Saiu esta semana uma notícia imbecil sobre uma pesquisa idiota, conduzida por dois retardados. Eu sinceramente nunca entendi a ânsia de tentar provar que a bobajada do Êxodo é verdade. Pior que isso, só tentar provar que houve um dilúvio global de proporções rolandemmerichianas. As duas “estrelas” conseguiram traçar um cenário que eles consideram “relativamente próximo” ao besteirol descrito no Êxodo, onde Moisés — o maior corretor de imóveis da História — carregou consigo um mundaréu de gente, levando-os para saracotear por 40 anos no deserto só para verem um terreno. Como sempre, fato e ficção entram em choque. De um lado, Ovelhinhas do Senhor adentram ao ringue; do outro, os Jedis do Ceticismo.net. FIGHT!

Carl Drews, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA, e Weiqing Han, da Universidade do Colorado em Boulder foram os autores da pesquisa, publicada no periódico Plos One. O casal 20 se baseou no mito descrito em Êxodo cap. 14, onde o faraó (que não se sabe quem é, e nem mesmo os reis do Egito eram chamados de “faraós” na época) manda o BOPE egípcio atrás dos milhares de hebreus que estavam escravizados. Eu não sei porque tiveram tantos problemas com os egípcios. Com 50 mil homens, Alexandre da Macedônia mandou Dario I pro inferno e 300 espartanos fizeram miséria com as hostes de Xerxes. Quando eles chegam no Mar…, bem, de acordo com o mito cristão (sim, cristão e já explico o porque) foi o Mar Vermelho, que se abriu e a hebreuzada correu desesperada. Quando o BOPE egípcio começa a atravessar, a água cobriu todos eles e foram todos passear no barco de Anúbis. Osíris os tenha.

De acordo com o casal 20 (perceberam que eles não têm formação em História nem em Arqueologia e nem essas cadeiras serviram como referência na pesquisa, né?), houve uma lufada de vento de 20 m/s (cerca de 72 km/h) que fez o milagre. Mas como? Eles estudaram o terreno e plotaram no computador como deveria ser o terreno. Incluíram de variável um vento soprando fortemente, de forma que a água se afastasse em direção ao Mar Mediterrâneo. O Terra, especialista em escrever asneiras, saiu com a fabulosa manchete: Estudo: Moisés teve ajuda do vento para abrir o Mar Vermelho.

Que maravilha de notícia manipulada! Primeiramente, a pesquisa estabelecia um parâmetro do que poderia ter ocorrido, não do que ocorreu. Segundo, o Terra fala que o vento foi de 100 km/h, soprando por 12 horas. Só que não foi Drews e Han quem fez esta pesquisa, conforme é dito no próprio artigo, cujo texto original (seguido de tradução) diz:

Voltzinger & Androsov calculated an exposure time of 4 hours for the reef, using a wind speed that ramps up from 0 m/s and blows at 33 m/s for 12 hours. They noted that the dividing ridge between the Suez basin and the rest of the Gulf of Suez significantly increases the time to reach a steady-state solution.

Voltzinger & Androsov [em 2003, segundo a referência] calcularam um tempo de exposição de 4 horas para o recife, usando uma velocidade do vento que as rampas acima de 0 m/s, e soprando a 33 m/s por 12 horas. Eles observaram que a crista divisória entre a bacia de Suez e no resto do Golfo de Suez aumenta significativamente o tempo para chegar a uma solução de estado estacionário.

Ou seja, não foi reprodutibilidade, foi uma pesquisa tendo como referência OUTRA pesquisa que nada tinha a ver. Segundo as simulações computadorizadas do delta do Nilo na época estipulada pelos pesquisadores (cerca de 1250 AEC), havia um grande braço do rio, o qual se conectava com uma lagoa salobra, o chamado lago de Tânis. Levando em conta o relato do Êxodo, que fala de um suposto vento, este faria (em tese) recuar as águas com profundidade de cerca de 2 metros. O problema está em alguns detalhes. A alegação de que o evento possa ter acontecido mesmo, foi um evento acontecido em 1882, onde aconteceu uma ventania. Só que isso não prova absolutamente nada. O Vesúvio explodiu, por exemplo. Não significa que ele explodirá hoje. Eu posso afirmar que houve uma explosão na área e, ao analisar Historia Antiga, eu posso dizer que foi o Vesúvio que acordou? Evidentemente, não.

Agora, vamos para a parte teológica: De acordo com o texto em hebraico, os hebreus não fugiram pelo Mar Vermelho, e sim Mar de Juncos. Querem uma fonte confiável? Que tal uma publicação dos inventores do mito. Eles mesmos dizem que Yam Suf significa Mar de Juncos (ou De Caniços), e não Mar Vermelho. Só nisso a tese do Casal 20 desmorona. Ron Whyatt, o dublê de arqueólogo (ele era anestesista) achou algumas evidências no Mar Vermelho, como UMA roda, por exemplo.

Vamos para a História: Primeiramente, não havia escravos hebreus no Egito, conforme noticiamos em janeiro. Nenhuma evidência arqueológica, né? Documentos? Não. Indicações? Não. Conclusão? Que tal sobre a ventania e a fuga? O Egito não era a única superpotência lá por aquelas bandas. Ainda havia os Hititas, Assírios e Babilônios; todos vivendo sob uma espécie de “Guerra Fria”. Nenhum cronista dessas civilizações relatou nada. Será que milhares de pessoas saindo correndo do Egito era algo trivial? E um vento de 100 km/h soprando por 12h? É algo comum que não merece uma única nota de rodapé? Aliás, que vento foi esse que não carregou areia? Com esta força e magnitude, era de se esperar que alterasse a topografia da região, certo? Ademais, os hebreus estavam sendo vigiados, pois a Rota de Hórus era muito bem patrulhada. Dessa forma, eles até poderiam fugir do exército, mas dariam de cara com OUTRO exército egípcio, pronto para ação. Para finalizar, se o caminho formado pelo vento teria ficado por cerca de 4 horas aberto, por que o exército egípcio não catou a galera? E eu nem vou parar para perguntar por que diabos Javé endureceu o coração do faraó, já que este já tinha liberado os bóia-frias de Jerusalém.

Resumindo:

• Relatos históricos: Nenhum.
• Evidências arqueológicas: Nenhuma.
• Documentos registrados: Nada!
• Vento soprando com extrema velocidade por longo período de tempo: WTF?

Veredicto: Esperneio.Tentem de novo, pois o Êxodo não existiu.

É por pesquisas assim que a PloS One é bastante criticada. Seu fator de impacto não é levado em conta, e o fato de ela ser uma publicação onde você PAGA para enviar um artigo (coisa de 2 mil dólares) a faz ser vítima até de chacotas como esta:

O que sobra disso tudo? Sobra que o Casal 20 não estava empenhado em provas definitivas sobre o Êxodo, o qual é contestado por historiadores e arqueólogos, mas a escória do jornalismo científico procura agradar as Ovelhinhas do Senhor, e estas se acharão capazes de esmigalhar qualquer um que tenha mais de dois neurônios vivos, postando esta “pesquisa”, sem sequer entendê-la; o que não é de estranhar, posto que eles não leem nem o próprio livro religioso.