Dando um giro pelo mundo e encontramos direto da Polônia, com sugestão do nosso espião, o Sabino: Algumas pegadas fossilizadas de 395 milhões de anos foram descobertas na Polônia, pertencentes a um animal vertebrado com membros em vez de aletas emparelhadas (o chamado tetrápode). 00-à-esquerda sabe que muitos criaBURRIcionistas usarão isso para desmentir a Evolução, coitados. Por isso, ele insistiu que eu explicasse o que diabos significam aquelas pegadas.
Ao contrário do que possam pensar, a descoberta coloca mais uma informação no cenário da Evolução, já que questiona a origem dos vertebrados terrestres, onde os fósseis encontrados até agora são de 18 milhões de anos. Isso significa dizer que temos não uma falha da Evolução (lamento, ela está mais do que provada em campo, in vitro e in silico), mas algo que a comprova como fato de MUITOS milhões de anos ANTES do que supunhamos. Assim, se você é mais um que acredita na Terra Nova (aquela bobagem da Terra possuir só 6000 anos), lamento, mas não muito. Mais foi mais uma pá de cal em seus sonhos. ;)
O estudo, publicado esta semana na Nature por cientistas da Polônia e da Suécia, revela que as pegadas encontradas são 10 milhões de anos anteriores ao mais antigo fóssil de elpistostegaliano já descoberto (clique na imagem de abertura para ampliar). “Estes resultados nos forçam a reconsiderar toda a nossa ideia sobre a transição dos peixes para animais terrestres”, disse Per Ahlberg da Universidade de Uppsala, que liderou da pesquisa juntamente com Grzegorz Niedzwiedzki da Universidade de Varsóvia.
O registro fóssil dos primeiros tetrápodes consiste de fósseis de corpos e pistas deixadas no solo e em rochas. Os primeiros fósseis de tetrápodes datam do período Devoniano (cerca de 416 milhões e 359 milhões de anos atrás, sucedendo o período Siluriano e precedendo o período Carbonífero) e são precedidos por elpistostegalianos – criaturas que tinham cabeça e corpo semelhantes aos dos primeiros tetrápodes, mas possuíam barbatanas em vez de “mãos” e “pés”.
As datas indicam que os elpistostegalianos não eram transitórios em tudo. Eles não foram os primeiros a adotar novas tecnologias biológicas, mas sim relíquias tardias, sobreviventes e herdadas de outro acestral, enquanto outras espécies evoluíram novos órgãos e, show!, puderam até mesmo sair correndo com eles. A Evolução Natural dá, nem que seja um aneurisma em criaBURRIcionistas. :D
O dr. Per Ahlberg disse: “Eu tenho trabalhado sobre a origem dos tetrápodes por cerca de 25 anos, e esta é a maior descoberta que eu já estive envolvido. É emocionante! (…) Isso significa não apenas os tetrápodes, mas também a origem dos elpistostegaliano foi muito mais cedo do que pensávamos, porque a posição dos elpistostegaliano como precursores evolutivos dos tetrápodes não está em dúvida, e assim eles devem ter existido, pelo menos enquanto”. À direita, vemos a marca de uma das patas, com o modelo de como ela seria (clique para ampliar).
Niedzwiedzki pensa que os donos das pegadas eram, sem dúvida, tetrápodes e bem grandes também. O animal, que criou as faixas acima tinha cerca de 40-50 cm de comprimento. Mas algumas das pegadas tinham 15 centímetros de largura e sugeriu criaturas que tinham cerca de 2,5 metros de comprimento (imagem à esquerda; clique para ampliar). A maior impressão possui 26 centímetros de largura e seu autor foi provavelmente um gigante.
Agora vem a maravilhosa máquina da Ciência, onde não basta um simples achado para ganhar manchetes e ser verdade absoluta (não existem verdades absolutas na Ciência). Biólogos argumentaram que há um pequenino detalhe nisso tudo: Não há fóssil para determinar como eram estes animais. As pegadas estão lá e foram datadas, mesmo assim, uma descoberta leva certo tempo para ser aceita universalmente. O que isso significa? Que mais cientistas se debruçarão no problema, refarão todas as análises e chegarão, ou não, perto da verdade. Eu amo muito tudo isso! Ted Daeschler e Neil Shubin, que descobriram o Tiktaalik, querem estudar melhor o achado, o qual chamaram de “intrigante, mas não definitivo”. Se as teorias se comprovarem, então temos que a evolução dos tetrápodes é bem mais complexa e cheia de meandros, onde o Tiktaalik é mais um ramo da imensa árvore de biodiversidade, mostrando como os processos evolutivos agem. Ele pode não ser a origem dos mamíferos. E daí? Outro animal era, ou não, e isso é o importante para sabermos mais sobre nossas origens.
Para Shubin, a principal meta é identificar os animais que fizeram as trilhas e estabelecer onde se sentam na árvore evolutiva. Segundo ele: “A anatomia do esqueleto, e muito menos as relações evolutivas do animal que fez as trilhas é difícil de interpretar através das impressões.” Por exemplo, ele diz que um modelo de esqueleto Tiktaalik iria produzir uma impressão muito semelhante à do traçado descrito no artigo. Assim “não há nada na anatomia descrita Tiktaalik que sugere que não tinha um passo”, argumenta Shubin.
Daeschler reafirma que “a Paleontologia é um campo animado, em que novas descobertas constantemente aperfeiçoam o nosso conhecimento da história da vida na Terra”.
O bom da Ciência é que nunca temos respostas definitivas e dogmáticas. Isso é coisa para religiões. Na Ciência, avança-se afim de aprendermos mais e mais. Antes, havia “receitas” onde poderíamos “produzir” ratos em casa. Bastava juntar uma camisa velha, alguns grãos de cevada, umedecer um pouco e deixar jogado num canto escuro. E – realmente – apareciam ratos lá. Até o dia que resolveram observar bem de onde vinham os ratos. Galileu, apesar de seu gênio científico, pensava que as órbitas planetárias não podiam ser elípticas como dizia Kepler, mas circulares. Bem, ele estava errado, mas nem por isso a Astronomia foi abalada, da mesma forma que se descobrirmos o fóssil do animal que deixou as pegadas de mais de 300 milhões de anos (criaBURRIcionista deve sentir o estômago embrulhar quando ouve isso, ou – o mais provável – ignora, é claro), será mais um festejo para a ciência, pois teremos mais peças anatômicas, mais registros, mais dados, muita informação, mais conhecimento. O Tiktaalik? Bem, Lucy também teve sua importância, mas já descobrimos muitos outros fósseis, como o Ardi. A Ciência sempre evolui, ao contrário de crenças que se mantém
No fim das contas, e bem resumidamente, temos: Se alguém achar que encontrar mais informações, levando mais cientistas a pesquisar e muitos outros lugares sobre nossas origens, é uma falha da Ciência, pode internar. Uma pessoa assim deve falar sozinha e acreditar em cobras falantes. ;)
Enquanto isso, divirtam-se com o vídeo produzido pela Nature:
Fontes: Not Exactly Rocket Science e Science Daily
Para saber mais: A relatividade do errado

Nenhum criacionista vai comentar aqui? :cry:
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