Conformismo é, talvez, a pior das situações. As pessoas sentam e lamentam as vicissitudes, sem fazer nada para tentar corrigir ou mesmo minimizar um problema. Sorte da humanidade que muitos não se dispõem a aceitar as coisas e lamentar-se nos cantos com frases vazias como "coisa do destino", "Deus quis assim", "não posso fazer nada" etc. Muitas vezes, realmente, não se pode fazer nada, mas isso não implica que devamos parar de lutar. Quando podemos, aí é que devemos encarar o problema e tentar solucioná-lo da melhor forma possível.
Foi isso que um mecânico argentino fez quando viu que seu filho tinha problemas para andar e desenvolveu uma máquina que pudesse ajudar ao menino.
Ivo Cardile não teve a graça de nascer perfeito. O garoto nasceu com um dano cerebral que o impedia de usar corretamente seus braços e pernas. Seu pai Jorge, que trabalha em uma oficina de carros em Buenos Aires e achou que isso seria injusto para com o garoto. Pessoas comuns sentariam e cairiam em prantos, mas Jorge não é uma pessoa comum. Ele achou que o cérebro do filho tinha que ter uma chance de aprender a usar os membros. As informações estavam ali armazenadas, depois de bilhões de anos de evolução biológica. Jorge tinha que fazer algo que pudesse fazer estas informações serem processadas pelo cérebro defeituoso.
Usando seus conhecimentos, Jorge criou um aparelho de fisioterapia um tanto diferente. Feito com tábuas e pedaços de bicicleta, o aparelho suporta a criança enquanto os pés movem-se, ensinando ao cérebro o que deve ser feito. O aparelho recebeu o nome de Voelio – El caminador que no discrimina. A BBC fez uma reportagem sobre o aparelho, o qual você poderá ver abaixo:
http://www.bbc.co.uk/emp/worldwide/player.swf
Jorge bancou todo o custo do aparelho de seu próprio bolso. Vendo os resultados positivos obtidos com o filho, ele convidou outras crianças deficientes para testar o aparelho, e o retorno tem sido excelente. Mas, não muito diferente do Brasil, parece que na Argentina isso não faz muito sucesso de marketing, já que até agora nenhuma empresa se interessou em produzir o equipamento em escala industrial.
O cérebro é uma das gambiarras mais maravilhosas que existe. Além de todas as suas falhas, ele é maravilhoso em poder aprender coisas há milênios esquecidas. O que para nós é imediato e automático, em outras pessoas isso precisa ser relembrado, mas as informações estão lá… ou estariam, se Evolução existisse.
Quanto a Ivo, ele jamais será um cientista de foguetes, mas seu pai deve ser celebrado como um homem forte que não desiste frente a adversidades e não existe palavra melhor em todos os idiomas que defina isso a não ser herói.
Fonte: BBC Brasil
Caiu uma lágrima aqui… Belo post!
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Muito bom. O Jorge parece ser o dono da oficina, não? Como vc falou, realmente uma pena nenhuma empresa ter investido ainda.
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@batled, empresas visam apenas uma coisa: lucro. Infelizmente para eles não é um excelente negócio pelo fato de não ter muitas crianças a terem esse tipo de problema e as que têm seria uma pequena parcela cujos os pais terão condições de comprar um.
Pessoalmente acho que o governo poderia custear uma pequena produção desse tipo de aparelho. Não deve custar muito criar uma estatal voltada para esse ramo.
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