Eppur si muove (mas para o Brasil não basta) ou Sobre o exoesqueleto da Copa que a Globo não mostrou

O Brasil tem sérios problemas. Um deles é exatamente ser o Brasil. Ontem foi inauguração da Copa do Mundo; e, cá pra nós, que LIXO! Meia dúzia de gato pingado parecendo alguma mostra pedagógica de colégio de periferia, com ents, garoto índio vestido como um maia (não perguntem) e ainda reclamam que gringo pensa que aqui é só mato, selva e bundas rebolantes. Pior! Nem passista de escola de samba tinha. Pelo menos, colocassem o Caprichoso.

O ponto alto é (ou deveria ser) o exoesqueleto que está sendo desenvolvido pelo dr. Miguel Nicolelis, um cientista sério que preferiu ralar peito daqui, ou estaria esperando a boa vontade do CNPq para comprar uma chave de fenda. Só que enquanto o Galvão tagarelava sobre o ônibus da Seleção (a qual não deu as caras na abertura), o chute foi dado e só. E a reação as pessoas só pode ser descrita como uma coisa:

ESTA É A SUA SEXTA INSANA!

O que a imagem tem de linda, tem de patético a situação. Abaixo, a cena que poucos viram, e no estádio ninguém notou:

A Globo entrou no protocolo TCR: Tire o Cu da Reta, explicando que as imagens foram geradas pela FIFA, e parece que os pobres coitados dos jornalistas não sabiam que haveria a apresentação do exoesqueleto.


Notaram que o pessoal passando não reconheceu o dr. Nicolelis?
Bem, ele não é jogador de futebol…

Como não podia deixar de ser, a pior estirpe do universo – depois de pedagogos e advogados – os jornaleiros, soltou-se uma verdadeira tempestade fecal de insanidades por todos os lados. Na Folha, um dos mais inteligentes articulistas do mundo jornalístico (SQN) disse:

A realidade é brutalmente mais complexa. Ficar em pé e dar uns passinhos, a Rede Sarah de Reabilitação já consegue com êxito há décadas, e de forma mais clara do que o que foi exibido.

Este animal sem rabo acha que pesquisas na área de tecnologia médica, neurociência e robótica podem ser substituídas por fisioterapeutas. Putzgrila, por que não trazem o Stephen Hawking aqui para que o pessoal da Rede Sarah, doravante chamada Hogwarts, balancem suas varinha de condão para curar o cara? E não satisfeito, o jornaleiro continua:

Um paraplégico voltar a andar vai implicar intercorrências em um sistema circulatório debilitado, em ossos enfraquecidos, em um tecido dérmico sujeito a feridas. Tratar de dentro para fora, como os experimentos com células-tronco e estimulação elétrica têm tentado, com menos holofotes, é rumo bem mais certo.

É claro, seu idiota, que os ossos estão fragilizados. Repete comigo:

EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO! EXOESQUELETO!

Aquele exoesqueleto, não só dá a sustentação, seus jornalistas ignorantes, que responde por comandos vindos diretamente do cérebro. Sabem cérebro? Aquilo que vocêds não têm. Porque, se tivessem, não teriam comparado com o Rewalk, que não tem ligação direta com o cérebro. O exoesqueleto do dr. Nicolelis ainda tem uma vantagem: a comunicação é de mão dupla. Se o exoesqueleto toca em algo, o cérebro registra a informação, isto é, você tem tato! Mas isso é uma merda, joguem fora. porque os jornaleiros especializados, com mestrado, doutorado e um currículo vastíssimo em pesquisa estavam esperando isso aqui:

Não basta ter isto aqui:

É pouco, muito pouco. O brasileiro não quer isso. O brasileiro não quer nenhum avanço, nunca estão satisfeitos. Querem a prova?

Não basta fazer paraplégico andar. Se o próprio Jesus tivesse existido, seria algo como:

– Pô, aí! Aquele carpinteiro ressuscitou um morto!
– Grandes merdas. E as criancinhas famintas de Nazaré, hein?

Então,  Roger, do extinto grupo Ultraje a Rigor, ultrajou qualquer ser pensante ao soltar isto aqui:

Que sucesso esse exoesqueleto, hein? Tem que colocar a tábua embaixo sempre? Não é muito prático, né? Show de bola… Cientista arrogante.

Parece que ele apagou o twit, mas a Internet não esquece. Inteligente mesmo, Rogerinho, deve ser você com seu imenso currículo Lattes. Ah, desculpe, seu grupo gravou a música da Galinha Marilu e você não passa de um músico decadente, precisando ficar escrevendo besteira no twitter para saberem que você existe. Malz aí!

