gases, cujas moléculas chocam-se cada vez mais, aumentando a pressão, que aumenta a temperatura, até a força de ruptura. A força descomunal fez a montanha toda explodir. A onda de choque foi tão grande, mas tão grande que percorreu TODO … O … GLOBO!
E que nome damos uma vibração que provoca um fenômeno ondulatório num meio material? Isso mesmo: Som! Foi a mais ruidosa explosão de todos os tempos. Superou com folga a Tzar Bomb, a mais poderosa arma já construída pelo homem. Vamos dar uma olhada na Tzar Bomb:
Obviamente, vocês clicaram na imagem acima, né? Viram a comparação entre a Tzar Bomb e a ridícula bomba de Hiroshima, né? Pois a explosão do Krakatoa foi o equivalente a QUATRO bombas Tzar.
O prenúncio do desastre veio sob a forma pequenos tremores. Ninguém estava então ligando. É apenas um tremilique, pensou os nativos. Em 26 de agosto, a uma hora da tarde (hora local), a montanha começou a sacudir violentamente. às duas da tarde formou-se uma enorme nuvem de cinzas enegrecidas com 27 km de altura. Todo mundo viu embasbacado, mas ainda assim não sabiam a catástrofe que iria se suceder.
No alvorecer do dia 27 de agosto, um devastador terremoto partiu a ilha em dois como um ovo sendo esmagado por uma poderosa mão invisível. As irresistíveis forças da Natureza fizeram o que melhor sabem fazer: destruir tudo o que estivesse perto. O som foi ouvido em vários países, como Inglaterra, por exemplo.
A explosão jogou rochas incandescentes para todos os lados. Metade da ilha foi pro saco, a explosão alcançou uma altura de 80km. Para vocês terem uma ideia, a Linha de Karman é definida como a região que separa a atmosfera do Espaço exterior. Essa linha fica a 100 km acima do nível do mar. Como temos grandes explosões, grandes choques de massa de terra perto do mar, o que tivermos em seguida? Isso! Um tsunami gigantesco… para cada lado da ilha.
A grande quantidade de poeira, detritos, cinzas e fumaça elevou-se a uma altura grande o suficiente para lançar uma enorme sombra sobre a Terra. Muitas capitais ficaram às escuras, a ponto de ser necessário de acender lâmpadas (a óleo, óbvio). Isso refletiu a luz solar pro espaço promovendo um resfriamento do planeta. E mesmo assim, o evento do Krakatoa não foi a maior explosão vulcânica. Mas como o a explosão do Monte Tambora, em 10 de abril de 1815, aconteceu antes da invenção do telégrafo, ficou pouco conhecido na época.
O escritor Simon Winchester descreveu esta desgraceira como "O dia em que o mundo explodiu". Foram vários livros e um filme. De acordo com o escritor, a maioria das vítimas foi morta pelo tsunami e não pela erupção propriamente dita. Um navio que se encontrava na área, chamado Berouw, foi arrastado e toda a tripulação morreu.
Claro que a Natureza não é perfeitinha e ordenada. A explosão, óbvio, foi irregular. Como um lado da montanha foi pelos ares, a explosão piroclástica foi naquela direção e, por isso, foi onde se deu o tsunami mais forte, mas tão forte que deu pra ver o fundo do leito do oceano no local, dada a grandiosa massa de água deslocada. E como força é igual a massa vezes aceleração, dá pra se ter uma ideia da força destrutiva daquilo.
Você pode ver um documentário da BBC no YouTube dividido em 5 partes. É a Natureza bonitinha e ética arrumando meios cada vez melhores em destruir a si mesma.
Passada a catástrofe, o medo e o terror deram lugar a um festival anual no monte Anak Krakatoa, o que sobrou do antigo Krakatoa. Esse festival relembra as mais de 40.000 vidas que se perderam. Um lembrete de como a Natureza gosta tanto de nós, como tudo foi feito para nós, que num piscar de olhos podemos ser varridos do planeta, sem nenhum outro ser vivo ou bruto se importar com nosso desaparecimento.
Vulcões são Mara! Facinantes! Esse Filho do Krakatoa é lindo mas gosto mais do nosso visinho, o Tugurahua, às vezes acho que é ele que anda aquecendo o telhado aqui de casa.
Por falar em aquecer, pesquisadores acreditam que o CO2, desses gigantes, contribuem pouco com o aquecimento global, será?
Enquanto isso eles derretem geleiras pelo mundo:
http://www.nature.com/news/2008/080118/full/news.2008.304.html
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@observer, TungurahuaTungurahua…conserta por favor.
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faltou só um epilogo contando como a vida retornou a Krakatoa, foram feitos até estudos cientificos sobre a sucessão ecológica que ocorreu, muito interessante , mostrando o outro lado da natureza, como” a vida sempre encontra um jeito” ( a la jurassic park).
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Depois do texto e dos vídeos (principalmente esse que mostrou o fundo do leito do oceano) fico imaginado o quão apocalíptica foi essa erupção. A erupção do Pinatubo em 1991, que também foi uma erupção colossal, comparada ao Krakatoa foi uma brincadeira de criança.
E nada é tão ruim que não pode ficar pior. O filho de Krakatoa pode ser responsável por uma erupção ainda pior que a do seu pai.
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Lembro de ter lido essa história numa daquelas coletâneas da Reader’s Digest quando tinha uns dez anos. Fiquei impressionado com os relatos de barcos que estavam na região, o fato de a onda de choque ter dado voltas no globo (se eu não me engano no livro falavam de duas ou três).
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