Eu sempre gostei de Ciência. Era a minha matéria favorita no colégio, ao lado de Matemática. A Ciência sempre buscou (e encontrou) respostas para todas as nossas perguntas. Claro, estamos falando de perguntas com lógica e não besteiras como "o que estou fazendo aqui?". A resposta para isso é simples: Lendo o Ceticismo.net, ora bolas!
Tento trazer para meus alunos um pouco da curiosidade que eu tinha quando criança. Com as professoras que eu tento capacitar, já desisti, pois é caso perdido. Mas a criança é curiosa e investigativa. Ela não tem medo de perguntar coisas, mesmo que sejam idiotas, porque não existe pergunta idiota quando ela é baseada na curiosidade, no querer aprender. E a curiosidade é a mãe da descoberta. Por isso, não existe um único site, blog, publicação, artigo de divulgação científica etc que não conte uma história. Uma história que relata como uma simples curiosidade mudou o mundo e foi preciso uma única vara de madeira.
Alexandre da Macedônia era, antes de tudo, um homem cultíssimo. Além de general brilhante, cujas estratégias militares são estudadas (e copiadas) até hoje, ele sabia que o que move o mundo era o comércio.Mas não adianta comércio se você mergulha nos oceanos da ignorância. Sua ordem era simples: Tá vendo ali? Ok, é ali que eu quero uma IMENSA Biblioteca. Não dou a mínima como vocês farão, eu quero livros, LIVROS! Fiscais alfandegários não procuravam só por contrabando, eles buscavam livros, papiros, textos, linhas escritas, qualquer coisa! O hômi mandou, tá mandando e desagradar o camarada que conquistou quase todo o mundo antigo não era algo que uma pessoa inteligente iria querer.
Quais livros que eram encontrados eram remetidos para a biblioteca e lá eram copiados, para então os linguistas entenderem o que estava lá. A Biblioteca recebeu o nome com referência à cidade onde estava e era a Grande Biblioteca de Alexandria, uma das 7 Maravilhas do Mundo!
A Biblioteca era um imenso centro de pesquisa. Estudava de tudo, desde a geometria de Euclides até as peças de Sófocles. Desde os trabalhos de Aristarco até seu opositor: Ptolomeu. Um de seus diretores foi um camarada que não era quase nada. Simplesmente, astrônomo, matemático, engenheiro, físico, crítico literário, maratonista, atleta, poeta, músico etc (e tome etc nisso!). Assim como comentava as obras de Eurípedes, ele examinava o céu noturno. Um certo invejoso o chamava de "Beta", pois ele era o segundo melhor em tudo, mas não posso me deixar vê-lo assim. Seu nome era Eratóstenes e ele nos deu o mundo!
Eratóstenes nasceu em Cirene – uma cidade grega no que hoje seria a Líbia – em 276 A.E.C. E era um sujeito curioso. Diz o adágio que o acaso favorece a mente preparada, e num dia entediante, Eratóstenes pegou um papiro onde era dito que na cidade de Siena, em 21 de junho, ao meio-dia em ponto, o Sol era inteiramente visto na água do fundo de um poço e nenhuma pilastra, coluna ou vara fincada no chão fazia sombra..
Você, muito obviamente, diria: "grandes merdas". É por isso que você é você e muito provavelmente não ficará famoso como Eratóstenes (não fique triste, muito provavelmente eu também não daria bola!). Mas Eratóstenes não era nenhum de nós, e ele resolveu fazer um experimento. Como ele não dava a mínima para pensamentos reflexivos que se perdiam numa lufada de vento, Eratóstenes, como todo bom cientificista, resolveu testar aquela proposição. Ele fincou uma grande vara de madeira no chão, certificou-se que estava absolutamente perpendicular ao chão, com o auxílio de um prumo e ficou observando. No dia 21 de junho, exatamente ao meio dia, Eratóstenes observou e franziu o cenho: a vara TINHA sombra. Homessa! Eratóstenes até mesmo mediu o ângulo da sombra: 7º.
Às vezes, a Navalha de Ockham falha. Ela poderia dar a seguinte explicação fácil: o papiro estava errado! Mas Eratóstenes não conheceu Ockham. Ele pensou que ninguém iria inventar uma história como essa, assim sem mais nem menos. Então, pensou:
1) Para que em Siena, ao meio-dia do dia 21 de junho nada tivesse sombra, o Sol deveria estar bem em cima dos objetos (faça este teste com uma lanterna).
2) Sabendo que o Sol está muito, muito, muito longe pra cacete, os raios que chegam à Terra são praticamente paralelos.
3) Se os raios são paralelos, e as duas cidades estão no mesmo plano, as estacas deveriam não apresentar sobra. Se uma apresentava, só havia UMA explicação:
A TERRA NÃO É CHATA FEITO PIZZA!
