Vejam, distintos leitores, a bela moça da gravura ao lado. Sim, gravura; em sua época ainda não tinha sido inventada a fotografia. O suave delinear do pescoço descendo até ombros claros. Um meio-sorriso maroto da aristocracia. Um queixo um tanto desdenhoso, digno de sua mocidade, ornamentando por um cascatear de cabelos ondulantes, encimados por um chapéu de plumas, como era moda daqueles dias.
Mademoiselle Paulze era assim. Um sopro cálido numa manhã de primavera, mas ela era mais que um simples rosto bonito. Mesmo em seu papel de esposa de um advogado, ela deu brilho com sua inteligência, e mesmo a Química tem muito a agradecer por seu trabalho.
Belle Marie-Anne Pierrette Paulze nasceu na província de Montbrison, 20 de janeiro de 1758. Montbrison é famosa por ser rodeada de vários castelos e moradias de aristocratas e mais ainda pela qualidade de seus queijos Não, a família de mademoiselle Paulze não era pobre, já que era filha de Jacques Paulze. Infelizmente, a mãe de Marie-Anne faleceu quando a pobre menina tinha 3 anos. Por causa disso, o digníssimo monsieur Jacques Paulze enviou Marie-Anne para um convento.
Como ela não era pobre, como dissemos, ela não bancou a faxineira. Isso era coisa que noviças pobres faziam. Marie-Anne ficou estudando lá, tendo uma educação clássica aprendendo latim, grego, retórica e tudo o que alguém de sua posição requeresse aprender. Ela também estudou alemão e inglês, tendo vívido interesse por Matemática e Filosofia Natural, que longe de ser a verborragia que o pessoal de Humanas vocifera hoje, era tão somente o que hoje chamamos de Ciência.
Aos treze anos (sim, você leu certo), Marie-Anne foi retirada do convento para se casar; afinal, estamos no século XVIII, e normalmente era para isso que mulheres serviam: se casar e ter uma penca de filhos. Como papai Paulze era da Ferme Generale, os casamentos tinham que ser entre os membros da Ferme. Mas o que era a Ferme Generale?
Luis XIV mandou todo mundo se ferrar, instituiu o Absolutismo e proferiu em alto e bom som L’Etat c’est moi. O Estado era ele e era ele quem mandava na bagaça. Mas a França era uma das maiores potências econômicas da época, junto com a Inglaterra, com quem sempre viveu às turras, mas a Inglaterra também tinha se metido com a Espanha e só a venceu, durante o governo de Elisabeth I, por pura sorte, quando a Invencível Armada naufragou, ou todo mundo nas ilhas britânicas estariam falando espanhol até hoje.
Arrecadar, gerenciar e aplicar o dinheiro dos impostos num sistema centralizado é praticamente impossível. Assim, o reino contava com a ajuda da Ferme Generale, que cuidava da arrecadação, taxação e redirecionamento de dinheiro coletado para as áreas militares, com o devido repasse ao governo. Quanto de dinheiro era repassado ao governo? Muito, mas não tanto quanto era arrecadado. A coroa francesa não estava nem aí, enquanto a grana estivesse entrando, sem ter que se preocupar com a burocracia envolvida.
Enquanto os manés hoje ficam discutindo a existência de sociedades secretas governando a economia de países, a Ferme Generale efetivamente fazia isso, não se escondia e ninguém dava a mínima, já que trabalhadores tinham que se ferrar para ter dinheiro para comer e, claro, pagar os impostos, mas não nessa série em termos de importância para o governo. Claro, isso ia acabar com um barril de pólvora explodindo, mas só aconteceria dali a algumas décadas. O que importa agora é que estamos no ano de Nosso Senhor, o Delfim de França, rei Luís XVI, de 1771.
