Grandes Nomes da Ciência: Benjamin Franklin

ben-franklin.jpgEu uso óculos com lentes multifocais. Uma maravilha da tecnologia, onde eu posso enxergar longe e perto sem precisar trocar de óculos. Melhor do que isso, só ficando em casa, tranquilamente, mesmo sob uma forte tempestade, com raios ribombando por todos os lados e mesmo assim me sentir seguro. Essas são as mais famosas invenções de um grande inventor. Ele não foi um grande inventor porque inventou invenções que ninguém inventara. Ele inventou invenções que ninguém pensaria até então inventar, inventando até mesmo um modo novo de inventar novas invenções. As invenções de Benjamin Franklin eram tão abrangentes que iam desde um simples móvel de escritório até culminar na invenção de um país totalmente do zero.

Todos nós sabemos que Thomas Edison era um grande inventor, que influenciou e influencia o nosso dia-a-dia. Ao meu ver, só mesmo Benjamin Franklin pode se comparar a ele, com a diferença que seu temperamento era muito mais tranquilo. Mas ninguém espera que as pessoas sejam exatamente iguais.

Benjamin Franklin nasceu na cidade de Boston, em 17 de janeiro de 1706. Não era de uma família rica, seria mais como hoje em dia chamamos de “classe média”. Ben Franklin era de uma inteligência afiada e tinha atos bem moderados. Para ele, não fazia sentido ter coisas supérfluas em casa. Além do gasto desnecessário, segundo ele, atrapalhava quando se tentava encontrar coisas das quais estaria necessitando no momento. Para ele, um centavo poupado era um centavo ganho e foi com esta visão que ele dirigiria sua vida e seu trabalho.

Chegando à cidade de Filadélfia, aos 17 anos, Franklin enveredou para a carreira que o faria um homem rico: tipografia. A Gazeta da Filadélfia era o jornal mais lido em todas as colônias britânicas em solo norte-americano nessa época. Aos 45 anos, já com uma situação financeira bem confortável, Benjamin Franklin pôde dar vazão à sua mente criativa. Um dos seus principais interesses era a eletricidade, que então era tida mais como uma curiosidade para entreter pessoas idiotas e totalmente analfabetas em ciência do que para fins práticos. Na mente de Benjamin Franklin, a ciência deve sim, ter um fim prático e procurou estudar a respeito.

De acordo com a pesquisa de Franklin, qualquer corpo podia ser eletrizado. Bastava conduzir a eletricidade de um ponto ao outro e que, na verdade, aquele “fluido elétrico”, como ele chamava, não desaparecia. A isso, hoje em dia, chamamos de Lei da Conservação da Energia. Franklin enfurnou-se no seu laboratório e não só pesquisou sobre os geradores eletrostáticos que haviam naquela época, como criou um motor eletrostático bem mais eficiente. Vocês podem ver com maiores detalhes sobre tal motor no site Feira de Ciências.

A pesquisa do tio Benjamin mudou quando ele parou para pensar ao ver uma tempestade elétrica.Para ele, não havia diferença entre a eletricidade estática produzida em seu laboratório dos raios que caíam e destruíam tudo. Era hora de mais uma experiência. A famosa experiência da pipa.

Tio Ben pegou uma pipa, usou tiras de seda para fazer uma rabiola e prendeu uma chave na linha. A eletricidade estática produzida no alto das nuvens foi conduzida pelo fio e Franklin pôde ver que saíam faíscas da chave. Uma descoberta e tanto. Aliás, não só foi uma descoberta soberba como demonstração da incrível sorte de Benjamin Franklin. Quando o eminente físico russo Georg Wilhelm Richmann tentou fazer este experimento, acabou fulminado por um raio. Shit happens.

