Eu sempre admirei a história do império romano, na mesma medida que gosto da história egípcia. Creio que quase todos nós sonhamos, quando crianças, ver as maravilhas que eram as pirâmides (não que maravilhas tenham deixado de ser), visitar o Circo Romano e presenciar os triunfos. A civilização romana moldou o que os pedantes chamam de "cultura ocidental", ainda mais se levarmos em conta que o sistema jurídico do Brasil segue os preceitos do Direito Romano. Mesmo com tanta importância que teve a civilização romana, pouco sabemos sobre as pessoas comuns. Não os patrícios, mas povo comum, mesmo. Agora, pesquisadores analisam o povão e estas pessoas simples têm muita história pra contar.
A drª Kristina Killgrove é bioantropóloga e professora de arqueologia da Universidade Vanderbilt. Sua especialidade não é estudar as crônicas escandalosas dos 12 Césares (recomendo o livro). Ela se interessa pelo cidadão comum. Os verdadeiros responsáveis por fazer de Roma.. bem, fazê-la Roma, pois não basta ter grandes generais se você não tem exército, da mesma maneira não adianta ter um grande imperador sem algo a governar.
Como em qualquer sociedade, há os potentados e a ralé, mas é a ralé que sustenta os potentados. Sempre foi. Entretanto, a história é escrita por aqueles que deixam registros. Pobres não podiam ter criptas particulares nem pagar por inscrições em mármore. Muito mal produziam sua própria comida e o excedente era vendido ou trocado nas praças de mercado (isso quando algum maluco não vinha e tomava suas terras, motivo pelo qual Tiberivs Sempronivs Gracchvs – ou Tibério Graco – resolveu ser Tribuno do Povo). Nascia-se, vivia-se e morria-se no anonimato e apenas uma parcela pequena de historiadores se debruçou sobre essa gente.
Killgrove, através do sequenciamento de DNA, procura corrigir este erro e ela conseguiu levantar doações suficientes para fazê-lo (obviamente, ela não mora no Brasil, ou teria sido despejada). Ela pretende trazer à luz os segredos do povo, sabendo até o que comiam, que basicamente era uma dieta à base de trigo, cevada e peixe. A presença de estrôncio e oxigênio revelou que um terço deles havia imigrado para Roma após a sua infância, e teve uma vida muito semelhante à população local. Pelas análises, a bela drª Kristina (um dia eu faço um concurso Miss Cientista) descobriu que muitos imigrantes não eram só jovens, em busca de trabalho, mas muitas vezes velhos, mulheres e crianças. A vida estava meio pela hora da morte na época…
Abaixo, um vídeo sobre a pesquisa que recebeu o nome Ancient Roman DNA Project (não, não tem legenda. Entre num cursinho de inglês):
Iniciativas assim devem ser publicadas, ainda mais quando a bela cientista tem uma bio no Twitter tão legal quanto esta:
Fonte: CNN
Gostaria de mais informações sobre o mapa que aparece aos 2:23. A impressão que tive é que a “colonização” da amazônia se deu por, digamos, mongóis e, mais ao norte, por “germânicos”.
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