O então diretor da Ferme Generale, monsieur Joseph Marie Terray era o Controlador Geral de Finanças da França, tendo alçado esse posto no reino do rei Luís XV, o rei baixinho que mandou que se inventasse uma forma de ele parecer ter maior estatura. Assim surgiu o salto alto (curiosamente, só homens usavam salto alto. Talvez porque as mulheres fossem mais altas, mas estou desviando do assunto). Terray era abade da riquíssima Abadia de Molesme e filantropo (sim, irônico, não?). Patrocinou vários artistas e cientistas. Isso porque naquela época não havia iPhone e o modo de demonstrar riqueza era ter seu plantel de músicos, compositores, artistas plásticos, cientistas etc.
O poder e influência de Terray cresceu ao longo dos anos. Ele instituiu uma revisão do sistema financeiro através da reforma da coleta de impostos, estabelecendo um imposto de cinco por cento sobre o lucro (o que era um absurdo na época e fichinha para o nosso sistema tributário brasileiro atual). Além disso, tinha a “Capitação”, um sistema de imposto per capita. Quanto mais pessoas morando numa casa, maior o imposto. A alegação era que se havia mais gente, tinha maior força laboral, u seja, mais gente trabalhando e ganhando dinheiro. Por isso, papais tratavam de vender, digo, casar as filhas o quanto antes, pois elas não trabalhavam e não geravam renda. Quer dizer, em algumas famílias gerava, mas através da mais antiga das profissões.
O sistema da Ferme Generale garantiu muito dinheiro pro Governo e mais ainda pros associados. Mesmo porque, ela acabou com o livre comércio, detendo o monopólio de comércio de grãos. Você queria comprar pão, o preço era ditado por eles. Quem domina a produção de comida, domina um país. A França do século XVIII ainda não cobrava imposto de renda, pois isso só seria inventado pela Inglaterra algum tempo depois. E por mais absurdo, insano, escorchante e esmagador este sistema de impostos francês dessa época fosse, ainda era menos que o que pagamos em impostos no Brasil HOJE. Tirem suas próprias conclusões, e lembrem-se que nesse sistema capitalista as pessoas ainda vivam “melhor” do que aconteceu durante a revolução russa, em que as pessoas pararam de pagar impostos ao Estado para dar todo o seu esforço em termos de produção ao Estado, e este cuidava de lhe dar, não dinheiro, mas serviços que só um estado monopolista fornecia. Agora, tentem explicar isso ao pessoal de Humanas.
Terray era um homem muito poderoso. Tão poderoso quanto um don da máfia. Por isso ele fazia e intermediava “favores”. Como foi o caso de quando recebeu um pedido para intermediar um casamento. A irmã do honorável Gabriel François, conde de Amerval – um aristocrata falido, mas com um bom nome e boas ligações políticas ainda – pediu que Joseph Marie Terray arrumasse uma esposa para seu irmão (dentro da Ferme Generale, claro), este viu como pretendente ideal a bela e inteligente filha de M. Paulze. Este estava em palpos de aranha. Não era de bom tom desafiar o poderosíssimo abade de Molesme, mas a filha, sua princesa preciosa, disse que não queria se casar com aquele velho de 50 anos, ferrado e lá não muito bem de saúde. Paulze amava demais sua filha, mas enfrentar Terray…
Paulze disse a Terray que estava com outra pessoa em mente pra se casar com sua filha. Ele era de uma família de posses, bem relacionado, membro da Academia de Ciências (porque era rico, já que andou falando umas besteiras por lá, como quase jogar fora um meteorito, pois achava que era uma pedra sem valor), jovem e capaz de trabalhar em prol da Ferme melhor que Amerval, que já estava pela bola sete. Terray concordou e o casamento foi arranjado.
O jovem era Antoine Laurent Lavoisier.
Esta não é uma história do Pai da Química, um dos maiores nomes da Ciência de sua época. Não é sobre como Lavoisier reorganizou o sistema de coleta de impostos, projetou o sistema de abastecimento de água e esgoto de Paris, como organizou o serviço de Correios, como cuidou para o aparelhamento do exército, melhoria na produção de pólvora e investigou os segredos das misturas e combinações, propondo leis científicas ainda hoje imbatíveis. É uma história de Marie-Anne, que ficou mais conhecida como Madame Lavoisier, que junto com Madame Curie é respeitada e amada por todos os químicos que conhecem sua história.
