O segredo genético de como se recuperar de concussões

As pessoas brincam com pancadas na cabeça. Acham que qualquer batidinha não é nada, mas qualquer médico minimamente responsável dirá para levar num hospital para se ter certeza. Traumatismo Crânio-Encefálico é a maior causa de morte e incapacidade em adultos jovens. O dano neurológico não ocorre necessariamente no momento do impacto e pela animação acima você pode ver a caca que apenas no momento do impacto, mas progride ao longo de algumas horas… ou dias. Quando há lesão neurológica sem sintomas aparentes, é que costumam chamar de “concussão”, apesar de ser um termo pouco usado aqui no Brasil.

Um estudo com jogadores de daquilo que chamam de “futebol americano” (em que se disputa com um caroço de azeitona gigante) mostra que a genéticaq pode ajudar na recuperação de concussões. Mas que diabo são essas concussões? Sim, vai um Livro dos Porquês incluso!

Traumatismo Crânio-Encefálico (TCE) é o nome dado pra qualquer pancada na cabeça, geralmente não se referindo a ferimentos penetrantes como facadas ou tiros, apesar de, tecnicamente, também o serem, mas são classificados de forma diferente. Como não estamos falando de guerra campal, deixemos isso de lado, e continuemos com a pancadaria.

Para avaliar o paciente com o TCE deve-se considerar que  se o ABC do trauma já foi avaliado. Esse “ABC” são uma série de procedimentos prévios, agrpados mediante um alfabeto para orientar mediante as iniciais, com o propósito mnemônico de facilitar a identificação de lesões potencialmente fatais. Eles são:

  • A – (Airway) – Vias aéreas e controle da coluna cervical;
  • B – (Breathing) – Respiração e Ventilação;
  • C – (Circulation) – Circulação com controle de hemorragia;
  • D – (Disability) – Exame neurológico sumário;
  • E – (Exposure) – Exposição com controle da hipotermia.

Sendo assim, o médico corre avaliar, diagnosticar e tratar lesões que impeçam a perviedade da via área, a respiração e a circulação. O D de “Disability” orienta a verificar o nível de consciência, pupilas, motricidade periférica etc, procurando a procura a melhor resposta em relação a estímulos dados pelo examinador (sonoros, táteis e dolorosos), para, enfim, decidir se o paciente precisa de uma imagem neurológica, necessitando alguns critérios, como a energia presumida do trauma (o quão forte foi a pancada), alteração de consciência ou de comportamento, isto é, o médico dependerá de informações que o acompanhante do paciente poderá dar, como se caiu de cabeça de um balanço ou se tomou com o pau de macarrão no quengo por ter chegado tarde em casa. Além disso, precisa saber se a pessoa consegue ficar acordada e lúcida e/ou se está agindo de forma esquisita, não necessariamente pensando que e Napoleão, mas isso tabém acontece, mas não tão comum quanto nos desenhos animados.

Examina-se se houve alteração de memória ou incapacidade de descrever o trauma e período posterior, ou mesmo incapacidade de responder (como no caso de crianças). A melhor resposta verbal, de abertura ocular e movimentos voluntários, a famosa escala de coma de Glasgow, define a TCE como sendo leve, moderado ou grave, além disso é avaliado se pupilas tem mesmo tamanho e contraem-se quando iluminadas, verificando se o movimento e sensibilidade dos membros são simétricos.

Sim, queridos, o médico não está de sacanagem enquanto passa a lanterninha pelos olhos e faz perguntas. Ele está avaliando tudo o que foi descrito acima, desde que você botou os pézinhos no hospital.

A Escala Glasgow mencionada acima é uma escala neurológica que tem como objetivo dar uma maneira confiável de estimar o estado de consciência de uma pessoa, inicialmente; em que o paciente fica entre 3 (inconsciência profunda) e 15 (na escala mais amplamente utilizada).

O que costumam chamar de “concussão” é o TCE com menos de 14 na Escala Glasgow, com ou sem perda de consciência e recuperação da mesma, podendo ter, além disso, amnésia. No caso de crianças, fica difícil que elas deem essas informações e evita-se ao máximo mandá-la pra tomografia, pois ficar tomando raio-X no quengo não é algo lá muito legal. Já Ressonância Magnética seria melhor, mas não é nada barata e, por isso, não está disponível em todos os lugares.

No caso de atletas de esporte de contato, como futebol americano, em que a porradaria come solta, fica difícil pois a rigor cada um deles deveria passar pr um diagnóstico. Claro, não é isso o que acontece. Só quando ele começa a apresentar sintomas. Mas quando ele sente tontura, náuseas e aquele zumbido chato nos ouvidos, já se sabe que o negócio não está bom pro lado deles, e quando temos patrocinadores investindo pesado neles para que divulguem as marcas, vem a perguntinha básica: Quando ele pode retornar ao campo?

O dr. Peter Arnett é professor de Psicologia e diretor de treinamento clínico na Universidade Penn State. Seu trabalho sugere que a chave para colocar atletas de volta em atividade pode estarar nos genes. Arnett vem acompanhando vários atletas que tomaram umas porradas na cabeç… digo, sofreram vários traumatismos crânio-encefálicos. Ele oservou que alguns se recuperavam mais rápdo do que outros com lesões semelhantes. Por quê?

Arnett focou seu estudo na apolipoproteína E (APOE), presente nas proteínas de densidade intermédia (IDL), sendo fundamental para o normal catabolismo dos constituintes lipoproteicos ricos em triglicerídeos, cujo polimorfismo é um importante fator de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer. Os genes responsáveis pela APOE influenciam no aparecimento de sintomas após um TCE causado por esportes.

Arnett examinou os três principais alelos do gene da APOE (e2, e3 e e4) e verificaram que o alelo e4 exerce influência nos sintomas que aparecem após o TCE, e é este danadinho que aumenta o risco de alguém desenvolver a doença de Alzheimer.

Em outras palavras, examinando um atleta em busca de seus segredos mais profundos, escondidos em seus genes, a identificação da presença do alelo e4 mostra a maior tendência de algém a possuirsintomas físicos e cognitivos mais pronunciados do que os que não tem esse alelo.  A pesquisa foi publicada no periódico Journal of the International Neuropsychological Society e é a primeira pesquisa que estuda a relação entre o alelo e4 e sintomas pós traumáticas, o que pode ser útil na seleção de atletas e maior atenção quando eles se machucarem., além de servir para outros ramos de atividades em que as pessoas acabem sofrendo pancadas na cabeça, que nunca é algo que e possa deixar pra lá.

Agradecmentos ao @gabrielfforsi e ao @RelativeBrain, meus médicos consultores.


Para saber mais:

3 comentários em “O segredo genético de como se recuperar de concussões

  1. Muito interessante esse assunto… Mas André, o futebol americano é um esporte fantástico para acompanhar depois que se entende as principais regras. Até vou aproveitar o gancho do post e pesquisar como o assunto é tratado na NFL e NCAA.

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