Eratóstenes, o cientificista experimentalista VENCEU a filosofia contemplativa de Aristóteles de Estagira, que convenceu Alexandre que a Terra era chata e tinha bordas, e o manézão saiu em busca do fim do mundo, até que seus soldados estivessem de saco cheio.
Eratóstenes podia ter desenhado uma trollface no túmulo de Aristóteles e tirar umas férias. Se ele fizesse isso, ele estaria muito bem reconhecido, mas o cabeçudo queria saber mais coisas. Então, ele pensou mais ainda:
1) Se a Terra é redonda, eu posso calcular sua circunferência, bastando saber seu raio.
2) Droga, não sei o raio da Terra, mas eu sei GEOMETRIA, motherfuckers!
Dos livros de Euclides sabemos que quando uma reta cruza um feixe de retas paralelas, os ângulos alternos internos são congruentes, isto é, são iguais!
Os ângulos marcados com a cor azul são ângulos internos. O ângulo interno inferior de uma reta é igual ao ângulo interno superior de outra reta. Basta olhar a figura que você entenderá. Se não entender, procure um oftalmologista.
Eratóstenes pensou o seguinte, então: "Ora bolas! Se eu tenho um ângulo de 7 graus e uns quebrados e que uma circunferência tem 360º, então eu tenho cerca de "50 pedaços de 7º" aproximadamente. Basta eu saber a distância daqui até Siena e voilà!" (obviamente, isso é uma licença poética, já que o francês ainda sequer tinha surgido ainda). Como ir de camelo era problemático, já que não teria como ter certeza de uma medição acurada, Erastóstenes contratou o serviço de bematistas, medidores especializados em medir grandes distâncias, também chamados "agrimensores". Estes foram e voltaram com a informação: a distância entre Siena e Alexandria é de 800 km (obviamente, estou usando unidades de medida atuais).
O filho mais famoso de Cirene simplesmente fez uma continha básica. Se um círculo tem 50 pedaços de 7º e o arco que compreende um ângulo de 7º dista 800 km, temos que basta multiplicar e saberemos que 50 x 800 = 40.000 km! Esta é a circunferência da Terra, medida há mais de 2200 anos!
No século XXI, com satélites, sondas espaciais, telescópios orbitais e robôs passeando em outros mundos, a circunferência média oficial para nosso planeta é de 40.030,2 km.
Duas estacas e um dia ensolarado há mais de 2200 anos nos deu um resultado com um erro FENOMENAL de… 0,0755% (coloque quantas exclamações quiser!) É a vitória do pensamento cientificista experimental sobre filósofos arrogantes que achavam que basta se reclinar e ficar pensando em besteiras ao invés de pôr as mãos para trabalhar.
A Terra, de fato, não é redonda feito melão, mas tem um formatinho esquisito. Entretanto, a medição ainda está acurada. Não importa que Eratóstenes não tenha sabido isso. O importante é a lição que fica, escrita em placa de bronze, há 2200 anos: não importa quem você seja ou o que falem de você. Não importa se suas ferramentas são toscas. A maior ferramenta foi um presente dado há mais de 3 bilhões de anos, através do processo evolutivo: seu cérebro, sua capacidade de pensar e resolver problemas.
A aventura humana começou com a curiosidade, o trajeto é delimitado pelo saber e a melhor distância entre dois pontos é a Ciência. Quando você vir um modelo de globo terrestre ali, bem na sua mão, saiba que outros ousaram medi-lo, mesmo não o tendo nas mãos.
O maior astrônomo de Cirene, Diretor da Grande Biblioteca de Alexandria, entretanto , não teve um bonito fim de vida. Contraindo uma doença que hoje especula-se ser glaucoma, Eratóstenes, um dos Grandes Nomes da Ciência, já não mais podia olhar pro seu amado céu. Por desgosto, ele se suicidou no ano de 194 A.E.C., mas sua história, seu legado, será contada por cada divulgador de Ciência no planeta. Ele não podia olhar pro céu, mas seu nome alcançou as estrelas e se você for pai, que tome vergonha na cara e compre um livro decente para seu filho ao invés de um celular cheio de frescura. Experimente presentear com O Bibliotecário que Mediu a Terra, de Kathryn Lasky, que só pode ser conseguido no Estante Virtual, já que as editores preferem publicar besteiróis.
Eu contei esta história pros alunos que nem eram meus, mas o que se seguiu foi fantástico: um deles pegou uma régua e um transferidor e perguntou se ele podia comprovar o que eu estava dizendo. A professorinha disse que ele tinha que acreditar no que eu estava dizendo. Vemos que alguém fará a história um dia… e não será esta "professora".
