O problema das notícias é… bem, os jornalistas. Canso de dizer que jornalista escrevendo sobre Ciência é a mesma coisa que tartaruga tentando costurar. Eu tento acompanhar tudo que sai sobre Ciência, mas fica difícil, já que eu preciso pagar as contas. Então, chego no trabalho e logo o pessoal vem me mostrar um artigo do G1 (bem, podia ser pior… podia ter sido o do Terra). Não, gente, barata não evoluiu para deixar de gostar de açúcar.
Eu expliquei bem as bases da Evolução segundo Seleção Natural no artigo Evolução vs Criacionismo. Mas parece que os veículos de informação veiculam tudo, menos informação. Bem, quem quer informação acessa Ceticismo.net. G1 é pra quem fica louco para ir nos comentários e se divertir com a estupidez humana, ou mesmo bancar o estúpido, escrevendo asneiras lá.
Tudo começa com a pesquisa do dr. Coby Schal, que trabalha no Departamento de Entomologia da Universidade Estadual da Carolina do Norte. Seu estudo visa entender o comportamento de baratas e porque algumas populações (de baratas, claro) demonstraram a tendência a detestarem comidas doces. Em outras palavras, algumas baratas passaram a evitar açúcar. Isso, segundo os veículos de "informação", seria devido à ação humana, que fez com que as baratas evoluíssem (sic) por causa das armadilhas.
Eu já falei que jornalista falando de Ciência é a mesma coisa que tartaruga tentando costurar, né?
Na pesquisa do dr. Schal – que nem é tanta novidade, já que se observou este comportamento na década de 1990 –, foi estudado o motivo e a causa dessa aversão. Acontece que isso foi uma ação de seleção natural, já que podemos ter duas classes de baratas. Uma que gosta de açúcar e outras que adquiriram aversão à sacarose. Como as pessoas usavam açúcar para atrair e envenenar as baratas (curiosamente, o PETA e demais vegans não acham nada demais matar baratas), houve uma diminuição dessa população em específico. A outra classe, a que detesta açúcar, não era caçada, pois não se sentia atraída pela isca. Isso acarretou que sua população ficasse cada vez maior em comparação à classe que gosta de açúcar.
Tal fato até seria Seleção Artificial, mas em minha opinião, isso deveria ser encarado como Seleção Natural, já que o Homem é agente ecológico, como um castor, por exemplo. Não houve a intenção de produzir uma nova cepa de baratas. Seria, ao meu ver (e isso, reitero, é opinião minha), Seleção Artificial se houvesse a intenção, como a EMBRAPA produzir novas variedades de soja, por exemplo.
No artigo do dr. Schal, publicado na Science, É dito que a hipótese que explica este comportamento relaciona a repulsa a glicose/sacarose (a saber, sacarose é um dissacarídeo formado por uma molécula de glicose e outra de frutose) a uma mutação que alterou os neurônios receptores gustativos de açúcar que afetaram sistema gustativo periféricos como um todo. Em outras palavras, para estas baratas, o açúcar tem gosto ruim.
Esta mudança foi relativamente "rápida", mas isso se deveu à alta taxa reprodutiva, já que não havia fator externo que limitasse a população das baratas "sugar haters" de crescer. Assim, elas tinham mais descendentes que iriam gerar mais descendentes e assim por diante.
Não foi nenhuma mágica nem foi nada instantâneo. Desde a década de 1990 que isso foi observado. Claro, a velocidade tinha que crescer aceleradamente, já que é uma variação exponencial. Não foi nenhum milagre da vida ou a Natureza dando um jeito. E não, BBC, elas não criaram nenhuma espécie de truque. É apenas Seleção Natural.
Andre,onde esta escrito”Tal fato ate seria Seleção Natural” nao deveria ser “Tal fato ate seria Seleção Artificial?”
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Yep, falha minha. Fenquiul.
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Isso me lembrou das cascáveis, as com chocalho de barulho fraco sobreviveram e se reproduziram mais, como consequência aumentaram os casos de picadas.
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Deveria haver um cadeira(materia) de jornalismo cientifico nos cursos da área, mas opa pra que fazer faculdade de jornalismo mesmo hein?
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