O estudo de Medicina sempre foi difícil, ainda mais quando se precisa de modelos anatômicos e gravuras do que se deve estudar. Na Idade Média era mais complicado, já que estudar em corpos não era bem visto, em alguns locais terminantemente proibido. Quem tinha dinheiro, podia pagar por modelos anatômicos de marfim, mas essa não era a realidade de todo mundo. Então, os livros anatômicos era de sua importância. Por isso, o trabalho de Heinrich Vogtherr é tão importante.

Heinrich Vogtherr foi um artista, impressor, poeta e autor médico do período da Reforma. Ele nasceu em Dillingen an der Donau, na Baviera, em  1490. Vogtherr era um excelente artista, mas se dedicou principalmente na produção de ilustrações de livros. Ele trabalhou para quase todas as gráficas de Estrasburgo, e em 1536 fundou seu próprio negócio de impressão em que imprimiu apenas suas próprias obras, como “Christian Losbuch” e duas “Anatomias”, ainda mais que seu Bartolomeu fora bispo de Augsburg e autor de livros médicos, tendo Heinrich ajudado nas ilustrações.

Esta preciosidade é uma espécie de flipbook, em que as as ilustrações tem várias abas, e à medida que você vai virando, aparecem as estruturas que est]ao por baixo. O livro foi o primeiro do seu gênero e Vogtherr empregou linho prensado para as folhas e formar as várias camadas delicadas de para mostrar as posições dos órgãos em homens e mulheres.

Este livro foi um tremendo sucesso! Não demorou muito para que exemplares fossem publicados na França, Itália, Holanda e Inglaterra. Só para vocês terem uma ideia, só entre 1538 e 1540, pelo menos 15 edições diferentes foram publicadas na Europa. A maioria consistia em folhas soltas que podiam ser encadernadas em livros ou pregadas na parede.

Isso quando o sistema de manufatura era artesanal, já que cada gravura com suas respectivas abas eram feitas manualmente, e a qualidade era absurda! As figuras mostravam pessoas sentadas eretas, os olhos bem abertos como se estivessem vivos, e o leitor abrindo a pele do modelo para revelar as camadas dos pulmões e fígado, coração e tripas, até a cavidade torácica e a coluna vertebral.

Os livros geralmente eram acompanhados de materiais extras, escritos em vulgarem vez de latim, como as obras costumavam ser publicadas. Neste, todo o texto estava disponível a todos que pudessem comprar. Ok, não era barato, já que a produção não era em massa, o que baratearia os custos. Cada livro é uma obra de arte.

Os textos não eram apenas livros universitários de anatomia, mas também eram artefatos tipográficos elaborados, ainda que grosseiros, projetados para um público popular. Mais notavelmente, as imagens dominam o texto, que elas resumem e simplificam. Por meio desses substitutos de papel, um não especialista poderia, pela primeira vez, mergulhar nos confins do corpo humano.

Embora restem poucos exemplares hoje, restauradores da Biblioteca da Universidade de Harvard estão trabalhando para preservar esses raros textos anatômicos.

Fantástico, não é mesmo?