E a educassaum brazileira caumtinua a mexma…

Mais uma vez, estamos na maravilhosa situação que é sempre “mais do mesmo”. Já estamos com os resultados do IDEB, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, referente ao ano de 2011. Ele mostra como “melhoramos” na área educacional, o que pode ser visto diariamente e todas as escolas. Sério, alguém aí só pode estar de sacanagem.

AVISO: Se você é alguma Pollyana que pensa que só porque aprendeu sobre Paulo Freire no curso superior no curso de Pedagogia e acha tem capacidade de entender algo sobre Ensino, NÃO LEIA ESTE ARTIGO! Vá ver filme do Sidney Poitier.

O IDEB é um indicador que sai a cada dois anos e, normalmente, mostra o quanto estamos em maus lençóis. Este índice deveria se chamar IVA, o Índice de Vergonha Alheia, só perdendo para o IVA do R7, que diz que Educação do Brasil se aproxima de países desenvolvidos nas primeiras séries. Are you fuck’n kidding me?

Este tipo de comparação é extremamente estúpida. Comparar a Educação no Brasil e seu questionável avanço com o Ensino de países desenvolvidos é o mesmo que eu pegar um fusquinha e disputar uma corrida de Fórmula 1. Na primeira corrida, eu chego em último. Na segunda, o Rubinho quebra e eu fico com a penúltima posição e o Galvão Bueno ficará se esgoelando dizendo que estou mais próximo do Schumacher.

Enquanto isso, o Ministro da Educação – o equivalente brasileiro ao Ministro da Marinha da Bolívia – fica felizinho que nem adolescente em noite de debutante, comemorando os resultados. Sério, eu fico pasmo como alguém pode comemorar a CATÁSTROFE que está sendo isso que chamam de Educação Brasileira. Comemora-se a nota 5 dada pelo MEC nesta edição do IDEB, sendo que na última análise, a nota ficou em 3,38. O que isso significa? Dobramos a qualidade do Ensino? Pode ser, mas devemos lembrar que o dobro de nada é nada. E o que representa este “nada”? Exatamente o que os alunos saem sabendo dos colégios: nada de nada de coisa alguma.

Perguntinha: Em quantos colégios o Mercadante deu aula? Eu ainda prefiro o Cristovam Buarque, apesar da sua ingenuidade em querer passar filmes nacionais e mudar a Constituição com coisas tão relevantes.

Mas o que é este IDEB? Como ele é calculado? É de comer? Na própria página do Ministério da Educação sobre o IDEB, lemos:

O indicador é calculado com base no desempenho do estudante em avaliações do Inep e em taxas de aprovação. Assim, para que o Ideb de uma escola ou rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula.

Ah, claro! Como não usar o critério de grau de reprovação? Afinal, o aluno que passa sabe a matéria, certo? Seria se 1) Não houvesse o CÂNCER da aprovação automática (devidamente recomendada pelo MEC). 2) Não houvesse este maldito sistema de ciclos que visa mascarar mau desempenho. Usar o sistema de ciclos porque “muitos países usam este sistema” é falta de vergonha na cara, quando esses mesmos países oferecem uma grade curricular que não é esta piada que temos aqui, pagam salários realmente bons aos professores e não colocam mais de 25 alunos em sala de aula (60 alunos em sala, como eu cansei de ter em colégio estadual, podendo chegar até mesmo a 90, é impensável). Aliás, estes mesmos países propõem uma melhor distribuição de renda, impostos mais justos e penas severas para políticos corruptos. Que tal copiar isso também, heeeeeeeeein?

Copiar parte do modelo de um país e não sua totalidade, escolhendo o que mais convém é algo que eu poderia me referir por diversos nomes, mas há velhinhas lendo este artigo agora (ou não, já que algumas delas devem estar em meio a um infarto). Ah, sim, temos as cotas, mas isso não é questão do IDEB, pois ele cuida apenas da Educação Básica, mas já vamos falar sobre isso.

Os ineptos do Inep criaram um sistema que é falho em si mesmo (por acaso? Pois, sim!), pelas próprias legislações em nível estadual e municipal. Com diferentes legislações, ainda que obedecendo à LDB, temos resultados que não podem ser vistos no conjunto, como querem fazer parecer. Nesse ínterim, o Governo tenta de todo jeito impedir haja um investimento da ordem de 10% do PIB para a Educação (fonte).

