Grandes Nomes da Ciência: Eugene Cernan

O Último Homem está indo pra casa, saindo daquele mundo que ele conhecera de perto, mas ficara tão pouco tempo lá. O Último Homem olha pro que ele tem nas mãos e sorri, mas também tem um aperto no coração. Ele sabe que não voltará mais ali. O que o Último Homem não sabia é que não só ele não voltaria mais ali, mas nenhum de seus amigos, conhecidos ou membros de sua espécie retornariam àquele mundo.

Eugene Cernan foi o último homem a pisar na Lua. Ele foi o último a embarcar no módulo da Apollo 17, a missão que foi à Lua em dezembro de 1972. Ninguém mais visitou o nosso satélite.

Eugene Andrew Cernan nasceu em 14 de março de 1934, em Chicago, Illinois, filho de um eslovaco com uma tcheca. A Segunda Guerra Mundial ainda demoraria uns 5 anos para ter início, o que implica que a Guerra Fria ainda não tinha começado também e, por isso, a Tchecoslováquia só apareceria dali a uns anos também.

O menino que fora escoteiro entrou para a Universidade Purdue e se graduou em Engenharia Elétrica em 1956. Ele não foi nenhum gênio que quebrou paradigmas na Ciência. Nem todo mundo precisa ser. Ele preferiu ingressar na Marinha, no Corpo de Oficiais da Reserva, começando seu treinamento como piloto em 1958, tendo pilotado o caça-bombardeiro FJ-4 Fury. Em 1963, Eugene Cernan concluiu seu mestrado em Engenharia Aeronáutica, enquanto acumulava 5000 horas de voo. Em outubro de 1963, Cernan foi escolhido, junto com outros 14 astronautas, para participar do programa Gemini e depois o Apollo.

“Gene” Cernan ainda foi agraciado com os títulos de Doutor Honoris Causa da Faculdade de Direito da Universidade Estadual Ocidental em 1969, Doutor Honoris Causa de Engenharia da Universidade de Purdue em 1970, Universidade de Drexel em 1977 e Universidade de Gonzaga e apresentou o Seminário de Economia e Gestão do Petróleo, Northwestern University, em 1978.

Mas a paixão de Gene Cernan ainda era o Espaço.

Ele ocupou o banco do piloto ao lado do comandante Tom Stafford na missão Gemini IX. Durante este voo de 3 dias que começou em 3 de junho de 1966, a espaçonave conseguiu uma órbita circular de cerca de 259 km, em que a tripulação usou três técnicas diferentes para efetuar o encontro com o adaptador de acoplamento lançado anteriormente. Eugene Cernan, então, foi o segundo americano a caminhar no espaço, registrando duas horas e dez minutos fora da espaçonave em atividades extra-veiculares. O voo terminou após 72 horas e 20 minutos com uma perfeita reentrada e recuperação do módulo.

Era o início da aventura espacial, e se os profissionais eram bons e competentes, temos que atribuir que também deram sorte. Ainda bem!

A próxima missão de Cernan foi o de comandante da nave espacial de apoio para o Apollo 14. Ele fez seu terceiro voo espacial como comandante da nave espacial da Apollo 17, cujo lançamento foi em 6 de dezembro de 1972, com o primeiro lançamento noturno tripulado e concluído em 19 de dezembro de 1972. Com ele na viagem do módulo de comando “América” ??e o módulo lunar “Challenger” estavam os astronautas Ronald Evans, Harrison H. (Jack) Schmitt. Eles desembarcaram em Taurus-Littrow, localizado na borda sudeste de Mare Serenitatis, Cernan e Schmitt montaram uma base de operações a partir da qual eles completaram três excursões altamente bem-sucedidas para as crateras próximas e as montanhas Taurus, tornando a Lua a sua casa por mais de três dias! Esta foi a última missão para a Lua, registrando feitos incríveis: maior voo de pouso lunar tripulado (301 horas e 51 minutos) e atividades extra-veiculares da superfície lunar por um período mais longo (22 horas e 6 minutos).

