Fotografia é a arte de escrever com luz. Literalmente isso. Algumas reações químicas só acontecem quando recebem quantidade de energia adequada, a chamada “energia de ativação”. Alguns processos podem diminuir esta energia de ativação; são chamados “processos catalíticos” e as substâncias usadas para isso são chamadas “catalisadores”.
Reações químicas que necessitam de luz para ocorrerem são chamadas “reações fotoquímicas”, dois exemplos disso são a própria fotografia e a fotossíntese.
Que tal se tentássemos juntar as duas coisas? Bem, um cara conseguiu.
Um fotógrafo que usa nickname MxMarx no Imgur resolveu fazer um teste. Ele imprimiu sua foto numa placa de petri contendo algas. Não, não precisa de aspas. Ele literalmente criou uma impressão por meio de algas, mas antes, vamos falar de fotografia.
Tecnicamente, é aquilo que eu disse: escrever com luz. Você tem uma placa impregnada com material fotossensível, como por exemplo o nitrato de prata. Ao se incidir luz sobre ela, a prata em estado Ag+1 se reduz e vira prata metálica, Ag0. Então, fica tudo prateadinho, certo?
Certo.
Errado. Ela fica prateada em grande quantidade e depois de passar por polimento. Prata finamente dividida é preta, logo, o papel escurece. Só que, assim como na vida, não é um acontecimento preto e branco, mas tem tons de cinza. E estes tons variam mediante a intensidade de luz. Quanto mais luz, mais escuro. Zero luz, fica branco, já que a substância não reagiu.
O problema com isso é que teremos uma imagem negativa depois que a placa fotossensível cumpriu o seu papel, e a mesma coisa acontecerá se for placa de vidro, papel e/ou filme fotográfico. Vamos tratar como se fosse filme, ok?
Depois de termos o filme já registrado, é preciso que ele seja fixada, para impedir que a reação continue. Achou que acabou? Não, não acabou, pois se formos revelar direto teremos algo como isso:
Esta é a imagem negativa, e é preciso transformá-la na imagem real. Será como se tirarmos uma foto da foto. Mas aí tem outro detalhe: tudo isso precisa ser feito num ambiente cm o mínimo de luz possível, e isso é feito na câmara escura (ou quarto escuro). Ótimo, né? Mas aí vem outro problema: como revelar no escuro se você não for Matt Murdoc?
Muito fácil, entendendo que cada comprimento de onda carrega certa quantidade de energia. Quanto menor o comprimento de onda de uma emanação eletromagnética, mais energia ele carregará. Como a luz de cor vermelha tem grande comprimento de onda e baixa energia, ele não consegue fornecer energia suficiente para que a reação química continue ocorrendo. Já em luz ultra-violeta, a impressão é muito mais nítida, pois fornece grande quantidade de energia (prestes atenção nisso).
Abaixo vemos exemplo de um quarto-escuro-que-é-vermelho:
Não esse
Esse.
Com a luz vermelha, o fotógrafo pode revelar com calma e fixar a foto. Como dito logo acima, fixar é dar um jeito de impedir que a reação química com nitrato de prata continue ocorrendo, e a melhor forma para isso é retirar o nitrato de prata dali, lavando a foto com tiossulfato de sódio. O que ficou impregnado no filme, continuará impregnado, mas sem poder reagir mais.
Depois disso, o filme será usado no ampliador, que é um dispositivo que… amplia; e e assim que aqueles filminhos pequenos produzem fotos do tamanho da parede da minha casa. O fotógrafo instala o filme negativo no ampliador, deixa passar luz concentrada por este negativo, e os feixes dessa luz passarão por lentes condensadoras para serem projetadas em papel fotossensível.
Vai acontecer a mesma coisa que antes, só que quando ele chegar no papel fotográfico, este será sensibilizado, invertendo os tons de preto, branco e cinza. As partes escuras do negativo serão as partes claras e as partes claras serão as escuras. Depois de revelado e fixado da mesma forma que o filme, temos a foto em positivo.
O MxMarx fez tudo isso, exceto a última parte. Bem… fazer, ele fez, mas ao invés de usar papel fotossensível, ele usou uma placa de petri com algas. Ele projetou sua imagem em negativo sobre a placa.
E depois de esperar duas semanas, aguardando as algas crescerem, o resultado foi:
Sim, o cara na imagem de abertura.
O princípio é o mesmo: luz. Organismos fotossintetizantes utilizam luz para sintetizar seu próprio alimento com a ajuda de cloroplastos, que são verdes graças à clorofila. Quanto mais luz, maior será a quantidade de nutrientes produzidos e, com isso, maior será o crescimento desses organismos, e isso será evidenciado pela maior concentração de cor verde. Em contrapartida, áreas menos iluminadas terão tons de verde mais claros. Juntando as duas coisas teremos uma foto viva!
As algas estão ali e se incidir mais luz, elas vão continuar se reproduzindo, até que tudo esteja no mesmo tom de verde. Entretanto, é uma perfeita forma de aliar arte e biologia, com um resultado fantástico.
AQUI, vocês poderão ver a postagem dele, com as fotos em resolução bem maior.
Um comentário em “Uma foto que deixaria o Monstro do Pântano com orgulho”