O líder do Governo da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), conseguiu o apoio de mais de 80 distintos representantes do povo e apresentou o recurso, que agora tem que ser aprovado pelo plenário, onde o Governo tem maioria. Se aprovado o recurso, por maioria simples dos presentes, o projeto do PNE será apreciado em plenário, quando o Governo pretende retirar o percentual fixo de investimento.

Só que este artigo no site do Globo não está completo (maldita imprensa golpista e… Ei! Isso não favorece o Governo?). No texto integral, publicado na versão em papel, há a posição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que como bom tucano, contra o PT, criticou severamente esta posição do executivo, certo? Errado!

Para FHC, isso está corretíssimo. Em seminário ontem (14/08) em São Paulo, Fernandão se posicionou contra o aumento alegando que o problema não é a falta, mas o desperdício de dinheiro público, já que "Educação vem da chama do professor e do interesse do aluno. Temos de valorizar o professor. O problema não são recursos."

Claro, porque temos escolas aparelhadíssimas, limpas, bibliotecas recheadas de bons livros (também temos Bíblias, mas nada é perfeito) e salas de aula confortáveis. Temos segurança e instalações de primeira linha. Estou até pensando em voltar a lecionar em colégio estadual!

Para piorar a sua estúpida empáfia, FHC solta a maravilhosa pérola: "Na Inglaterra, dei aulas em universidades sem muitos recursos, mas com grandes bibliotecas, seminários para os professores se aprimorarem."

Link para a reportagem? O site d’O Globo não tem, mas tem este clipping da notícia, veiculada pela seção de notícias dentro do site da Receita Federal.

Como todo bom tosco, Fernandinho diz como foram suas experiências de magistério. Não num estadualzão, onde vagabundo vai pra aula armado até os dentes, senta numa cadeira quebrada e ai de você, professor, se não aprová-lo. Se ele não te ameaçar, os pais ameaçam u mesmo o diretor, já que ninguém quer ter péssimos índices.

Afinal, como estão os índices? Bem, você pode consultar os dados AQUI e eu quero um dedo de prosa sobre isso, pois mexerei no vespeiro das cotas e "preconceitos".

Vendo os resultados e metas, vemos que não estamos NADA bem. As escolas particulares, como qualquer um com mais de 15 anos poderia esperar, tiveram os melhores índices (FHC não disse se lecionou em colégio público ou particular, mas quando nobres ingleses estudam nas escolas públicas da Inglaterra, não preciso comentar nada, preciso?)

Resolvi dar uma olhadinha na avaliação do IDEB para o estado do Rio de Janeiro (todas as séries, englobando escolas públicas e particulares). O resultado foi 5,1, o que não é nada mal, mediante a média nacional, né? Vamos examinar isso mais detidamente, examinando as escolas particulares. Um resultado de 6,4 para o ano de 2011. Então, eu fui ver as escolas públicas, e o resultado foi de… 4,8. Lembrem-se: números não retratam a realidade. Números CRIAM a realidade.

No início de agosto, o Brasil ficou em excelente posição no Torneio Internacional de Matemática. Eram alunos de qual nível? Eram de escolas públicas? Não, 4 deles eram da PUC, uma universidade particular. Alguém usará isso como prova que a Educação brasileira está melhorando, mas só em usar este tipo falacioso de argumentação é prova mais que cabal que o Ensino NÃO ESTÁ essa maravilha toda.

Enquanto eu vou vendo informações, eu me deparo com algo tão estúpido, mas tão idiota, mas tão retardado, que eu cheguei a gargalhar quando li no site do Estadão: "Aluno branco de escola privada tem nota 21% maior que negro da rede pública". Claaaaaaro,  isso será usado por toda ONG em defesa das minorias. Aliás, eu nunca entendi chamar pessoas negras de minoria. Minoria são asiáticos. Diga: quantos indianos, chineses e japoneses você viu hoje? Isso sem falar em russos, paquistaneses, ou tuvalenses (sim, eu sei que Tuvalu não fica na Ásia, mas é minoria da mesma forma)?