Madame Lavoisier foi esposa, companheira (no lar e no trabalho), dedicada, co-autora de trabalhos, desenhista, ilustradora e tradutora. Antoine era muito hábil com Química, mas uma negação em falar em outro idioma a não ser o francês. Ele era péssimo em latim e não falava inglês. Logo, se não fosse Madame Lavoisier, ele jamais poderia ter lido os trabalhos publicados na Royal Society. Ela que revisava os artigos e fazia correções. Às vezes, sem consultar o marido, pois ela não precisava, pois tinha participado dos experimentos, e ele não se importava, pois sabia que a esposa era inteligente e não apenas um rostinho bonito (ok, não era tão bonita assim, mas ninguém era naquela época), mas uma cientista nata.
O dinheiro da família Paulze foi muito bem investido, encomendando aos melhores artesãos da França os melhores equipamentos e as melhores balanças disponíveis, já que químico de verdade trabalha com vidrarias e não criando calo nos dedos ao apertar botões.
Ilustração contida em Traité Elémentaire de Chimie, publicado em 1789.
Foi graças a este investimento que Lavoisier conseguiu medições cada vez mais precisas, estabelecendo a Lei da Conservação das Massas. Foi com o apoio de Mme Lavoisier que Antoine pôde conversar com vários cientistas (muitas vezes com ela servindo de intérprete). A casa dos Lavoisier era palco de uma miríade de cientistas, políticos, aristocratas (ou nem tão aristocratas assim), filósofos e pessoas importantes da época. Marie-Anne e o marido deram várias recepções e jantares em sua casa, onde participaram convidados famosos como Benjamin Franklin, Joseph Priestley, James Watt e vários integrantes da Royal Institution. Enquanto muitas mulheres eram deixadas na sala ao lado, fofocando e tricotando, e homens debatiam sobre o que acontecia na política e discussões das modernas descobertas científicas, Mme Lavoisier estava na sala, ao lado do marido, tecendo comentários pertinentes e gozando do respeito que o trabalho do casal conseguira.
Veio a Revolução Francesa e Antoine Laurent Lavoisier, o Pai da Química, foi caçado, junto com o pai de Marrie-Anne. Eles se entregaram em 28 de novembro de 1793. Meses iam se passando e Mme Lavoisier lutou bravamente para libertar seu pai e seu marido. Solicitou ajuda de todos os seus amigos cientistas, filósofos, políticos influentes etc. Mas já estamos no Reinado do Terror, e qualquer menção contra as decisões do Diretório eram tidas como traição, e a pena era a morte. As pessoas amam cientistas, mas ninguém pode culpa-las por amar mais a si mesmas. Os protestos foram cessando e em 8de maio de 1794, Lavoisier e seu sogro foram guilhotinados. Lavoisier morreu por aquilo que o ajudou a avançar o conhecimento científico: o dinheiro oriundo das ligações com a odiosa Ferme Generale. Terray falecera em 1771, tendo seu cargo de Controlador Geral de Finanças passado a Anne Robert Jacques Turgot (sim, era um homem), que morreu misteriosamente em 1774 e foi sucedido por vários outros até acabarem da guilhotina, dando origem a outros que pouco se importavam com a população.
Quando Lavoisier foi guilhotinado, muitos hipócritas que se serviam dos lautos jantares na casa dos Lavoisier culparam Marie-Anne pela morte do marido. Conta-se que ela visitou o principal instrutor do caso contra Lavoisier e Paulze, Antoine Dupin, que era um antigo membro da Ferme Generale, mas mudou de lado rapidinho e começou a entregar todo mundo. Marie-Anne falou da importância do seu marido como cientista para a França, mas ao que parece Dupin não estava com intenção de meter a mão em vespeiro e isso o fez ganhar de presente o pior inimigo de alguém: uma mulher desesperada. Ela o acusou de traidor e corrupto. Só só o fez ser mais duro contra Lavoisier. Ela ainda apelou para seus antigos associados, mas Ben Franklin estava mais preocupado com a formação dos EUA, cuja independência foi assinada em 1776, mas ainda andavam se estranhando com a Inglaterra. Joseph Priestley era ferrenho defensor da causa norte-americana e dos ideias primários da Revolução Francesa, mas quando a Inglaterra viu o Reinado de Terror se instaurando na França, as autoridades pressionaram Priestley, que não tinha dinheiro nem posição social elevada. O descobridor do Gás Carbônico (mas que infelizmente não fizeram nada para identificar suas propriedades, relegando a Black o título de verdadeiro descobridor), ralou peito pros EUA e viveu confortavelmente como ministro protestante.
