A brutal extinção em massa no final do período Permiano, há 252 milhões de anos, mandou pra vala 95% de toda a vida na Terra. Pero dela, a extinção que aniquilou os dinos não foi nada. Mas tem um detalhe: evidências sugerem que esta extinção foi muito mais severa na terra seca do que nos ambientes aquáticos, de acordo com os novos leitos fósseis da África do Sul e Austrália.
A drª Cindy Looy é professora adjunta de Biologia Integrativa da Universidade da Califórnia. Ela estuda a resposta das plantas e de suas comunidades às principais mudanças ambientais e às possíveis consequências evolutivas. Sua pesquisa principal está focada na crise biótica do Permiano final e suas consequências.
A Extinção do Permiano foi uma daquelas raras ocorrências que deu tudo errado. Erupções vulcânicas, ocorrendo em grandes pulsos ao longo de um milhão de anos, a liberação de toneladas de metano dos solos permafrost, intensificando o efeito estufa, transformando a Terra no próprio inferno. Só não se sabe o que aconteceu primeiro, já que há um certo atraso entre a extinção de terras no Hemisfério Sul e a extinção marinha no Hemisfério Norte.
Em outras palavras, o que aconteceu com a fauna aquática demorou um pouco mais do que a fauna terrestre, que foram pra vala muito mais rápido. Talvez esta tenha sido a nossa sorte hoje, ou não teríamos sobrado, já que todo mundo teria ido pra vala de uma vez só.
Looy e seus vassalos do seu laboratório realizaram experimentos com plantas vivas para determinar se um colapso da camada protetora de ozônio da Terra pode ter irradiado e destruído espécies de plantas. Outras mudanças globais (por exemplo, um clima quente, um aumento no dióxido de carbono na atmosfera e um aumento na acidificação do oceano) também ocorreram no final do período do Permiano e no início do Triássico e provavelmente contribuíram.
Em terra, a extinção final de vertebrados no Permiano é mais bem documentada em Gondwana, a metade sul do supercontinente conhecido como Pangea, que finalmente se separou nos continentes que conhecemos hoje como Antártica, África, América do Sul e Austrália. Já no oceano, a extinção é mais bem documentada no Hemisfério Norte, em particular por fósseis chineses. A extinção final do Permiano é talvez melhor associada ao desaparecimento dos trilobitas.
Para melhorar as datas anteriores para a extinção de terras, pesquisadores conduziram a datação por chumbo de urânio de cristais de zircão em um depósito de cinzas vulcânicas bem preservado da Bacia do Karoo. Looy confirmou que sedimentos a vários metros acima da camada datada eram desprovidos de pólen de Glossopteris, evidência de demonstra que tais plantas foram extintas nessa época.
Ao examinar o terreno de origem vulcânica, os pesquisadores determinaram que cristais de zircão são 300.000 anos mais antigos do que as datas obtidas para o limite permiano-triássico confirmado na China. Isso significa que a camada de sedimentos que se supõe conter a fronteira P-T na África do Sul tinha na verdade pelo menos 300.000 anos a mais.
A cada momento, sabemos mais sobre o que aconteceu no período Permiano. A cada momento, mais perguntas surgem, mediante as informações que surgem. O Permiano é um mistério em si, talvez mais fascinante que a extinção dos dinossauros, embora não tenha o mesmo apelo de marketing porque… você sabe… com dinossauros tudo fica mais interessante, né?
A pesquisa fi publicada no periódico Nature Communications