Deixando claro que negros não são tão minoria assim, vamos examinar o título que infere que brancos têm notas melhores que negros… pelo menos, na cabeça do jornalista do Estadão. O fato de um estudar em colégio particular e outro em colégio público não tem diferença? Olhem o resultado do IDEB de novo. Depois, olhem mais uma vez a reportagem sobre os alunos que ganharam medalha no Torneio de Matemática. Prestem atenção ao segundo rapaz da esquerda pra direita na foto. Ele é o quê? Caucasiano? Eu dou aula em colégio de classe média/média-alta e negros não são tão minoria assim. Então, eu considerarei os pardos. Tem até peruano e boliviano, os quais deverão ser considerados como brancos, pardos ou indígenas? Tem um que alega ser do Acre, mas sabemos que o Acre não existe.

A verdade é que o sistema educacional público é uma mixórdia, deplorável e completamente falido. Pior! Não há interesse de mudar esta situação, independente do que seu candidato favorito diga para as próximas eleições. Uma amiga minha usou uma animação do Carlos Ruas para dar aula de Atomística. O resultado? Os alunos simplesmente NÃO ENTENDERAM! Podemos alegar que professores são incompetentes, mas quando um professor usa de vários meios para dar seu conteúdo e uma turma inteira não acompanha, que nome podemos dar a isso? É culpa realmente do aluno? Pode ser, pode não ser. Ele já vem estudando segundo um regime onde professor que reprova é "reprovado", de todo jeito possível. Professores acabam cedendo, ou nem precisam, já que temos o fantasma da aprovação automática. Tire zero, zero e zero, não importa. O Governo acha que você tem o direito de ser aprovado. Então, o que acarreta? Acarreta que o aluno não sabe nada no Ensino Médio, mal sabe escrever (ou desenhar, mesmo) o nome e vai feliz e contente para uma Universidade, graças às cotas. O que acontece em seguida? Universidades acabam obrigadas a oferecer cursos de nivelamento, para que o pobre estudante pobre, onde a UERJ elaborou um Programa de Iniciação Acadêmica (Proiniciar), com o objetivo principal de apoiar a permanência do estudante cotista na instituição, desenvolvendo projetos de apoio acadêmico e financeiro (fonte). O próprio MEC quer aulas de reforço para esses alunos; o que significa? Total reconhecimento que eles terão dificuldades.

Bem, eu sou contra cotas. É antidemocrático e não me sinto na obrigação de reparo nenhum a ninguém, já que eu sequer venho de família brasileira e muitos dos jovens negros não vêm de famílias com negros escravos em sua árvore genealógica. Negros também estudam em colégios particulares, mas por causa da sua cor de pele terão direito a cotas, enquanto a moça loira de olhos azuis poderá não ter esse direito, apesar de ter algum ancestral que foi escravo nos tempos do Brasil Império.

Então, o que é mais justo? Não são as cotas e sim usarem a merda do meu dinheiro usado para pagar impostos, taxas e tributos para investir nos colégios públicos, MAS AH!, o Governo não quer usar os malditos 10% do PIB para a Educação. O que fazer então? Eu sei muito bem: Partir pra violência! Pegar eleitor vagabundo que elege um bando de ladrões, muitas vezes com mais passagem pela polícia do que o número de vezes que eu fui ao banheiro em toda a minha vida (notem a equivalência) e dar uma surra (sobrarão uns 0,00001%). Porque, em última análise, senhores eleitores, a culpa é DE VOCÊS! Este ano é ano de eleição e você votará nos mesmos. Vocês não devem saber nem o nome dos vereadores que ajudaram a eleger no último pleito, e mesmo que se lembre, não ligou, não mandou e-mail ou não escorou o maldito na Câmara Municipal para exigir os seus direitos de cidadão.

Sabem qual é a perspectiva de melhora? Bem, coloquemos dessa forma: incline-se um pouco para frente. Um pouco mais. Mais um pouco. Está vendo bem o fundo do abismo? Não? Pois é, é onde estão todas as nossas esperanças.

16 comentários em “E a educassaum brazileira caumtinua a mexma…

  1. Este artigo deveria ser lido por toda a equipe do Ministério da Educação e, principalmente, pelo Sr. Ministro Aloizio Mercadante.