Ciência e História narrados com maestria, dosando informações e humor, texto fantástico, sem mais!
Qual é a idade do aluno?
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Uns 10 anos.
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@André, criança de 4 anos + curiosidade + internet (espero que com supervisão familiar) =
Asimov teria orgasmos múltiplos.
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Parabéns, André, pelo artigo.
Frequento o blog a algum tempo e gostaria de agradecer e novamente parabenizar você pelo blog.
Faço isso com sinceridade sem querer parecer um puxa-saco.
Você é um divulgador da ciência e faz isso muito bem.
Abraços.
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Eu acho que deviam passar aos alunos não só as informações que outros conseguiram mas também como os pesquisadores conseguiram esatas informações, como você fez neste texto. (que Carl Sagan também usou em Cosmos, para exemplificar que conhecimento e curiosidade são mais importante que tudo).
Isto lhes daria uma noção de porque estão aprendendo o que estão aprendendo.
Acabei de perceber que preciso contar esta história para minhas filhas.
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Adam Savage, dos Mythbusters, contou essa história nesse TED Talk, com mais duas histórias sobre pensamento científico. Vale a pena assistir e passar adiante.
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E pensar que o que deixou cego um grande nome da ciência (aquele que descobriu a circunferência da terra com um orçamento de lanche da tarde) poderia ser curado com um colírio de menos de dez reau. Mas foi graças a gente como ele que hoje em dia essa tecnologia está disponível para todo mundo.
BTW eu sempre achei engraçado o fato que um só cientista antigamente era:físico, químico, biólogo, filósofo, matemático, cronista e se bobear dançava dança de salão.
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André, só para corrigir alguns errinhos de digitação ;-) :
“Duas estacas e um dia ensolarado há mais de 220 anos nos deu um resultado com um erro FENOMENAL de… 0,0755%”
“Quando você ver um modelo de globo terrestre ali,”
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Corrigido. Valeu.
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André hoje contei essa história para meus alunos, sobre a descoberta da circunferência da terra com tanta precisão numa época tão remota, meus alunos escutaram com muita atenção e acharam muito interessante tudo. Olha só tenho a te agradecer, leio todos os dias o ceticismo.net e a cada dia aprendo mais. Obrigado por compartilhar conosco seu conhecimento.
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@Lucio Candido, Não querendo jogar areia na sua farofa, mas já jogando… :twisted:
Aluno parecendo prestar atenção é algo que não pode ser muito conceituado. No meio dos estudantes quem se interessa de verdade, quem pergunta, quem interage; recebe ostrascismo.
Pode ser que eu avaliei sua situação baseando-se no minha vivência ( por mais que eu ache que esse tipo de gente seja maioria, não nicho). Enfim boa sorte com os seus alunos.
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Leia o texto de novo?
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@André, Eu baseei meu comentário em “estudantes de ensino médio”, crianças mais novas são mais curiosas. Afinal, não sofreram na mão de pedabobas tempo suficiente para ser os professores que você treina. :oops:
My bad.
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Depois desse grande feito,conseguiram também medir o diâmetro da Lua,através da observação do tempo de duração de um eclipse total da mesma, chegando a conclusão que seu raio era equivalente a 25% do raio da Terra.Ainda com a medição fantástica do grego,foi possível medir aproximadamente a distancia da Terra a Lua,usando somente o braço esticado e a ponta do dedo indicador,que cobria totalmente nosso satélite.Dai,usando semelhança entre triangulos e a proporção entre o braço e o “diâmetro”da ponta do dedo,chegaram ao resultado com uma boa aproximação.Simplesmente genial.
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Lindo texto. Foi essa experiência de Eratóstenes que fez com que o Cardoso começasse a publicar textos sobre ciência lá no MeioBit (http://meiobit.com/35811/meiobit-agora-tambem-cobrindo-cienccia/).
E, sem querer ser xereta mas agora sendo, qual era a disciplina que a tal “professora” lecionava?
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Ciências.
Formação dela: Pedagogia. Tudo a ver.
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Dra1nyou
rafinha_plog@hotmail.com
189.86.89.2
Mais uma mancada astronômica tua André. Você diz.
“Eratóstenes, o cientificista experimentalista VENCEU a filosofia contemplativa de Aristóteles de Estagira, que convenceu Alexandre que a Terra era chata e tinha bordas”
.
Ora, Eratóstenes nasceu em 276 a.c, é considerado um pré-socrático, mas antes deles muitos filósofos já consideram a possibilidade da terra esférica. Possibilidade, aliás, muita aceita entre o Helênicos. Por exemplo, Tales que rompeu com a cosmogonia mítica de Hesíodo. Ou Anaximandro que já concebia a terra ‘cilíndrica’. Quando entra Parmênides, Pitágoras e Platão certamente a observação mais racional e aceita é o da terra ‘redonda’. Mas, será que estas observações não teriam sido o ponto de partida de Eratóstenes? Prescindiu ele de todo o conhecimento já especulado?
