O Brasil que odeia superdotados

Eu sempre digo, com justa propriedade, que o Brasil odeia ciência, mas a verdade é que eu estou sendo até getil com isso. O Brasil não odeia só ciência e cientistas. Odeia qualquer pessoa com um mínimo de capacidade a mais. No caso de superdotados, então, pior ainda. Na cartilha pollyanística, todos nós somos capazes, todos somos iguais, mesmo os mais lentinhos.

Deixem-me contar o segredinho: existem pessoas medianas, existem pessoas com deficiências e existem pessoas superdotadas. Eu tive mais um vislumbre do câncer educacional que reina neste país ao ler a história comovente de dois superdotados, mas com destinos muito, muito diferentes.

A reportagem saiu na Época, e podemos ver onde está realmente o problema em termos de Educação. Um é Giovanni Ferreira Pinto e outro é Dirceu Manuel de Andrade. O primeiro se tornou pesquisador da USP. O segundo, um presidiário.

Eu não vou repetir a história. Ela é longa e merece ser lida na íntegra, mostrando que ainda temos jornalistas neste país, e não só os malditos jornaleiros que inventam manchetes retardadas e escrevem feito analfabetos. Farei apenas um resumo das partes mais importantes

O que nós vemos na reportagem é como a classe educacional é idiota. Pedagoguinhas e pedagogões com a mesma ladainha “ninguém é melhor que ninguém”. MENTIRA!  A NASA não me chamou para ser astronauta, a Bayer não me chamou para ser diretor-presidente, a Malásia não me convidou para ser seu rei. Sim, há pessoas melhores que outras. Da mesma maneira, estagiáriozinho de uniesquina não vai tirar o meu emprego.Presidente da República é moleza. O povo vota e elege qualquer um, como já provado, e nem tocarei no assunto de deputados e senadores.

Giovanni e Dirceu enfrentaram o escárnio da sociedade pedagoguística, que não suporta criança inteligente. Eles preferem as burrinhas (sim, existe criança burra, existe adolescente burro e acaba sendo adulto burro). Não sabiam trabalhar com aqueles dois. Indisciplinados? Isso não acontece com superdotados propriamente ditos. Acontece com qualquer criança mais espertinha que a média da sala, mas temos que nivelar por baixo. O Cleverson Carlos com QI igual à temperatura ambiente não pode passar vergonha por escrever “Çaúde”. Aulas de reforço pra ele poder acompanhar a turma? Não, muito errado de acordo com a seita paulofreireana. Temos que abaixar o nível. As crianças que aprendem rápido ficam com enfado. Aquil é chato, um tormento. Ainda vivemos num mundo em que canhotos são vistos como criaturas erradas. No meu tempo de colégio, meu coleguinha, que era canhoto, teve o braço amarrado, pois o CERTO é escrever com a mão direita.

Ah, mas aí você dirá que isso é porque faz uns 40 anos, certo? Não, acontece ainda hoje, e eu sou muitas vezes apontado como errado, pois uso relógio no pulso direito, sendo que o CERTO é usar no pulso esquerdo. Mulheres, me disseram, é que usam relógio no braço direito. Mas o que tema sexualidade a ver com isso? No máximo se eu estivesse desprovido de um relógio. Só aí eu ficaria sendo sem-hora (eu precisei realmente fazer esta piada. Compreendam).

Uma multinacional reconheceu o talento de Giovanni, mas Dirceu não teve a mesma sorte. Passando por revezes pessoais, ele acabou indo trabalhar em chão de fábrica. Acabou se acidentando e incapacitado de voltar ao trabalho. A empresa o dispensou, ele acabou se tornando alcoólatra. Foi acusado e interrogado quando estava bêbado, respondendo que era culpado. Pra cadeia! Ao voltar a si, ele implorou para tirarem as impressões digitais do pedaço de pau que foi usado como armado crime. O promotor da cidade de Campanha disse que lá não tinha chegado essas novidades. Dirceu está prestes a ser sentenciado a uma pena de 30 anos por homicídio qualificado, sem nenhuma prova. In dvbio pro reo é o meu ovo esquerdo!