Franklin, ao contrário do que dizem, não era ateu. Pelo contrário, ele chegou até mesmo a ser ministro, posto que era cristão calvinista. Mas isso não o impediu de ver a diferença entre ser religioso e impor religião. Sendo co-autor da Declaração de Independência dos EUA, Ben Franklin pegou a pena e fez correções na carta redigida por Thomas Jefferson. Franklin riscou todas as menções a Deus, religião e fé que ele encontrou. Um exemplo é o trecho onde Jefferson escrevera “estas verdades são para nós sagradas e inegáveis”; Benjamin Franklin riscou a palavra “verdade sagrada” e escreveu por cima “verdades que dispensam explicações”. Isso demonstra bem que um Estado pode ser laico, sem que seus governantes ou povo passem a ser ateus, pois o Estado, segundo Franklin, tinha que zelar por todos, independente de cor ou credo. Esta foi uma das maiores invenções de Benjamin Franklin, abolicionista ferrenho e um dos ícones do Iluminismo.

Com os Estados Unidos reconhecido como nação livre e independente, Franklin é nomeado Diretor Geral dos Correios e melhora a eficiência do sistema postal. Como ele não era bobo nem nada, vincula suas gráficas ao sistema de correio, o que garante bons frutos em seu rendimento. Ele ainda ficou intrigado sobre como produzir um modo que falsificadores pudessem ser apanhados e notas falsas mais facilmente identificáveis, ele criou um sistema d impressão onde se imprimia folhas de algumas árvores com padrões bem distintos e difíceis de reproduzir.

O tempo, no entanto, cobra seus tributos e com Benjamin Franklin não seria diferente. Com o passar do tempo, ele já não tinha mais a perfeita visão de outrora e era necessário usar óculos. Só que ele dependia de óculos para ler e de outro para ver pessoas mais distante, de forma a reconhecê-las, o que é crucial para um diplomata. Assim, Franklin teve a ideia de simplesmente cortar as lente ao meio. Colocou a lente para ver de longe na parte superior e a de ver objetos próximos na parte debaixo. Estava inventado o bifocal, que duraria mais de 200 anos até que chegassem as lentes multifocais.

Em 17 de abril de 1790, na cidade de Filadélfia morreu serenamente Benjamin Franklin. Gênio, inventor, criador do sistema voluntário de bombeiros, precursor da meteorologia moderna, músico, poeta, filósofo, diplomata, político, economista… Benjamin Franklin foi muito mais do que isso tudo. Foi um verdadeiro sábio, um homem à frente de seu tempo e um exemplo para os políticos de hoje, que nunca seriam capazes de chegar aos pés do homem que escreveu seu próprio epitáfio:

Aqui repousa, entregue aos vermes, o corpo de Benjamin Franklin, impressor, como a capa de um velho livro cujas folhas foram arrancadas, e cujo título e douração se apagaram. Mas nem por isto a obra ficará perdida, pois, como acredito, reaparecerá em nova e melhor edição, revista e corrigida pelo autor.

Benjamin Franklin, o homem que tirou o relâmpago dos céus e o cetro dos tiranos, é um dos Grandes Nomes da Ciência.

9 comentários em “Grandes Nomes da Ciência: Benjamin Franklin

  1. Só para se ter uma idéia da importância desse homem: o rosto dele está impresso na nota mais valiosa da maior economia do mundo. A nota de cem dólares americanos.

    É, na minha opinião a mais importante personalidade dos EUA. Mais do qualquer presidente. Uma injustiça seu rosto não estar esculpido no Monte Rushmore!

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      1. @André, Eu disse que ele foi a PERSONALIDADE mais importante.

        Mesmo não sendo presidente, acho que merecia ter o rosto esculpido no Monte Rushmore, pela importância e influência, mas infelizmente isso nunca vai acontecer.

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  2. Engraçado que ao criar o pára-raios, Ben Franklin foi acusado pelos fanáticos religiosos de sua época, de promover o ateísmo, porque estava extraindo o “Poder de Deus”.

    Uma constante no discurso dos fanáticos é acusar qualquer coisa de que eles não gostam de “promover” o ateísmo.

    Mas graças ao Tio Benjamin, raios não os partirão!

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