Assim, você André tenta inferir que Erastóstenes partiu da simples observação sensitiva e com algumas ferramentas demonstrou a posteriori que a terra é redonda. Esqueceu por acaso que reflexão é parte da experiência? Esqueceu que Erastóstenes também era filósofo e escreveu tratados? .
.
Agora vamos a sua MENTIRA sobre Aristóteles:
Escreveu Aristóteles em seu “Tratado do Céu” cáp. XI, Livro II:
“Devo acrescentar que todas os atros juntos, e qualquer astro isoladamente, deve ser exatamente assim. No entanto, tem sido demonstrado em Tratado óptico, que a lua é esférica, porque de outro modo não teria esses aumentos, ou estes decaimentos, que ocorre mais frequentemente nos olhos sob a forma de disco ou de curva truncada, e apresentando um momento meio cheio. Por outro lado, também foi demonstrado no Tratado de astronomia, que eclipses do sol não poderiam, de outro modo, ter a aparência de um disco. Portanto, qualquer astro é esférico, é obviamente necessário que todos os outros são também astros.”
outro trecho:
“Sobre a posição da Terra e da maneira de seu repouso ou movimento nossa discussão pode aqui terminar. Sua forma deve necessariamente ser esférica.”
.
Agora resta saber o motivo de sua implicância com Aristóteles. Vejamos: Ou, na melhor das hipóteses, você é um notório desinformado ou é um ressentido, porque a filosofia de Aristóteles serviu de base para escolástica e por conseguinte para Teologia Cristã Medieval. Isto lembro-me de Sto.Tomás de Aquino e sua visão simplista e míope das 5 vias tomista.
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mas antes deles muitos filósofos já consideram a possibilidade da terra esférica
Como Cláudio Ptomolomeu? :mrgreen:
Por exemplo, Tales que rompeu com a cosmogonia mítica de Hesíodo.
Como ele era pobre, não era muito bem visto. Só depois do cso do azeite que ele ganhou dinheiro.
E não foi por ficar com masturbações filosóficas.
Assim, você André tenta inferir que Erastóstenes partiu da simples observação sensitiva e com algumas ferramentas demonstrou a posteriori que a terra é redonda. Esqueceu por acaso que reflexão é parte da experiência?
Ei, eu vi um monte de roupas jogadas num canto e apareceram ratos. Pensamento: roupa velha + trigo cria ratos!
Esqueceu que Erastóstenes também era filósofo e escreveu tratados? .
Não, mas vc esdqueceu que ele fez um EXPERIMENTO, animalzinho.
Agora resta saber o motivo de sua implicância com Aristóteles.
Racista, escravocrata e misógino. Pouca coisa.
porque a filosofia de Aristóteles serviu de base para escolástica e por conseguinte para Teologia Cristã Medieval.
Teologia Cristã medieval. GM! Até mesmo o Mitraísmo serviu.
“Sobre a posição da Terra e da maneira de seu repouso ou movimento nossa discussão pode aqui terminar. Sua forma deve necessariamente ser esférica.”
Trecho em grego, por favor.
Ah, não. Desculpe. Banidos não podem comentar de novo.
Tchauzinho, trollzinho filósofo.
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@Dra1nyou, Mais uma mancada astronômica tua André. Você diz.
“Eratóstenes, o cientificista experimentalista VENCEU a filosofia contemplativa de Aristóteles de Estagira, que convenceu Alexandre que a Terra era chata e tinha bordas”
.
Ora, Eratóstenes nasceu em 276 a.c, é considerado um pré-socrático, mas antes deles muitos filósofos já consideram a possibilidade da terra esférica.
E Aristóteles morreu em 322 A.E.C, ou seja, já era conhecido nos “quatro cantos” do mundo. Eratóstenes já conhecia esta filosofia e como não era bobo, fez experiências e não saiu acreditando em tudo que ouvia.
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André, você acha que Aristóteles foi 100% inútil? Quando o estudei, no Colégio, o livro afirmava que foi um dos primeiros a dividir a Ciência em matérias específicas. Ou seja, ele teve uma contribuição importante por ser pioneiro.
Eu, particularmente, sempre gostei de filosofia iluminista e fui influenciado por Voltaire; fora isto, nunca fui grande leitor de filosofia.
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Muito bom o texto.
Isso me lembrou uma aula de Fenomenologia II (aqui na Furb é Gestalt) quando o professor estava falando sobre dialética. Oras, se conversa é melhor, então coma a bula do remédio que a dor de cabeça deve sarar.
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