Brasileiros são convidados para participar do supertelescópio da ESO. Já vi este filme antes

ESO é o acrônimo de European Southern Observatory (Observatório Europeu do Sul). É uma organização formada por vários países europeus e o Brasil. Seu alvo está a parsecs de distância, nas estrelas mais distantes. O ESO visa a pesquisa astronômica, sendo financiado por 14 países, onde os Estados-membros são: Alemanha, Áustria, Bélgica, Alemanha, Espanha, Finlândia, França, Itália, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Suécia e Suíça. O Brasil entrou pela porta da cozinha e o Chile serve de despensa.

Boa parte dos maiores e mais importantes telescópios do mundo foram construídos e são operados pela ESO, como o Very Large Telescope (VLT) e o ALMA. Muitas descobertas foram feitas pelos equipamentos do ESO, como o planeta Gliese 581c. Agora, a meta é a construção do E-ELT, European Extremely Large Telescope (Telescópio Europeu Extremamente Grande), e a participação de empresas brasileiras parece estar assegurada. Será que não vimos isso antes?

Se formos perguntar pra NASA, creio que o eles torcerão o nariz para a participação do Brasil até mesmo na construção de uma mesa de pingue-pongue. As viúvas ufanistas até podem sapatear, mas não poderão negar que o Brasil foi definitivamente chutado do projeto de construção da Estação Espacial Internacional (ISS) pelo não cumprimento de prazos na entrega de materiais. Com isso, o seu país foi vergonhosamente afastado do projeto da ISS, após quase dez anos sem nunca ter contribuído com um único parafuso.

Pelo acordo, o seu país, caros leitores, deveria fornecer equipamentos e serviços em troca dos direitos de utilização da ISS durante toda sua vida útil, cooperando com serviços de logística, manutenção e reparos. Nada disso foi feito e nós, de Tuvalu, sequer fomos cogitados a participar. Nóis semos pobres, porém honestos. Em 2007, o especialista John Logsdon, diretor do Instituto de Políticas Espaciais da Universidade George Washington e membro do Comitê de Conselho da Nasa disse que já era tarde demais para o Brasil fazer qualquer coisa, a não ser tornar-se um reles usuário da estação, sem a menor perspectiva de tomar qualquer atitude mais importante do que servir cafezinho durante as reuniões. O nome do Brasil fora riscado de todos os documentos.

Mas brasileiro não desiste e marca sempre sua presença. E qual não foi a presença deixada ao pagar pros russos levarem o Marcos Pontes até a ISS para plantar feijãozinho? Foi uma bela surpresa para os EUA saber que o Brasil tinha recursos para pagar à Rússia por um vôo, mas não para produzir os equipamentos encomendados. Se eles tivessem visto os aumentos que os deputados estavam tendo, subiriam nas tamancas. O Brasil ganhou cartão vermelho por não ter contribuído nem com o biscoito comido nas reuniões. (leiam os detalhes AQUI, AQUI, AQUI e AQUI)

Mas nós ganhamos a Olimpíada de Matemática!

Senta lá, Cláudia!

Eu não apostaria minhas fichas na possibilidade da NASA oferecer algum trabalho sério ao Brasil. Já o pessoal europeu não tem este bom senso pensamento. Eles acreditam piamente que o Brasil pode ser um parceiro valioso. Para Tim de Zeeuw — um homem bom e puro de coração, além de ser otário diretor geral da ESO — o Brasil vai se dar bem, mediante a indústria e alta tecnologia que tem. Como ele estava em Águas de Lindoia, é desnecessário perguntar o que colocaram na água do distinto direto.

As pessoas podem até achar um máximo a pesquisa espacial e a participação dos países em projeto neste sentido. Eu sou uma delas… mas não para o Brasil. Não conseguimos desenvolver tecnologia suficiente para matar uma droga de mosquito, tendo que todo ano ficarmos alarmados com a dengue. Ficarmos sonhando que o Eike Batista trará uma fábrica de iPads para o Brasil pode parecer muito, mas quando vemos as filas de hospitais, onde não há material cirúrgico e sequer giz para professores em colégios estaduais, temos que pensar: é realmente necessário e responsável sonhar (só sonhar) que devemos nos meter com um projeto do porte dos da ESO?

A cadeira brasileira na ESO ainda não foi ratificada. Estamos aguardando na cozinha a fim de ver se os donos da casa nos chamam para participar da festa na sala de jantar. Caso a ESO seja louca ou inocente o suficiente para permitir o Brasil de fazer parte, o país de vocês deverá meter a mão no bolso e soltar US$ 400 milhões ao longo de 10 anos, incluindo uma "taxa de adesão" de cerca de US$ 170 milhões. Em troca, além dos benefícios para as empresas, os projetos de pesquisadores brasileiros poderão disputar por tempo de observação nos telescópios em igualdade de condições com os europeus.

Eu acho que sei muito bem como o governo convencerá os gringos que conseguirá arrumar este din-din.

12 comentários em “Brasileiros são convidados para participar do supertelescópio da ESO. Já vi este filme antes

    1. Me lembrou de um episódio do Big Bang Theory, onde o Howard tem que trabalhar num dispositivo para o banheiro e usa aquelas peças de plástico que vêm nas entregas de pizza para a caixa não tocar nela.

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  1. Tudo o que posso dizer é que o Brasil é aquele favelado que quer usar alguma coisa de marca para aparecer. O Brasil está penando para reformar uns estádios para a Copa e ainda quer participar de programas espaciais? Ah, faz me rir! No futuro tudo isso vai dar tanta merda que faltará fossa.

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  2. O Brasil é um grande produtor de matéria prima.
    Com o crescimento chinês elas têm se valorizado muito.

    Consequentemente nós não fazemos muita questão de melhorar a nossa tecnologia ou qualquer outro setor econômico.
    E é por isto que nós pagamos tanto mico internacional.

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  3. Por não valorizar a pesquisa e a produção científicas é que o Brasil perde oportunidades de ouro como esta. Isso aí mostra a institucionalização da indole de Gerson reinante entre os “valores culturais” desse povo: quer porque quer pagar uma de importante, mas não aceita subir a escada degrau a degrau de forma meritocrática. Prefere pegar o bonde andando, achando que tem direito de sentar à janelinha! (Quem nunca experienciou isto: o cara recém-chegado na empresa que já acha que merece a chefia sem ter de provar nada!).
    E pior que isso não parece ter a menor perspectiva de mudar, já que essa massa ignara o brasileiro, alienado do jeito que é, nem se dá o trabalho de LER sobre isso! Depois reclamam quando, em um episódio, Os Simpsons debocham do Brasil!
    Mas querer o quê daqueles que pensam (!?) que escola é depósito de “pentelhos”?!….

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  4. Acho legal a idéia de participar de grandes projetos, porém o Brasil deveria ter outras prioridades.
    Fico pensando em quantos arqueólogos terão de ir para a rua para o Brasil pagar essa grana toda…

    Arqueólogos, corram para as montanhas!!!

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  5. Antes do comentário, quero dizer que a imagem na abertura do artigo é uma das poucas que ilustra tão bem o conteúdo do mesmo ;D parabéns!

    Agora sobre o tema… Até quando Brasil vai ser estrelinha-da-vez? Não entendo como o mundo assume uma imagem tão positiva e correta do Brasil e sua massa popular, realmente não entendo ‘-‘ depois quebram a cara que ficam de mimimi para o brasileiro. Se ao menos fizessem alguma pesquisa prévia…

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