Mais antigo DNA humano foi encontrado, e não foi no Ratinho

Eu sempre achei o DNA o maior barato. Não, é sério! DNA é tão maneiro, mas tão maneiro, que até eu tenho um! Os homens de antigamente (beeeeem antigamente) também tinham, mas até hoje não se obteve um DNA tão antigo assim, de modo que prestasse para algo. Agora, cientistas encontraram a mais antiga evidência de DNA ainda da história biológica dos seres humanos.

Longe de explicar tudo, esta descoberta até nos traz informações, mas de carreto vêm mais dúvidas.

O fóssil encontrado nada mais é que um osso da coxa devidamente fossilizado, com 400 mil anos. A não ser que você acredite em chuvaradas inundando um planeta surgido há 6 mil nos, tem que concordar que isso é muito, muito velho. O recorde de uma descoberta desse tipo tinha a datação de 100 mil, 100 MIL ANOS! Esse fóssil foi encontrado na Espanha, e algumas teorias foram postuladas afirmando que ele foi um ancestral dos neandertais.

Mas o DNA, aquele sacaninha, parece pregar peças na gente; porque o mesmo mais parece ser o DNA de uma linhagem que poucos ouviram falar e com certeza não são mencionados nos livros didáticos dos colégios (principalmente se for daqueles bem toscos que dizem que astrologia é ciência). Estes hominídeos são chamados de "Hominídeo de Denisova". O fóssil deste hominídeo foi encontrado na caverna Denisova (d’oh!) e uma equipe liderada pelo dr. Johannes Krause, da Universidade de Tubingen, e o dr. Svante Pääbo, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, estudaram e sequenciaram o DNA mitocondrial (DNAmt) extraído do fragmento.

O dr. Mathias Meyer é geneticista do também do Instituto Max Planck, e lidera o grupo de sequenciamento  avançado de DNA, mas ele não é chique o suficiente para ter página própria. Aliás, não colocaram nem a foto dele, só das beldades, como a doce Petra Korlevic, com carinha de nerd chick. A despeito disso, o dr. Meyer não fica indo em programas duvidosos para acabar com briga de lavadeiras pelo porteiro amado. Ele faz testes de DNA para outras finalidades, como por exemplo saber quem foram nossos tatatatatatatatatatatatataravós.

Foi ele quem liderou o grupo que analisou o DNAmt do defuntão encontrado na Espanha (geneticistas saem correndo para mandar um pai-de-santo fazer um trabalho numa encruzilhada contra mim). O fêmur foi encontrado numa caverna espanhola chamada Sima de los Huesos – O Poço dos Ossos. Em algum filme decente, viria uma maldição, um exército de esqueletos se ergueria com escudos e lanças, mas assim mesmo seria inferior a Jasdão e os Argonautas. Se bem que os efeitos especiais… como? Desviando de assunto? Ah, ok! Mal aê.

Até pouco tempo atrás, não seria possível sequenciar o DNA daquela bagaça, mas a tecnologia envolvida é de ponta. E agora pode-se estudar melhor as ossadas que se encontram naquela caverna, já que ela não tem o nome que tem à toa. São muitos ossos de hominídeos que são encontrados ali, mas este fêmur é especial por causa da sua idade.

O dr. Meyer e seus colegas perfuraram o fêmur e, VOILÀ!, encontraram material genético prontinho para ser analisado. Eles esperavam que fosse neandertais, mas não foi bem isso que encontraram. As comparações com os registros genéticos dos neandertais não batiam. Assim, eles resolveram comparar com outra coisa, e os escolhidos foram os hominídeos de Denisova. BINGO! Bem semelhante. Então, o fêmur pertenceu a um primo nosso, da linhagem dos denisovanos.

Mas, há um detalhe nisso. Até agora, cientistas tinham em mente que humanos guardam um parentesco com neandertais e denisovanos por causa de um ancestral comum. Ok, nada demais; mas este ancestral teria, supostamente, vivido na África. Mas estas evidências apontam para outro caminho. Que nosso ancestral comum teria surgido lá pelo leste europeu e de lá é que foram para a África.

Entrtanto, Ciência não é Ciência se todos concordarem com tudo (ou serem obrigados a isso). O nome disso é "religião". Uma explicação alternativa seria que os neandertais de Sima de los Hoesus não eram bem neandertais, mas um ancestral comum a denisovanos E neandertais. Qual é o mais provável? Não sei lhe dizer.

Ainda pode-se alegar que os seres humanos de Sima de los Huesos pertencem a um outro ramo de seres humanos: Homo erectus, mas se eu ficar nisso, vai virar jogo de adivinhação, e isso não é muito científico.

A descoberta foi publicada na Nature, e nos traz dúvidas, incertezas, e se até mesmo o dr. Manhathan pôde se regozijar de um momento de incerteza, creio que nós também podemos lidar com isso.

Meyer está trabalhando com sua equipe para ter mais respostas. Para isso, terá que estudar mais ossos, mais sequenciamento de DNA. Enquanto isso, alguém de barbicha mal aparada, com um livro de Heidegger na mão e envolto numa névoa de aroma suspeito, olha pra cima e fica viajando na pergunta "Quem somos? De onde viemos?"

Cientistas de verdade procuram as respostas.

Um comentário em “Mais antigo DNA humano foi encontrado, e não foi no Ratinho

  1. A beleza da ciência é justamente essa, uma descoberta pode trazer mais dúvidas do que respostas. De qualquer forma é uma descoberta extremamente relevante, nosso ancestral mais longínquo pode não ter origem na África como se supunha.

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