Grandes Nomes da Ciência: Stanley Martin Lieber

O menino volta correndo do colégio. Lhe foi impedido vê-los lá, mas seus amigos estão lhe esperando. O menino tomou uns tapas, levaram seu lanche, riram da cara dele. Ele corre pra casa. Seus amigos estão no quarto. Ele entra como um furacão e abre a porta do quarto e se joga na cama. Seus amigos estão lá; eles vão alegrá-lo, eles vão confortá-lo, eles ensinarão muitas coisas. Ensinarão que devemos respeitar as pessoas, independente da cor da sua pele, devemos não ser arrogantes quando somos mais fortes, pois grandes poderes trazem grandes responsabilidades. O menino podia ter usado a faca que levou para matar o bullie, mas não era aquilo que ele tinha aprendido.

Eu poderia contar muitas histórias parecidas, mas não seria a mesma coisa. Ainda assim, muitos de nós vivemos situações parecidas. Os heróis podem ser pessoas simples que acabaram decidindo dar um pouco mais de si. Podem ser pessoas que antes eram arrogantes mas a vida lhes ensinou a duras penas. E muitas dessas histórias foram criadas ou recontadas ou apresentadas por um outrora desenhista do exército que fazia uns cartazes e manuais. Mas você não deve conhecer este nome. Normal.

O nome deste outrora soldado é:

Vocês não acharam simplesmente que eu ia deixar de escrever sobre Stan Lee, acharam?

Há muitas histórias sobre Stan Lee. Histórias sobre como alguém vindo do Bronx se tornou um ícone usando suas experiências diárias e colocando falhas, defeitos e dificuldades em seus heróis com as quais ele estava acostumado. Abordam como ele retratou o mundo à sua volta em vários personagens, como criando Os Mutantes numa alegoria à luta pelos direitos civis dos negros na década de 1960. O problema é que o editor lhe disse que o termo “mutantes” não seria bem compreendido pelas pessoas e pediu que Stan desse outro nome. Ele olhou cada um dos seus personagens, pensou no nome do líder e renomeou os heróis para X-Men. O editou ADOROU! Entre risos, Stan Lee chegou a comentar que ele não entendeu como X-Men seria melhor compreendido pelas pessoas do que Mutantes, mas enfim.

Tio Stan era ótimo em receber fãs. Mesmo que alguns deles fossem daquele tipo de sujeito que quer ver o mundo pegar fogo.

Tem o caso que numa antiga reportagem ele comentou que dali a algum tempo estaria avaliando desenhos por um dólar. 20 anos depois, um zueiro realmente mandou uma nota de um dólar e pediu para ele avaliar seu desenho. Stan começou dizendo que já tinha muito tempo e tal mas, ora bolas, negócio é negócio. Ele realmente avaliou o desenho.

Claro, vocês a essa altura estão perguntando

Tá, isso a gente sabe., todo mundo noticiou “trocentas coisas que você não sabe sobre Stan Lee”. E a parte da Ciência?

Pois é. Lembram-se dos X-Men? Pois é. Stan Lee foi o primeiro a trazer para os quadrinhos os conceitos de genes. Homem-Aranha falava dos usos e aplicações da energia atômica (numa época que havia maquiagem e até mesmo supositório à base de rádio, o elemento e não o aparelho de ouvir música). O escudo do Capitão América (personagem que não foi criado dele, e sim por Jack THE KING Kirby, mas Lee também escreveu histórias pra ele), antes uma arma defensiva, passou a ser ofensiva, o que acabou alterando o formato dele para discoide.

Stan Lee falou de raios gama, mutações genéticas, engenharia, física, matemática, química etc. Não só isso, Stan era um preocupado com causas. Em 1971, ele recebeu uma carta do Departamento de Saúde, Educação e Bem-Estar pedindo-lhe para colocar uma mensagem antidrogas em um de seus livros. Stan escreveu uma história do Homem-Aranha que envolvia seu melhor amigo Harry abusando de pílulas por causa de um rompimento. Na época, o Comic Code Authority, uma espécie de CONAR e Quadrinhos, impedia qualquer menção a drogas nas HQ. Stan Lee bateu o pé e mesmo assim foi incluído.

Quando os casos de alcoolismo estavam bem altos, ele escreveu o arco O Demônio da Garrafa, com um Tony Stark gênio, bilionário, playboy e filantropo alcoólatra, numa das piores fases de sua vida.

No dia 12 de novembro deste ano, o Colaborador se uniu aos poderes cósmicos do One Above All e ao lado dos seres infinitos e eternos que ajudou a criar, o sujeito que ajudou a mudar a visão do que um herói precisa para ser super é agora parte do panteão místico, junto com os Celestiais a olhar por nós. Talvez, tal como o Vigia, Stan não vá se intrometer nas nossas decisões, sendo sempre um eterno cameo de nossas citações e lembranças.

Hoje é dia 31 de dezembro de 2018. Estamos a apenas algumas horas de acabar o ciclo de 12 meses, com 365 dias, 5 horas e alguns minutos. Nenhum de nós tem a genialidade de Stan Lee. Assim, devemos ser protagonistas de nossas próprias histórias, sem passarmos por meros espectadores. Não nos é dado o direito de visitar outras realidades. Só temos uma e devemos vive-la e fazer parte da vida de muitas pessoas. Não são personagens, são pessoas reais, com motivações reais. Não podemos reescrever suas histórias, não podemos pensar bem e passar a borracha no que fazemos ou falamos na maioria dos casos. O que podemos é ser heróis dessas pessoas, ser alguém que estende uma mão em caso de necessidade, que sabe que a melhor atitude é chamar outro que é mais capaz que nós quando nós mesmos estivermos em necessidade. Há muitos heróis na cidade, verdadeiros amigos da vizinhança; pessoas que muitos seriam tidas como fantásticas, verdadeiros deuses que farão de tudo para ajudar o próximo, muitas das vezes quando estes mesmos deuses estiverem em seus piores momentos. São coisas que mesmo um cego poderá ver ou “ver” com outros sentidos além de nossa limitada percepção.

O ano novo irá começar em algumas horas, como um gibi que encerra e pegamos outro para ler, ávidos para saber quais aventuras se descortinarão no porvir. O que se passou é um gibi encerrado, algo que nos marca, mas deve ser visto como uma lembrança, estímulo e inspiração, mas não a nossa realidade. É algo que passou e se formos nos apegar isso, seremos apenas alguém de pés grandes, e isso, amiguinhos, não é evolução. Evolução, ainda que não signifique melhoria, é algo que nos empurra para o próximo capítulo, na próxima página, no primeiro balãozinho a ser lido. Nuff said.

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