Após a morte de Lavoisier, o inferno caiu de presente no colo de Mme Lavoisier. Seus bens foram confiscados pelo novo governo. Dinheiro, propriedades e até os cadernos de trabalho e equipamentos científicos foram levados. Mme Lavoisier começou a correr contra o tempo. Ela contou com a proteção de pessoas importantes, mas não necessariamente ligadas à Ferme Generale, mas não a ajudaram abertamente. Sua corrida era mais do que salvar a própria pele. Ela estava querendo salvar algo que, para ela, era mais importante: o trabalho de Antoine, suas memórias. Ela recolheu todos os documentos, análises, relatórios, pesquisas, textos etc. Mais tarde, o governo devolveu o que lhe fora tirado, mas ela passou muitos maus bocados.
Nisso ela conhece Benjamin Thompson, Conde Rumford, em Paris a 19 de novembro de 1801. Thompson (que nada tem a ver com o “pudim de passas”, que é de outro Thompson) nasceu em Woburn, uma cidadezinha do condado de Middlesex, Massachusetts. Ele não era de família rica, logo, não podia pagar por um ensino formal. Ele viajava longas distâncias para poder assistir às palestras do professor John Winthrop da Universidade de Harvard. Assemelha-se um pouco com a história de Faraday, mas a semelhança acaba aí. Ele nunca foi aluno ou aprendiz de Winthrop.
Aos 13 anos, ele precisava ajudar a sustentar a família e começou como aprendiz de comerciante (aka, estagiário) de um certo John Appleton. Ele desenvolveu um belo tino pra negócios, o que o levou a subir socialmente, sendo apresentado a uma elite intelectual de seu tempo, acabando por se interessar por Ciência. Ingressou no exército e acabou sendo ferido no campo de batalha em 1769. Como não tinha muito o que fazer, resolveu brincar de cientista e fazer experimentos com calor e tomou gosto pela coisa. Mas aí veio a sorte.
Thompson conheceu uma viúva de nome Sarah Rolfe, filha de um ministro protestante. Sarah ganhou de herança de seu marido várias propriedades, o que garantiu uma vida bem confortável a Thompson quando se casou com ela. Aí vem as ironias da vida. Explodiu a Revolução Americana. Como bom comerciante, intelectual e gente de bem, Thompson resolveu de que lado ele era a favor: Dos ingleses! E isso só foi intensificado quando os revolucionários atacaram e mataram sua esposa. Aí Thompson caiu direto pra Casaca Vermelha da Força.
Enquanto estava no exército, Thompson trabalhou naquilo que dava muito dinheiro e prestígio naquela época: pólvora (assim como Lavoisier fizera). Melhorou tanto a qualidade da pólvora que a Inglaterra, que acabou chamando a atenção não só do exército como outros cientistas.
Sim, enquanto Joseph Priestley teve que fugir da Inglaterra porque era favorável aos revolucionários norte-americanos, o norte-americano Thompson não só ficou do lado dos ingleses como ingressou no Exército de Sua Majestade. Seus compatriotas não gostaram muito. E em 1781 Thompson ganhou excelentes motivos para fugir de lá o mais rápido possível pois a Declaração de Independência já tinha sido assinada e estavam loucos para assinar a sentença de morte dele. Thompson pega seus panos de bunda e rala peito para a Inglaterra, que o recebe de braços abertos como o filho querido. Todas as pesquisas que ele vinha realizando nesse meio tempo foram aprovados pela Royal Society, que deu uma vaga a ele (provavelmente, uma pressãozinha da Coroa deve ter agido em favor de Benjamin não-o-Franklin. Em 1785 ele se muda para a Bavária, sem a menor ideia que ia explodir a Revolução Francesa, mas ninguém sabia disso na época.
