Reportagem idiota, informação errada e ciência jogada no lixo

Eu canso de dizer, torno a repetir, mas alguém parece que não me ouve. Vou reiterar: Jornalista falando de Ciência é a mesma coisa que tartaruga tentando costurar.

Dessa vez, não foi o Terra que soltou a bomba (mas aposto que vai replicar) e sim a BBC. Afinal, a equipe que escreve as notícias para a BBC não é formada pelos mesmos que produzem os documentários. Isso é sério, pois ganham uma fama que não merecem; e, dessa vez, o aprendiz de estagiário chegou ao ápice do retardo mental ao trazer a manchete “Estudo questiona ‘sobrevivência do mais forte’ de Darwin”. Segurem os cintos, pois como diria Ben Grimm, tá na hora de partir pro pau.

Esta ameba com síndrome de Down deveria não só ter cuidado ao escrever suas besteiras. Eu não tenho mais esperanças em recomendas a estas toupeiras que LEIAM antes de falar merda. É caso perdido. O resultado é um festival de asneiras histriônicas, perpetradas por um completo imbecil que resolveu escrever um monte de asneiras, pensando em sua notocorda que isso lhe daria audiência. Realmente, deu, mas não da forma que o boçal pensou.

Howard Falcon-Lang é um rematado idiota que deve entender de tudo, menos de ciência ou jornalismo sério (dizem que isso existe. Não sei). Daí, o que acontece? Acaba escrevendo que a pesquisa de pós-doutorado da drª Sarda Sahney, do Departamento de Ciências da Terra, da Universidade de Bristol, Inglaterra, focou-se em mostrar que Darwin estava errado e que a Origens das Espécies falhava ao dizer que os mais fortes sobrevivem. Vocês podem ler o besteirol AQUI.

Acontece, IDIOTA, que Darwin nunca falou isso. O que ele disse é que o ambiente seleciona os que estão mais aptos na busca por recursos. Assim, de acordo com a entrevista dada pelo professor Mike Benton, co-autor do estudo, “a competição não desempenha um grande papel nos padrões gerais de evolução. (…) Por exemplo, apesar de os mamíferos viverem junto com os dinossauros há 60 milhões de anos, eles não conseguiam vencer os répteis na competição. Mas quando os dinossauros foram extintos, os mamíferos rapidamente preencheram os nichos vazios deixados por eles e hoje os mamíferos dominam a terra”.

Ou eu estou maluco, ou Benton CONFIRMOU que a pressão seletiva e a competição com dinos impedia os mamíferos de dominarem o planeta. Sendo de sangue frio, a maior parte dos dinossauros não precisavam (relativamente) tanta comida quanto os mamíferos, que possuem sistema termorregulador. Isso nos diferencia dos répteis, pois precisamos de mais comida para gerarmos nosso próprio calor interno, enquanto que répteis possuem temperatura corporal que varia mediante a temperatura externa. Por isso que répteis precisam ficar se esquentando ao sol e nós, não.

Outro fator é que os mamíferos daquela época eram pequenos como musaranhos. Não tinha nenhum mamífero maior que um gato e um elefante era algo impensável. Mamíferos só começaram a desenvolver-se e separarem-se na variedade de “galhos” da árvore evolutiva depois que os dinos de grande porte morreram. Depois que o cometa caiu em Yucatán, somente animais de pequeno porte, sem muita necessidade de alimentos é que ficou capaz de sobreviver. Força? Não tem nada a ver uma coisa a ver com outra.

Se Falcon-Lang tivesse lido o livro de Darwin, teria visto que não basta pressões seletivas mediante a seleção natural, pois ainda há outro fator: a Seleção Sexual. Mas aí é pedir muito, não é?

Abaixo, o resumo traduzido do artigo que a drª Sahney publicou na Biology Letters:

A biodiversidade dos tetrápodes hoje é grande. Ao longo dos últimos 400 milhões de anos, desde que se tornaram vertebrados terrestres, a diversidade global de tetrápodes tem aumentado exponencialmente, pontuado por grandes perdas durante a extinções. Existem relações entre a diversidade global total de tetrápodes e a diversidade das suas funções ecológicas, mas ninguém compreende plenamente a interação desses dois aspectos da biodiversidade, e uma análise numérica dessa relação não tem sido até agora realizada. Aqui nós mostramos que a diversidade global taxonômica e ecológica dos tetrápodes estão intimamente ligadas. Ao longo do tempo geológico, padrões de diversidade global das famílias tetrápodes mostram 97% de correspondência com os modos ecológicos. A diversidade taxonômica e ecológica global deste grupo relaciona-se intimamente com as classes dominantes dos tetrápodes (anfíbios no Paleozóico, no Mesozóico répteis, aves e mamíferos do Cenozóico). Esses grupos têm impulsionado a diversidade ecológica de expansão e contração do ecossistema ocupado, ao invés de concorrência direta no ecossistema existente e cada grupo tem usado o ecosssistema a uma taxa maior do que seus antecessores.

O que o artigo diz é que não se sabe ao certo COMO foi a interação dos animais com o sistema circundante, ainda mais tendo muitas extinções em massa (ou não tão grandes assim) ao longo desses períodos. A evolução dos tetrápodes (notem que ela é específica aos tetrápodes, seres com quatro membros) foi conjunta e não uma competição direta, o que ainda assim não contradiz tio Darwin. Como todo bom jornalista que não visa informar e sim ter audiência, Falcon Punch Falcon-Lang mistura vários trechos de entrevista, onde um contradiz o outro e acaba tirando tudo de contexto.

A competição por recursos não se baseava só em comida, já que a maioria dos grandes répteis era herbívoro e não estavam interessados em graminhas. Acontece que um brontossauro passando perto da sua casa não é algo que lhe deixasse feliz, e um T-Rex te olhando depois que bateu o sinal do meio-dia era motivo para você ralar peito o quanto antes.&l0

Um comentário em “Reportagem idiota, informação errada e ciência jogada no lixo

  1. Eu tinha visto essa matéria na hora imaginei que haveria repercussão aqui no Cet.net. Mas constantemente vejo a mídia replicando reportagens nesse sentido aduzindo que Darwin teria cunhado que apenas espécie mais FORTE persiste, quando na verdade (ao menos até onde vai meu conhecimento) o que é passado nos ensinamentos de Darwin é que a espécie que persiste é a mais ADAPTADA, havendo grande diferença entre essas palavras.

    Curtir

Deixe um comentário, mas lembre-se que ele precisa ser aprovado para aparecer.