Depois de uma vida complicada e chegar até mesmo a trabalhar como tradutor no Vaticano ao lado do Papa, Giovanni achou que bem que podia mudar a situação de outros como ele. passou em primeiro lugar no vestibular da USP para Pedagogia e lá viu o que a ralé da Pedagogia realmente é: um bando de imbecis arrogantes que acham que são o ápice da Humanidade. Mais uma vez, o lenga-lenga “ninguém e melhor que ninguém” e é fácil entender isso. Aluno que quer saber, questiona e indaga não serve, apesar do que a ralé discípula do imbecil do Paulo Freire sustenta.Eles querem os lentinhos, os burrinhos, não os inteligentes e com facilidade de aprendizado. Isso porque se formos ver a ementa do curso de Pedagogia veremos que eles apenas são adestrados nas cartilhinhas de gente há muito morta e que efetivamente nunca deu aula a sério. Piaget fazia experimentos de desenvolvimento com os filhos, o que é risível em termos de método científico. Duplo Cego? QUÁ! QUÁ! QUÁ!

Desde pequenos Giovanni e Dirceu foram tidos como garotos que queriam aparecer, crianças metidas, arrogante se prepotentes. Não demora muito, estaremos mandando gente que usa óculos para campos de concentração para reeducação, pois eles são intelectuais. Funcionou muito bem na Revolução Cultural de Mao Tsé Tung, que não foi uma revolução e muito menos cultural.

Hoje, Giovanni luta pelos superdotados, termo que as pollyanas não gostam de dizer e sim “altos habilidosos”. Ele ajudou que se aprovasse uma lei garantindo um percentual das escolas municipais de São Paulo um programa especializado para superdotados. Você sabia disso? Duvido muito que este projeto realmente seja tocado direito (se for).

Como resolver o caso dos superdotados, como melhorar o ensino de uma maneira geral? Bem, analisando tudo isso, podemos ter certeza que é muito fácil começar. Basta erradicar o curso de Pedagogia e acabar com a “profissão” de vez, preferindo-se formar professores de verdade, não essa escória que viceja nos campi, e em vários colégios. Ambos, Giovanni e Dirceu foram parar em possocólogos (possocólogo está para Psicologia como os jornaleiros do G1 e similares estão para jornalismo sério e pedagogos estão para Ensino). Estes pseudoprofissionais declararam que ambos tinham problemas. Não têm. Hoje é fácil. A criança é… criança, e se repararmos que basta 5 minutos de uma fila de supermercado que todo mundo estará conversando, vemos que essa babaquice de “hiperatividade” não é o que dizem ser. Se a criança está dispersiva (claro, né? Ela está na frente das outras crianças. Aquilo quie está vendo realmente é chato), mete-0se ritalina nela. Brincando como uma criança normal? É hiperativa. Mete calmante nele. Daqui a pouco teremos um monte de zumbis idiotizados por causa de duas classes de pseudoprofissionais mais idiotas ainda.

E resultado disso nós vemos na seção de comentários, com a divisão de gente relacionando superdotados à anatomia masculina e outros idiotas reclamando que a reportagem é grande e internet tem que ser sintética. Algo como uma foto retardada do Facebook, imagino. A prova que brasileiro odeia ciência, odeia cultura, odeia ler, odeia agir feito gente normal. Deveríamos aprender a linguagem dos chimpanzés escrever artigos assim para eles, porque se depender do Brasil…


Eu ficarei feliz (e este é meu mais íntimo e último desejo) ao ver a última pollyana enforcada om as tripas do último possocólogo

17 comentários em “O Brasil que odeia superdotados

  1. Uma pena não ter conhecido o professor Giovanni antes. Fiz minha licenciatura na Faculdade de Educação da USP, e gostaria de ter tido professores como ele, e não como uma louca que proibiu o uso do termo “evolução” em sala de aula porque essa palavra automaticamente remete ao darwinismo social.
    Enfim, foram seis árduas matérias que não me preparam EM NADA pra lecionar de verdade, construtivismo nenhum serve pra apartar briga de aluno em sala de aula.

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  2. Às lágrimas, amigos.

    Os Épsilons semi-aleijões são os preferidos de todos quando o assunto é comportamento. Quando são as notas, todos querem ter um filho Alfa.

    Mesmo quando os Alfas levam porrada todo dia, quando não aprendem a ser invisíveis, eles têm (nós temos?) orgulho em ser Alfas. Mesmo tendo que fingir ser um Épsilon, para melhor passar.

    Às lágrimas.

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  3. Curioso havia começado a ler a reportagem ontem, mas como era longa, acabou dando à hora de meu filho ir para à escola e não cheguei a terminar (coisa que fiz agora).

