Eu gosto das associações que costumam fazer. Algumas, totalmente despropositadas. Outras, têm até um motivo para a associação e esse motivo é simplesmente ser notado. Tive um belo vislumbre disso ao ler uma pesquisa científica que determinou a presença de cloreto de sódio (o sal de cozinha, você sabe) em um lago de Europa (o satélite de Júpiter e não o continente).
Uma das conclusões da pesquisadora é que isso podia ser indício de ter seres vivos lá.
Samantha Trumbo é graduanda de Biofísica do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Sim, é uma estudante. Deve ter achado o máximo quando foram descobertos sais em Europa. Antes, pensava-se que eram sais baseados em sulfatos, mas uma nova e melhor observação mostrou que os lagos de Europa contêm não só sulfatos, mas cloreto de sódio também. Seu pensamento foi “se as águas de Europa contém sal assim como os oceanos da Terra, então, tal como os oceanos da Terra, os lagos de Europa podem muito bem conter vida.
Ao observar Europa com o auxílio do Hubble, Samanthinha viu que os mais fortes indícios da presença de cloreto vinham de uma região chamada “Tara Regio”, uma região que se supõe ter sido formada por água ascendente. Assim, o raciocínio completo foi: As águas ascendentes trouxeram sal. Se tem sal, são como nossos oceanos. Como nossos oceanos têm vida, aquela região também deve ter.”
Isso é tão imbecil que nem no site da Caltech traz isso, e é aí que vemos que biofísicos são ótimos em… sei lá, Biofísica. Mas sempre contem com um químico para apontar quando vocês estiverem falando bobagens.
Eu já contei a história sobre quando observaram a superfície de Vênus com telescópio pela primeira vez. bem, quer dizer, não viram, pois uma densa neblina impediu. O raciocínio foi que se tinha neblina era por causa de grandes quantidades de água. Se tinha grandes quantidades de água, bem poderia ter vida, e s´poderia ser um tipo de local cheio de vapor d’água: pântanos. Seria possível até que tivessem dinossauros.
Resumindo: “Não conseguimos ver nada em vênus. Conclusão: Dinossauros”.
E não, não era água. São gases tóxicos e ácidos em suspensão na atmosfera venusiana.
A propósito. Os oceanos da Terra são uma solução bem diluída. No máximo, apenas 3% de cloreto, e citar que o Mar Morto tem umas bactérias apesar da altíssima salinidade não resolve a questão, pois vida não aparece como por encanto. Deixem a Química com os químicos e a Biologia com os biólogos. Isso garante que falem menos bobagens.
A descoberta (que é interessante, apesar de algumas bobagens escritas) foi publicada no periódico Science Advances