Thompson ganha várias comendas, postos importantes e, ironicamente, ganha um título honorário da Academia de Ciências Norte-Americana. Não pergunte!
Ele vai melhorando a qualidade da pólvora, muito provavelmente tendo lido os trabalhos de Antoine Lavoisier. Deu a Revolução Francesa e ele ficou na dele lá na Baviera. Em 1791, Thompson ganha o título de Conde do Sacro-Império Romano e pega emprestado o antigo nome da cidade onde ele viveu: Rumford. Daí ele passou a ser conhecido como Reichsgraf von Rumford ou Conde de Rumford. Nisso, o pau tá comendo na França.
Thompson fica sabendo do que aconteceu com Lavoisier, mas era esperto demais para ir lá na França protestar. Em vez disso, ele começa a trocar cartas com Mme Lavoisier, mesmo porque, Thompson estava desenvolvendo pesquisas com a natureza do calor e combustão, e os trabalhos de Lavoisier eram os mais completos.
Sabem aquela corrida por recolher todos os trabalhos que ela e Antoine realizaram? Pois bem, bancando de sua própria grana, Mme Lavoisier consegue publicar a primeira edição de Memoires de chimie, em 1803, um compêndio de vários desses trabalhos. Ela começa a encher o saco do governo francês, que já tinha encerrado o Reino do Terror e tendo iniciado a Era Napoleônica, que se deu a partir do Golpe do 18 Brumário, em 9 de novembro de 1799. Para ela se casar com Thompson (o fato de ela ainda ter dinheiro e conhecimento dos trabalhos que desenvolveu com o marido deve ter pesado na decisão dele em se casar com ela. Não sei), era preciso reconhecer que ele era viúvo, algo que estava muito difícil, mas ela ainda contava com poder e influência. Eu nunca entendi ao certo como ela não foi pra guilhotina junto. A Força era poderosa nela!
O casamento se deu em 1804. Em 1805, com notas revistas e ampliadas pelos trabalhos de Rumford, Condessa Rumford, mas para sempre Mme Lavoisier (ela nunca deixou de usar o nome do primeiro marido), publica o segundo volume de Memoires de chimie, o qual você poderá ler AQUI.
Mas havia um porém. O casamento dos dois não foi lá muito feliz. Conta-se que Rumford, apesar de reconhecer a impetuosidade (e talvez até seu espírito implacável, que se agravou depois da morte de Antoine Lavoisier) não a permitia participar de seus trabalhos. Em segundo lugar, Rumford estabeleceu que o calor não era um elemento (coisa que Lavoisier defendia e estava errado, como sabemos hoje). Marie-Anne não admitia que dissessem que seu querido Antoine estava errado. Ela era da aristocracia francesa, acostumada a festas e jantares. O cientista que começou a vida assistindo palestras de graça e aprendiz de vendedor não estava acostumado a isso. Os dois se separaram em 1808, mesmo ano que a família real portuguesa fugia com o rabo entre as pernas porque cismaram que Napoleão estava de brincadeira ao estabelecer o bloqueio continental, isolando a Inglaterra em 1806.
Quando se separou de Mme Lavoisier, Thompson referiu-se a Marie-Anne como sendo uma mulher tirana e obsessiva. Fica difícil julgar hoje, mas devemos levar em conta tudo o que sofreu. Mas impetuosidade talvez fosse realmente um problema. Como eu acabei de falar, julgar mais de 200 depois é fácil.
