Bom, pelo menos pode não ser seu único avô, já que uma nova espécie humana foi achada na África, e se eu disser que você tem um pézinho no continente negro, não vá me processar por racismo, hein? Se bem que já vi gente reclamando que era racismo se referir à África como Continente Negro. Mesmo porque, se nas Américas temos pessoas de pele vermelha, na Oceania temos marcianinhos.
Evidências fósseis (daquelas que gente inculta ignora para poder justificar suas crenças) apontam que os seres humanos têm um outro ancestral, contemporâneo ao Homo erectus. Saber que temos um tio perdido em nossa árvore genealógica é importante? Mudará a sua vida?
É lamentável quando as pessoas vêm com besteiras do tipo <voz fanha>para qui eu kéro çaber issu?</voz fanha>. Bem, talvez para aprender mais coisas do que falar sobre sexo, drogas e armamento de bandido em letra de funk, o tipo de ofensa auditiva que muitos idiotas amam de paixão e acham super cultural. O que o gato da minha tia Isidora deixou na caixa de areia é mais cultural. Saber um pouco sobre nós mesmos é muito importante, e não é à toa que muitos cientistas dedicam anos de suas vidas para pesquisar sobre isso, mesmo com pouca verba (no Brasil, eles não têm verba e nem lugar, já que costumam cortar "gastos" e expulsar cientistas).
O Homo erectus viveu entre 1,8 milhões de anos e 300.000 anos atrás. Era baixinho, feio e não muito gordo, não passando de 1,70 m e meio parecido com meu vizinho da porta da frente (deve ser um elo perdido). Os primeiros foram descobertos no século XIX por Eugène Dubois, sendo um dos espécimes achado na ilha de Java e, não muito por acaso, chamado de Homem de Java. Em 1984, o casal de paleontólogos Richard e Meave Leakey descobriram o mais completo esqueleto de Homo erectus jamais encontrado, o KNM-WT 15000, que ficou conhecido como Menino de Turkana, encontrado próximo ao lago Turkana, no Quênia. Maiores informações sobre o H. erectus você pode encontrar AQUI e AQUI, além de visitar o site da família Leakey e a Leakey Foundation.
Recentes descobertas, entretanto, indicam que o H. erectus tinha vizinhos próximos. Em artigo publicado na Nature (vocês sabem, né? Um exemplo da tão falada publicação com revisão de pares que normalmente ninguém nos mostra ao falarem besteiras e pedimos as referências), a drª Leakey e seus colaboradores reportam a descoberta de um outro fóssil, que foi registrado como KNM-ER 62000, o qual é bem parecido com o KNM-ER 1470, um crânio que a família Leakey encontrou no longínquo ano de 1972, um exemplar bem preservado de crânio do H. erectus, ilustrado na imagem de abertura.
Os resultados contrariam as hipóteses que dizem que os humanos modernos evoluíram de forma linear, coisa que eu sempre achei não fazer muito sentido, já que Evolução se dá "em árvore". Qual dos dois realmente é nosso ancestral direto? Ainda não se sabe. São realmente duas espécies distintas e extintas? Extintas sim, distintas também, pelo que se sabe até agora. Eles voltarão à vida para comer nossos cérebros? Eu solto alguns comentaristas na frente deles e os zumbis morrem de fome.
O pessoal de Turkana até fez um vídeo muito completo, esgotando o assunto sobre os ossos:
Dizem que saber sobre nosso passado é entender o presente e se preparar para o futuro. Eu digo que saber mais sobre o passado é não deixar que nossa inteligência se acomode e nossa capacidade de raciocínio atrofie. Conhecer mais sobre o nosso passado é tão importante para nossa vida quanto saber sobre outras espécies vivas. Agora, se sua única preocupação com espécies vivas é saber a que horas a vizinha do 403 sai pra o trabalho ou fica pendurado em Big Brother, então, seu cérebro já foi extinto há muito tempo, e pelo visto não lhe faz falta.

Ainda há espaço para pregos no caixão criacionista?
A Ciência tem nos apresentado muitas coisas “diferentes” em 2012, pena que o mundo vai acabar em quatro meses!
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Evolução 2453 x 0 Criacionismo.
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