Enquanto que Cernan e Schmitt realizaram atividades na superfície lunar, Evans permaneceu em órbita lunar a bordo do “América”, completando As tarefas de trabalho atribuídas que exigem observações geológicas, fotografia portátil de alvos específicos e o controle de câmeras e outros equipamentos científicos altamente sofisticados transportados no módulo de comando.

O capitão Gene Cernan registrou 566 horas e 15 minutos no espaço, das quais mais de 73 horas foram gastas só na superfície da Lua. Ele estava em casa, se sentia em casa, mas era bom demais para ser verdade. Ele teve que voltar!

Em setembro de 1973, Cernan assumiu funções adicionais como Assistente Especial do Gerente de Programa do Programa de Nave Espacial Apollo no Centro Espacial Johnson. Nesse posto, Cernan ajudou no planejamento, desenvolvimento e avaliação da missão conjunta Apollo-Soyuz dos Estados Unidos e da União Soviética e atuou como gerente do programa como negociador sênior dos Estados Unidos em discussões diretas com a URSS sobre a missão Apollo-Soyuz, mostrando que por mais que inimigos se hostilizem, ainda que friamente, apenas a Ciência é capaz de unir povos, como aconteceu quando a Apollo 13 deu chabu e o Kremlin pediu encarecidamente que todas as frequências de rádio fossem silenciadas (DESLIGA ESSA MERDA OU É SIBÉRIA!) para que não houvesse problemas de comunicação quando os astronautas eram trazidos de volta.

Em 1 de julho de 1976, o capitão Cernan se aposentou depois de mais de 20 anos na Marinha dos Estados Unidos. Ele simultaneamente terminou sua associação formal com a NASA.

Hoje o Espaço está triste. A Lua chora pois o último que a beijou se foi para sempre. Eugene Cernan faleceu ontem, dia 16 de janeiro, aos 82 anos. Piloto, engenheiro, cientista, astronauta e aventureiro. Cernan acumulou uns pedaços de metal, como a Medalha de Serviço Excepcional da NASA, o JSC Superior Achievement Award, duas Medalhas de Distinção em Serviço da Marinha, as Asas de Astronauta da Marinha, a Cruz de Distinção de Voo da Marinha, Medalha de Ouro da Federation Aeronautique Internationale, a Medalha de Honra das Filhas da Revolução Americana, o Prêmio de Reconhecimento Mundial da Eslováquia e a Medalha Eslovaca de Honra Presidencial.

Mas o maior prêmio foi estar na Lua, aonde poucos foram. Um lugar que eu mesmo não irei. Eu estou olhando pela janela e vejo, mesmo no céu azul, a Lua com um tom esmaecido. Alguns me dirão que é por causa da grande quantidade de luz solar, mas eu penso que é porque ela está triste, mas não deveria.

A última pegada está lá, imortalizada pelo ambiente sem ventos, guardada para a posteridade, junto com o beijo invisível deixado por Cernan à sua consorte, servindo de alento aos corações, e a Lua se lembra disso, brilhando mais forte, refletindo bem os raios do Sol que se compadece de sua companheira e sente a dor de uma união desfeita.

Muitas sociedades criaram mitos, lendas e religiões para saudar sua sociedade e venerar seus heróis. Eu arrogo para mim o direito de criar meu próprio mito, mesmo que seja kibando outro, como é típico em todas as sociedades. Para mim, lá nos confins dos éons do espaço-tempo, Eugene Andrew Cernan, um dos Grandes Nomes da Ciência, chega e é recebido com alegria por Ëarendil, O Abençoado. Marinheiro como Cernan, ele ousou navegar até a terra abençoada dos Valar para pedir ajuda. Ëarendil, aquele que decidiu não mais voltar ao reino dos homens mortais, fadados ao Eterno Sono navega em Vingilot, e no barco há pessoas bem conhecidas. Kepler, Galileu, Yuri Gagarin, Vladmir Komarov, Neil Armstrong e tantos outros que olharam para os céus, para além das estrelas.

E quando eu vir a estrela passando pelo negrume da noite, eu me lembrarei de todos eles. Erguerei a mão e saudarei dizendo Aiya Eärendil Elenion Ancalima!

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