Madame Marie-Anne Paulze Lavoisier foi um tudo numa época que as Luzes estavam se acendendo. Literata, cientista, experimentadora, esposa, companheira, colaboradora, anfitriã, nobre, culta, comentarista teológica (sim, até isso!), tradutora e um exemplo a ser seguido. Ela não ficava de mimimi mulheres deveriam ter mais lugar na Academia de Ciência, ela foi pro laboratório e produziu um universo de trabalhos. Seu nome era e ainda é pronunciado com respeito. Ela não ficou mostrando seus seios, nunca andou seminua latindo por corredor de universidades paga com o dinheiro do povo. Ela trouxe a luz do conhecimento ao mundo, tendo sua luz se apagado em 10 fevereiro de 1836, aos 78 anos de idade de uma vida proficiente e frutífera.
Talvez, sem ela ainda estivéssemos com a ideia idiota do flogisto e nisso acarretaria um atraso na Ciência por séculos. Mesmo que hoje não acreditássemos mais no flogisto, aquela imbecilidade, a Termodinâmica jamais teria se desenvolvido como foi e ainda estivéssemos com máquinas a vapor.
Quando um químico pega sua vidraria, leva a uma balança e mede estequiometricamente o reagente que irá utilizar nua reação, ele presta seus respeitos a Madame Marrie-Anne Paulze Lavoisier, uma dos Grandes Nomes da Ciência.
Que história!! Putz grilla!!! Excelente conhecer sobre ela!! Não fazia ideia!!! TKS!
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Você não entendeu a proposta desta série, né?
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pelo visto, não :p
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Deixa eu ajudar:
https://ceticismo.net/ciencia-tecnologia/grandes-nomes-da-ciencia/
“A série Grandes Nomes da Ciência traz relatos de cientistas esquecidos, ou de ‘cientistas’ que trazem conhecimento mediante seus próprios meios. Desde meninas curiosas até múmias, desde escritores a macacos, desde meninos pobres, mas curiosos, até programas televisivos, pessoas trazendo o saber e desenvolvendo o mundo, fazendo-o ter um pouco mais de sentido sempre foram importantes na humanidade, apesar dessa mesma humanidade sequer saber disso. Aqui temos a relação de cada um dos grandes nomes da ciência que fizeram a diferença no mundo… ou nem tanto assim.”
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Gosto muito dessa série Grandes Nomes da Ciência,pois não há somente nomes conhecidos mas também nomes de pessoas que não foram famosas mas muito importantes para a Ciência assim como a Madame Lavoisier,que eu já sabia de sua importância mas não sabia de sua história completa.
Espero que continue trazendo mais e mais nomes que foram importantes para a Ciência,afinal reconhecimento também é importante para quem nos ajudou a levar o que a Ciência é hoje.
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Muito interessante, essa sim era uma mulher que fazia as coisas, e isso nos tempos do “mulher é pra dar herdeiros e cuidar da casa”.
André, gostaria de sugerir uma matéria sobre a Temple Grandin.
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Pode ser. Vc sabe que tem filme sobre ela, né? (não, não o vi)
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Sim, assisti já tem alguns anos.
O filme é bem “dramaticão”, muito daquele lance de “superação apesar das adversidades”, mas é bem conduzido e tem um bom comprometimento com a história da doutora.
Me anima muito saber que ela continua trabalhando.
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Tanto a história de Mme Lavoisier, como a contextualização que o André deu ao texto ficaram excelentes. Só assim para entender o que acontecia naqueles tempos.
Tenho até medo de ver o tamanho da pesquisa que você teve para criar este artigo.
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Boa tarde, André.Conheço o site a pouco tempo se comparado ao seu tempo de existência, porém viciei desde o primeiro contato.Esta é a primeira vez que comento e o faço para parabenizá-lo pelo belo texto, não só esse mas por outros tantos que tive o prazer de ler, pelo conteúdo variado que atende a todos os gostos e por compartilhar conosco, meros mortais, todo esse conhecimento.Belo trabalho você faz aqui.
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Só um detalhe: Louis XIV e não o XV que era o baixinho, mas ele nem era tão baixo assim, tinha 1,67 m… A média no Brasil é de 1,72 m…
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espetaculo de texto! adoro essa serie e acho q esse foi o melhor exemplar ja escrito por vossa majestade. muitos parabéns!
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