Os monstros de nossa visão periférica

Todos nós sabemos que o cérebro é uma imensa gambiarra evolutiva. Os bilhões de anos de evolução biológica acrescentaram camadas pós camadas, até que todo o nosso sistema nervoso chegasse a ser o que é: uma mixórdia que mal entende o que vê em volta e cria coisas que não existem. O que vemos, ouvimos, provamos, sentimos e cheiramos vem numa algarávia de sensações e o cérebro toscão monta isso udo como mecânico de bicicletas montaria um fusca. O resultado é o mesmo: algo que até atende as suas necessidades, mas dará pau em algum momento.

Um vídeo que rola pelos InterTubos mostra fotos de celeridades em pares (cada qual e um canto da tela), separados por uma tarja preta. Ao rodar o vídeo, você deve ficar prestando atenção ca cruzinha bem no meio da tarja preta, enquanto sua visão periférica detecta os rostos. Dentro de instantes, estes rostos tão conhecidos e amigáveis se enfurecem, tornando-se monstros incontroláveis. Satã Goss? Não, seu cérebro fazendo besteira! Veja a seguir e morra de medo:


AvemariameupaidocéuAemariameupaidocéuavemariameupaidocéu!

Nós já falamos várias vezes sobre visão periférica. Células que não captam totalmente a imagem a seguir, mandam informações pobres para o cérebro. Além disso, os olhos não veem tudo de uma vez só. Ele “varre” o ambiente e o cérebro monta os pequenos pedaços de informação para ter uma imagem ampla. Entretanto, mal ele recebeu uma imagem, ela mudou e essas informações visuais acabam se sobrepondo, umas às outras. Como cada traço é distinto, fica uma confusão danada, onde pega-se o pior de cada figura para montar algo mais feio que a sua sogra acordando de manhã, com a diferença que essas imagens não têm aquele hálito de leão com dor de estômago que sua querida sogrinha tem.

O dr. Jason Tangen é pesquisador da Faculdade de Psicologia da Universidade de Queensland. De acordo com seu trabalho, o efeito de distorção facial resultante da apresentação em ritmo acelerado dos olhos é maior para os rostos que são discrepantes entre si, por exemplo, quando uma foto mostra um indivíduo de testa longa e o outro possui testa pequena, um é negro o outro branco e quando um parece a Dilma e… bem, a foto dela já parece meio distorcida.

O trabalho original do dr. Tangen é de 2011 e foi publicado no periódico Perception, que é sacana o suficiente para detectar o su IP e dizer na cara-de-pau que você não tem o direito de ler um PDF que mal tem 3 páginas. Bem, quem precisa deles se temos algo chamado “Internet”? Leia AQUI o pdf.

Na verdade, Tangen não fez este vídeo. Ele usou outro vídeo com fotos de moças bonitas. O dr. Mark Changzi, um neurobiólogo que deve adorar ficar zuando com fotos de celebridades.

Nossa visão e cérebro evoluíram juntos para detectar rostos, conforme eu falei no artigo sobre Pareidolia, mas não evoluíram para lidar com várias informações ao esmo tempo. O cérebro não é multitarefa; ele pula de m atarefa para outra rapidamente, até a hora que a memória dá pau e começa a mistura de informações. Ele é maravilhoso pelo que nos proporcionou, mas é de um funcionamento extremamente porco. Mas quem disse que tínhamos que ser perfeitinhos? Bem, agora você sabe de onde vêm os monstros: de dentro de você mesmo!

2 comentários em “Os monstros de nossa visão periférica

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