A falácia de estar bem informado.

Num certo dia, eu estava trabalhando quando vieram correndo me falar que tinha dado rebu nos EUA. Alguma coisa sobre um atentado, com avião se chocando com um prédio. Eu ri, achei que era pegadinha. Dei de ombros e continuei o meu trabalho. Muitas pessoas estavam trabalhando, fazendo compras, andando de ônibus, atravessando a rua etc. Só quando cheguei em casa já bem de noite é que eu fui ver que estava todo mundo em polvorosa. Rodei canal por canal até ver o que era: o atentado de 11 de setembro.

Uma das coisas mais idiotas é arrogar para si ser mais bem informado que os outros. Não, porque com a velocidade da internet a velha mídia bliblibli bloblobló.

Adivinhe: no final do dia, todo mundo saberá tanto quanto você, com a mesma mudança nas vidas de todos: nenhuma.

É legal brincar de redação de jornal, com informações chegando a cada segundo, como estava sendo o caso da Guerra na Ucrânia, mas agora virou lugar-comum e ninguém mais se importa, salvo quem mora lá. De que valeu saber primeiro? Eu não entendo. É que nem as postagens em redes sociais “para você começar o dia bem informado”. E faz o que com isso? Pega o 415 Caxias-Barra da Tijuca e paga metade da passagem?

É uma soberba sem sentido. “Ain, eu sei primeiro que você. Eu soube antes”. É o tipo de coisa que alguma criança falaria, e a resposta seria “so fucking what?”. Informação não é conhecimento. Conhecimento não é poder. Se conhecimento fosse poder, o mundo seria governado por bibliotecárias. Você saber algo uma, duas, três horas de antecedência só prova uma coisa: você não trabalha e tem muito tempo livre. No final, a diferença de quem não sabe nada é nenhuma.

É apenas pedância de alguém que quer se enganar se achando melhor que as outras pessoas, mas, no final, é apenas isso que terá que se destaque. No dia seguinte, outras notícias, outra corrida para saber antes, mesmo resultado em suas vidas.

6 comentários em “A falácia de estar bem informado.

  1. Eu passei o dia todo fora da internet “pessoal”, já que estava trabalhando. Cheguei na casa da minha mãe e:
    – Você soube do caso de…
    Não vou reproduzir aqui, era um crime lamentável. Ela me contou. Não mudou nada da minha vida. Desci pro meu quarto e continuei com minha rotina noturna, ainda fora da internet “pessoal”. Tô bem menos puta que o costume.
    Informação é bom, mas informação demais te escraviza.

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