Você está acostumado com as Grandes Pirâmides de Gizé, túmulos dos reis Khufu (em grego, Quéops), Khafre (em grego, Quéfren) e Menkaure (em grego, Miquerinos). O problema é que os grandes reis viram que construir pirâmides daquele tamanho monumental era dispendioso e não ajudava em nada a proteger os pertences dos reis de ladrões. Então, tiveram a ideia de construir túmulos bem longe dali, no chamado Vale dos Reis, perto da capital do Império Egípcios, Tebas, hoje chamado Luxor. Foi lá que foi feita uma das maiores descobertas arqueológicas de todos os tempos: o túmulo de Tutancâmon.
Mas não eram apenas os reis que tinham seu vale de descanso eterno.
A necrópole de Sheikh Abd el-Qurna também está localizada na antiga Tebas, mas em outro lugar. Ficou conhecida como Vale dos Nobres por ser uma necrópole guardando os túmulos de gente muito importante durante o Antigo Egito, fazendo parte da área arqueológica de Deir el-Bahari, e registra a maior concentração de túmulos privados, totalizando 415 tumbas.
Uma dessas tumbas está registrada com o código TT96 e pertenceu a Sennefer, descrito como “Prefeito da Cidade (de Tebas)” e “Supervisor dos celeiros e campos, jardins e gado de Amon”, o que já deu para notar que o cara era MUITO poderoso, importante e mancha-chuva local. Sennefer atuou durante o reinado de Amenhotep II, da 18ª Dinastia do Egito, que durou de 1439 a 1413 A.E.C.. A essa dinastia, também pertenceu Akhenaton e sua rainha Nefertiti. Mas a data certa de nascimento e morte de Sennefer, pelo nosso calendário, nós não sabemos. As datas eram apenas referência a quem estava mandando e a qual dinastia, e só.
Sennefer foi enterrado numa tumba não muito grande para o seu cargo e importância, mas em compensação é um dos que mantém a melhor conservação da decoração em seu interior, e esta tumba ficou conhecida como a Tumba dos Vinhedos por causa da sua rica decoração nos tetos, formando vinhedos entrelaçados. Veja só.
Aqui uma descrição mais detalhada do que tem lá. Postei o primeiro para você se sentir como se estivesse visitando.
A Tumba dos Vinhedos é conhecida desde 1826, tendo sido visitado pelo egiptólogo Robert Hay, que ficou tão admirado com as artes que fez cópias dos desenhos da decoração do túmulo, que hoje se encontram no Museu Britânico.
É possível que Sennefer tenha recebido um favor pessoal incomum do rei, permitindo-lhe o privilégio de ser enterrado na tumba vazia no Vale dos Reis com a marcação de hoje sendo KV42, mas que originariamente seria designada para a esposa de Tutmés III. Vasos com os nomes de Sennefer e sua esposa, Senetnay, foram encontrados nesta tumba.
Ao longo dos anos, houve inúmeras tentativas de roubar as magníficas pinturas do túmulo. Uma dessas cenas está no Museu de Florença. Outras cenas foram devolvidas, mas, embora originalmente restauradas incorretamente, agora estão em seus lugares corretos. Em 1994, a tumba foi danificada por uma violenta tempestade, mas esforços de restauração lograram num espetáculo a ser mantido pela Eternidade, como bem esperou Sennefer, Príncipe do Egito, Prefeito de Tebas, Supervisor dos celeiros e campos, jardins e gado de Amon.
Que o Reino de Osíris o tenha bem recebido e que seu nome esteja escrito nas estrelas e no Além Vida ganhe o respeito que teve aqui e frutifique-se os ganhos de sua memória preservada.