Raios cósmicos ameaçam viagens espaciais

Antes que os astronautas ponham os pés em Marte uma infinidade de desafios técnicos precisa ser superada. Proteger os viajantes espaciais do bombardeio de partículas energéticas não é certamente o último entre eles. Fora da atmosfera e do campo magnético que protegem a Terra partículas supersônicas geradas no interior de estrelas investem furiosamente zunindo pelo espaço e bombardeando violentamente tudo o que encontram pelo caminho ? inclusive astronautas. Nos seres vivos, podem causar destruição de material genético.

Durante anos, vários sistemas de proteção foram propostos, de barreiras físicas a blindagens magnéticas ou eletrostáticas ? soluções que alguns pesquisadores de destaque consideraram completamente impraticáveis. No entanto, um grupo de pesquisadores europeus começou a testar um campo de força magnética em laboratório, obtendo resultados tecnológicos que acreditam ser potencialmente viáveis.

Ruth Bamford, física do Laboratório Rutherford Appleton, em Didcot, na Inglaterra, e seus colegas dispararam um feixe de plasma com partículas carregadas com velocidade acima de mach 3 (mach 1 equivale à velocidade do som: 340 m/s), para simular um jato de partículas energéticas solares em um campo magnético induzido. O que observaram foi o desvio praticamente total das partículas carregadas em torno do campo – uma “mini-magnetosfera” relativamente segura, de acordo com o estudo publicado on-line no jornal Plasma Physics and Controlled Fusion, em 4 de novembro de 2008.

Embora essa estratégia tenha permanecido como uma solução potencial para o problema da radiação, abordagens recentes a consideram insustentável. Conforme observado por Eugene Parker, professor de física da University of Chicago, “o peso de um sistema desse tipo seria demasiado para uma viagem espacial viável”. Samuel Ting Prêmio Nobel e pesquisador do Massachusetts Institute of Technology, chefiou o grupo que planejou esse sistema com uma massa de nove toneladas, ainda muito pesado e desencorajador para se pensar numa viagem a Marte.

“Preocupei-me mais com os raios cósmicos das galáxias, que têm energia mais alta, o que exige, portanto um campo magnético mais intenso,” avalia Parker. Suas estimativas dependem da necessidade de desviar partículas, algumas delas 20 vezes mais energéticas que as analisadas por Bamford e seu grupo.


Fonte: Scientific American Brasil

2 comentários em “Raios cósmicos ameaçam viagens espaciais

  1. Algumas coisas que achei estranho nesse texto, o lance das velocidade das partículas (3 mach? isso não é pouco?), campo magnética induzido? tá e cadê o imã para induzir o campo magnético? Não seria criado? A fórmula da força (dp/dt) no campo magnético é QVxB=F (obs: todos menos a carga Q, são vetores), por isso que a velocidade da partícula é importante (obs²: “x” é produto vetorial), é realmente a energia necessária para criar tal |B| seria grande demais.

    Raios cósmicos, acho que isso não é muito o principal problema, pois raios cósmicos não são eventos tão comuns, os que acontecem, são extra solares, ou seja, já “perfuram” o B do sol. o da Terra, tanto que existem detectores espalhados pela Terra para captarem esses raios cósmicos com a intenção de uma pesquisa das partículas, o resultado disso são algumas partículas já descobertas por eles.

    Eu faço a analogia de que são os partículas vindas dos aceleradores de partículas PUNK do universo (centro de galáxias e algumas ainda nem se sabe da onde).

    Eis um site de um dos detectores…

    Argentina:
    http://www.auger.org/

    Enfim, acho realmente que o problema ñ é a radiação para irmos. Também acho que campo magnético não seria a solução tendo em vista os dados, pois precisaríamos de um campo magnético (B) muito potente.

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    1. @110,
      3 mach? isso não é pouco?
      Mach 3 é, realmente, uma velocidade bem baixa, se comparada à das partículas dos raios cósmicos mas, creio, que tenha sido uma prova de conceito, não a construção de um protótipo; aliás, em minha opinião, uma prova meio “desnecessária”, uma vez que se sabe como, e em que intensidade, a matéria interage com campos magnéticos.

      Raios cósmicos, acho que isso não é muito o principal problema,
      O problema com os raios cósmicos, fora de nossa atmosfera, é que não se sabe, com certeza, quais seriam os efeitos sobre o corpo humano.
      A superfície da Terra é protegida contra os raios primários, pela atmosfera; sendo que esses, com suas altas energias, é que seriam o problema, pois o ambiente do espaço é bem diferente.

      Nas palavras da NASA, interessada no assunto:
      “But by 2018, NASA plans to send humans outside of that protective bubble to return to the moon and eventually travel to Mars. Astronauts on those missions could be exposed to cosmic rays for weeks or months at a time. Naturally, NASA is keen to find out whether or not the danger of “radiation aging” really exists, and if so, how to handle it.

      Science is only now beginning to look at the question. “The reality is, we have very little information about [the link between] radiation and telomere loss,” says Jerry Shay, a cell biologist at the University of Texas Southwestern Medical Center at Dallas. With support from NASA, Shay and others are studying the problem. What they learn about aging could benefit everyone, on Earth and in space.”
      Otimistas, não?

      Enfim, acho realmente que o problema ñ é a radiação para irmos.
      Segundo a New Scientist:
      “Helped by O’Brien, the FAA’s Civil Aerospace Medical Institute in Oklahoma City investigated the radiation doses likely to be received by people on a 2.7-year return trip to Mars, including a stay of more than a year on the planet. The study estimated that individual doses would end up being very high, at 2.26 sieverts.

      This is enough to give 10% of men and 17% of women aged between 25 and

      34 lethal cancers later in their lives, it concludes. The risks are much higher than the 3% maximum recommended for astronauts throughout their careers by the US National Council on Radiation Protection and Measurements.”
      Pessimistas, não? Isso me pareceu como um bom candidato a problemas.

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