    Quanto à Dirceu, homicídio (doloso) é julgado pelo júri, ou seja, o julgamento é completamente atécnico e pode sair qualquer coisa, se o defensor for bom de papo e os jurados se sentirem sensibilizados, quem sabe ele não saia dessa.

    Já quanto à qualidade de ensino no Brasil não há o que comentar, é patética e sempre vai ser.

    Eu sempre fui muito curioso, principalmente nas aulas de história, geografia e biologia, era o moleque chato que ficava fazendo mil perguntas para saciar minha imensa vontade de aprender mais, porém, tanto os meus colegas quanto os professores meio que me repudiavam por isso, e, para me enquadrar, acabei por começar a ficar calado.

    O mesmo ocorreu em minha faculdade de direito, no começo era muito curioso, depois comecei a calar a minha boca e estudar em casa.

    Por isso, de certa forma, entendo o que essas crianças, hoje adultos, passaram (não sou superdotado, longe disso), e me dá um misto de pena e revolta por saber que isso não vai mudar.

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  4. me lembro quando abaixaram a nota de corte pra 5, todo mndo feliz, mas ainda assim tinha gente burro o suficiente pra reprovar, estudei em colegio publico e era um inferno, pessoal sempre implicando pq eu tirava nota alta, só melhorou na faculdade, e pra falar a verdade nem achei a prova tão dificil, claro, estudei pra caralho. Na faculdade fiquei feliz por encontrar pessoas mais inteligentes que eu, onde eu pude falar de assuntos mais complexos e ter uma boa conversa, na faculdade eu me tornei apenas um aluno mediano.
    Particularmente não me acho tão inteligente, trabalho como analista de sistemas, e na empresa reconheço que existem pessoas mais capacitadas que eu.
    Fazendo um paradoxo com a educação de países de primeiro mundo como o japão, onde o ensino fundamental é obrigatório (elementary e junior high) que vai até os 15 anos, e se reprovar perde as férias fazendo curso de verão.
    Aqui o que vale mesmo é voto, indices maquiados pra provar que a educação melhorou quando na verdade tá um lixo.
    Enfim, cada país tem o governante que merece.

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    1. Problematizam tudo! Algumas Feministas não ficam falando que a Ciência é machista?! Que tudo que ela produz são para reforçar o patriarcado em detrimento à mulher?!
      Mas esse caso em específico da Matemática foi apenas burrice mesmo…

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      1. Já reparou também também que atualmente tudo é alienação.

        Exceto essas merdas de textos e imagens que esse pessoal tira sabe-se lá de que cavidade corporal e publicam no faceburro.

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  5. Eu também era aquele cara chato que sempre se destacava na sala de aula por só tirar notas altas. A diferença é que nunca estudei nada, nunca fiz o mínimo de esforço no colégio.
    As coisas só mudaram um pouco quando fui morar na Inglaterra por um ano. Os professores lá perceberam que eu pegava as coisas muito rápido e mesmo tendo chegado lá sem saber uma palavra de inglês fiz quatro séries em um ano.
    Mas quando voltei para o Brasil chiaram que era um absurdo e que eu não conseguiria acompanhar e queriam que eu voltasse algumas séries. Meus pais bateram o pé e comecei o segundo grau com 11 anos. E nenhuma novidade, continuava sendo o melhor aluno da classe sem fazer nenhum esforço.
    Me obrigaram a fazer a porcaria do segundo grau inteiro para entrar na faculdade mesmo eu tendo passado no vestibular para engenharia elétrica na UnB sem esforço.
    Acabei indo fazer administração na UnB, pois meus pais diziam que não conseguiria nenhum emprego fazendo engenharia elétrica (não tiro a razão deles) e fiz um dos cursos mais patéticos que existe. Quatro anos de faculdade para aprender… trate bem os funcionários e os clientes. Serio! O curso se resume a isso!
    Me incomodou tanto o curso ser tão inútil que após fazer um Mestrado me ofereci para ser professor voluntário na UnB. No primeiro dia mostrei que seria bem exigente… o resultado foi patético! Metade dos alunos foram ao departamento reclamar, a outra metade trancou a disciplina. E a coordenação do departamento veio me dizer que eu não podia reprovar os alunos.
    Não vejo solução para o sistema educacional brasileiro.

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