Lula malvado falou mal da Inteligência Artificial, o que surtou geral

O céu escureceu, o grito ganhou o ar, o estrondo avassalador e terrível se fez ouvir aos quatro cantos do mundo. Rumpelstiltskin crava um dos pés no chão, grita feito um alucinado e, puxando a outra perna, se rasga todo.

Ou ao menos foi isso que eu percebi com várias pessoas apontando o absurdo da fala do Loola, o Primeiro Molusco, sobre Inteligência Artificial.

O problema é que ele falou isso, mas o significado foi outro.

A fala foi:

Estou cansado em ouvir teoria. Estou cansado de ouvir falar nesse bicho de inteligência artificial. Em um país que tem tanta gente inteligente, para que precisa de inteligência artificial? Por que não utilizamos a inteligência humana que nós já temos aqui?

E pronto. A tuitarada geral entrou em parafuso. Eu, de minha parte, concordei com ele. Então, para checar umas coisas, eu fiz umas perguntas pro Copilot.


Clica que creeeeeeeeeesce

É… acho que não é bem com a IA que o Loola estava falando. Mas eu fiquei curioso com o contexto. Então, fui ver a transcrição:

No nosso governo, eu sempre digo que, ontem eu fiz uma reunião para discutir inteligência artificial, e é um tema tão complicado para minha cabeça que eu disse para os caras: “É o seguinte, eu estou cansado em ouvir teoria. Estou cansado de ouvir falar nesse bicho de inteligência artificial.

Em um país que tem tanta gente inteligente, para que precisa de inteligência artificial? Por que não utilizamos a inteligência humana que nós já temos aqui? Mas aí, eu fiz um desafio para os cientistas que estavam comigo lá: de que eles têm, até a data da Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, que vai ser em junho, para que o Brasil apresente ao mundo uma proposta de inteligência artificial feita em português brasileiro. Feita por brasileiros e brasileiras para que a gente não fique à reboque das chamadas economias ricas desse mundo. Para a gente ter o nosso (inaudível).

A mesma coisa acontece com as mulheres. Eu não sei, eu não conheço o mundo inteiro, mas, obviamente, que nós temos países que têm mais mulheres eleitas do que no Brasil. Aqui, no Brasil, não faz muito tempo, a gente tem tentado avançar nas conquistas de uma legislação que permita que as mulheres tenham condições de participar, em igualdade de condições, levando em conta os problemas especiais que têm as mulheres, que, mesmo que pela lei seja tudo igual, no dia a dia, as mulheres já aprenderam a sair para o mundo, já aprenderam a trabalhar, já foram para o mercado de trabalho.

Mas nós, homens, não aprendemos a ir para a cozinha. Nós não aprendemos a lavar a roupa que a mulher lava, nós não aprendemos a cuidar das crianças que elas cuidam. Então, a gente ainda não compartilha aquilo que diz respeito à nossa solidariedade, ao nosso companheirismo, com as nossas companheiras.

Então, essa evolução que a gente está tendo no Brasil, ela é muito nova. É importante lembrar que o primeiro voto de mulher, no Brasil, se deu em 1934, em uma conquista na Justiça, por uma companheira da cidade de Mossoró, do Rio Grande do Norte. Não é fácil. Vocês sabem que tudo aqui no Brasil, tudo é feito mais demorado. A nossa independência foi mais demorada. O fim da escravidão foi mais demorado. A nossa democracia foi mais demorada. Desde que foi proclamada a República, que foi um golpe contra o imperador, que também já estava há 60 anos, também já estava cansado. Ou seja, os militares sempre tiveram uma interferência na política brasileira.

Mas qual o contexto? O trecho faz parte do discurso durante almoço alusivo ao Dia Internacional das Mulheres, em 8 de março passado. Mas ele fazia uma referência ao que foi falado na Segunda Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, ocorrida no dia 07/03, um dia antes.

Agora, prestem atenção; eu sei que vocês conseguem. Prestem atenção na parte que me chamou a atenção “A mesma coisa acontece com as mulheres.”

O que ele quis dizer com isso, já que ele estava no assunto da IA? Simples, o assunto não era a IA. Ele reconheceu sua ignorância no assunto e questionou por que IA seria importante, ao que ele descobre e diz para desenvolverem um sistema de IA “feita por brasileiros e brasileiras para que a gente não fique à reboque das chamadas economias ricas desse mundo” (SIC).

O assunto continua sendo o Dia Internacional da Mulher, porque érea um almoço com servidoras. Ele até aproveitou e mencionou a Ditadura Militar e militares no poder, e eu sei muito bem para quem foi a alfinetada.

Ain, mas o Brasil não vai fazer isso, porque a gente não tem um pardal pra dar alpiste, brasileiro odeia ciência cocoricó…

Eu sei, jovem. Eu sei disso melhor que você! O que você não sabe e que mostrei no screenshot é que Loola não estava falando pra IA, não estava falando pra mim ou pra você, meu querido cristalzinho. Lola estava falando pra servidoras e eleitores dele. O político faz discurso pra sua base, não pra base dos outros. Não faz discurso para as elites intelectuais do Twitter. O político esperto fala com o eleitor, o seu João e dona Maria que trabalham muito e ouvem falar em IA, IA mas não são desocupados como eu que posso ler e brincar com ela. Quem sai antes do sol nascer e chega em casa depois que o Sol se por está pouco se fodendo pro ChatGPT, pro Copilot, pro Midjourney, pro Stable Difusion ou pro que lhe deixa indignado em redes sociais. Este é o Povo do Busão, aquele pessoal que você aí odeia. Odeia mais que os políticos. O Povo do Busão elege políticos, você apenas reclama. IA nem título de eleitor tem. Do que estão reclamando? Ah, sim, de uma frase fora de contexto.

Loola não é o Nikolas Chupetinha Ferreira ou o Eduardo Embaixapeiro Bolsonaro ou o Kim Cata Coquinho Kataguiri. Loola é político do tempo do Antônio Carlos Magalhães, Imperador da Bahia; o cara que fez o FHC ser político (este era apenas um ministro das relações exteriores que cometeu as piores gafes possíveis, como aparecer com gravata amarela na Malásia, onde só o rei pode usar amarelo sob pena de morte).

Ain, ele é petista, deve ter bandeira vermelha, dorme abraçado com o um travesseiro temático do Fidel.

Eu sigo a linha de Demóstenes, que achava que todo político era um inimigo do povo e da liberdade. Políticos são uma praga, um bando de parasitas. Mas este site ainda tem escrito “Ceticismo” no nome e o Ceticismo é a corrente que toda proposição deve ser analisada friamente de forma a encontrar a verdade.

Ain, mas o Brasil vai desenvolver…

Brasil não conseguiu acabar com a esquistossomose e dengue, que são essencialmente doenças causadas por falta de saneamento público e higiene particular. Mas o político vive de alardear promessas, de desafios que ele sabe, mas se não acontecerem, já estão como discurso pronto, os ombros caídos e a cara triste dizendo que ele tentou.

Então, parem de falar bobagens. Não estão em nada melhores que o gado dos políticos.

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