Para informação de vocês, seus desinformados, o governo não pagou 33 milhões para aquela apresentação. A pesquisa nunca termina. E se vocês acham ruim, vejam isso:

Tá vendo este trambolhão? Isso, queridos, é um dos primeiros marca-passo, e fó as perninhas dos fios iam para dentro do coração. Mas vocês querem o reator de arco do Homem de Ferro ou juntar 3 reagentezinhos e achar a cura do câncer num fim-de-semana. Vocês, simplesmente, me dão nojo!

Este é o Brasil, onde pseudociência tem status universitário, livros são queimados, dicionários são reescritos, autores banidos, livreiros expulsos, bibliotecas depredadas e professores tratados como criminosos. Estamos no início da Idade Média. Começou uma com a Queda de Roma e a destruição da Biblioteca de Alexandria. A nossoa começou quando o brasil foi tomado por este bando de retardados epsilons semi-aleijões. E é por isso que vocês devem repetir o bordão:

BRASILEIRO ODEIA CIÊNCIA!

PS. Agradecimentos ao Gilmar do E-farsas pela ideia da alteração do título

17 comentários em “Eppur si muove (mas para o Brasil não basta) ou Sobre o exoesqueleto da Copa que a Globo não mostrou

  1. Pior que o jeneau jornaleiro da Falha e esse roqueirinho (depois não sabem porque eu considero o rock brasileiro uma BOSTA) foi o que escreveu um super-hiper-mega jeneau jornaleiro da Veja (é, aquele) e seus comentaristas lambedores de cu.

    E como é que vc fala da Galinha Marilu e se esquece do maior “sucesso” da bandinha dele e que resume bem o que ele é: Inútil.

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  2. Já sabendo que a abertura seria simples, como toda abertura de copa do mundo, eu só me decepcionei com duas coisas: a primeira foi o pouco caso da FIFA em mostrar o chute, a outra foi que não foi cumprindo do que estavam falando, ou seja, o paraplégico se levantar, caminhar uma certa distância e chutar a bola. O que eu vi ali, foi o exoesqueleto sendo sustentado por duas pessoas por trás e o chute. O que já é bastante coisa, mas eu esperava mais. No mais, já é um começo o governo investindo em ciência, mesmo que por apenas propaganda.

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    1. @Breno Bernardes,

      Como o próprio Dr. Nicolelis disse, a FIFA deu um tempo limitado (menos de um minuto) pra eles realizarem o teste. Se o tempo oferecido fosse equivalente a quantidade de trabalho, pesquisa e dedicação, com certeza a demonstração do exoesqueleto seria mais completa. Como sempre, a maioria da população não entende como é difícil criar algo assim, para eles ciência é algo mágico, basta ligar uns fiozinhos nessa armadura e “conectar” tudo no cérebro do cara e pronto.

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  3. E assim disse um cientista:

    “A demonstração é um ato simbólico do esforço para usar a ciência e a robótica moderna no lugar da tecnologia centenária das cadeiras de rodas. Podemos e devemos superar essa era antiga e fazer algo melhor. Nicolelis e seus colegas estão, claramente, dando um passo nessa direção. O mais importante é que essa tecnologia possa se tornar prática e útil para pessoas com lesões e que ela seja tão confiável e efetiva quanto uma cadeira de rodas. Veremos no futuro se esse será ou não o caso.”

    Mark Tuszynski, neurocientista americano e diretor do Center for Neural Repair da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), nos Estados Unidos

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    1. @observer, Mark Tuszynski. Agora falou quem sabe.

      Estou perplexo deles pelo menos terem permitirem o cientista ter tentado mostrar sua pesquisa.

      A questão principal, como a maioria dos telespectadores pensam, não era o exoesqueleto em si, pois como vocês podem perceber, ainda há muitas limitações e é ainda um protótipo. Robô que faz muito mais coisas que isso, os japoneses tem aos montes. Mas a beleza está no fato de que o robô recebe uma ordem direta do sistema nervoso, essa é que é a cereja do bolo. O paraplégico não consegue mover seus próprios membros para andar, (não sei qual foi seu trauma), mas os impulsos elétricos que permanecem, saem do cérebro e são codificados em movimento para o exoesqueleto, coisa que suas pernas e braços já não podem fazer. Ele se torna um só com a máquina. Além do fato de ser um brasileiro que é o mentor da invenção e com certeza sem nenhum investimento do governo brasileiro. Palmas para Nicolelis.

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    1. @cloverfield, É que o bom doutor resolver vender seu peixe para o cliente errado.
      Quem sabe se ele apresentasse o exoesqueleto para o DARPA, teria 10 veze mais recursos para a pesquisa

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  4. Brasileiro não esta ”educado” para apreciar esse tipo de coisa,nem investir, preferem esperar que americanos ou japoneses façam e depois comprar importado, Brasil na cabeça de muita gente aqui dentro e la fora só serve pra produzir carne, soja e aço.

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  5. Saiu tudo errado, cacete!
    Mas is not = MAIS.
    Compudador nem sei o que é isso.

    Pô André, nem dá pra editar o comentário antes da aprovação.

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