    Sou mais um que é contra a política de cotas – sejam estas de qualquer natureza. Este método é uma atitude desesperada que os governos (a transcrição para o plural foi intencional ;) ) adotaram diante da incapacidade de produzir uma verdadeira reforma na educação brasileira – a começar do ensino fundamental e com um enfoque maior nas escolas públicas, bem melhores, na minha opinião, na época do Regime Militar. Porém, os governantes querem resultados rápidos – afim de exaltarem as suas próprias realizações públicas – que nada mais são do que obrigações de todo bom governante. A mudança concreta só poderá ser feita à médio e longo prazo, quando os políticos abrirem mão de alardear suas “benfeitorias” sociais.

    Parabéns, André, pelo artigo incrível.

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  2. Segundo o próprio INEP,um aluno que sai do ensino fundamental de uma escola paticular,sabe mais que um concluinte do ensino médio de uma escola pública. É preciso dizer mais alguma coisa.

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  3. Excelente artigo André. Uma das óbvias consequências disso é o baixo nível de pessoal que chega às empresas. Isso eu vejo aqui onde trabalho. É impressionante como está cada vez pior. O RH está cada vez com mais dificuldade em contratar.

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  4. Aproveitando o assunto político: ontem o atual prefeito e também candidato da minha cidade(Três Rios – RJ), exigiu que todos os professores e funcionários de escolas fossem em uma reunião. Muitos que disseram que não iam, foram praticamente ameaçados. Após 4 anos esquecidos, ele prometeu aposentadoria com 25 anos de serviço e aumento de salário. A tia da minha prima chegou em casa contando isso e adivinhem em quem ela vai votar.

    PS.: o meu pai é o adversário dele.

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    1. @GusC, Resumindo, os cotistas foram bons em cursos de humanas, onde impera o esquerdismo chatolino. Mas nos cursos de ciências, engenharia e afins, que envolve força de vontade e matemática, foram um porre. obrigado.

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          1. Indiferente. O artigo não especifica de onde vieram os cotistas. E esse negócio de cursos de Exatas exigir mais força de vontade, eu digo que não. Qualquer curso exige. Mas eu sempre penso em cursos de verdade e não universidade tosca, como a UERJ, que vive em greve e aprova aluno a toque de caixa depois.

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  5. Quando lecionei química numa escola estadual o comentário era o seguinte: “Se o aluno afundar numa prova repita A MESMA para ele” isto não era ordem da orientadora ou da diretora e sim da superintendência. Já uma colega que formou comigo disse que onde ela leciona a regra é se o aluno passar de português e/ou matemática não poderá ficar de matérias secundárias (química, física, biologia etc). Já meu sobrinho saiu daí do RJ e veio lecionar história em minas e foi obrigado a aprovar uns asnos devido o maldito conselho de classe…
    Sobre cotas para a camuflada minoria de pele com alta concentração de melanina prefiro nem comentar, isto é muito ridículo para eu ficar digitando e aumentando as changes de minha tendinite piorar.
    Ótimo texto o seu!

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  6. Lembro quando dei aula no Ensino Médio estadual e uma das regras que estava no estatuto era de que o aluno poderia entregar o trabalho quando quisesse e o professor era obrigado a aceitar e corrigir. Logo, se passasse um trabalho no primeiro mês de aula e o infeliz enrolasse e entregasse no último dia de aula, o mesmo ainda valeria.

    Quanto às últimas notícias sobre os 10~15% do PIB para a educação, acho isso mero fogo de artifício. Não vejo como o Brasil arranjará dinheiro para tanto, sem aumentar imposto e etc. Além de vários países terem resultados muito melhores que o Brasil com menos dinheiro.

    Quando li aquelas notícias, fiz uma pequena tabela com a % de investimento do PIB na educação relacionando com o PISA, tendo como referência 2009. Os países que pesquisei foram: os do G7, Brasil, Chile, Portugal e Rússia. No PISA, o Brasil foi o pior nas 3 dimensões (Leitura, matemática e ciências) e os países que investem mais que o Brasil foram França e Portugal (diferença de décimos). E os únicos países que investiram na casa dos 10% foram Cuba (13,1) e Timor-Leste (15,7).

    Mesmo que se consiga aquela taxa de investimento, não acredito na melhoria na educação brasileira sem modificar o sistema educacional.

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