Você está a fim de ter uma polpuda fonte de renda. Sua saída seria estudar muito, como nossos pais nos ensinaram (eles me convenceram, por sinal). Claro, se você tem contato com a realidade, viu que não é bem assim, ao ver jogador de futebol, cantor de sertanejo universitário, pastor evangélico ou mulher-troféu dos anteriores. Isso para citar os que ganharam sua fortuna de forma lícita^{citation needed}. Mas eu estou aqui para lhe ajudar a ganhar dinheiro às custas de um monte de manés. Não, você não fará nada de ilícito. Basta confiar na imensa estupidez humana.

Esqueçam os blogs; eles morreram. Esqueçam o YouTube; já tem muita gente e o Tubo está começando a capar as monetizações. Não, você não precisa apelar pro Only Fans; primeiro, porque se você está lendo isso, você é feio e tosco (sempre tem um chinelo velho prestes a dar dinheiro para um pé doente). A saída é usar o X ou Twitter ou chame lá do que você quiser. Vou continuar chamando de Twitter, mesmo.

Com o Twitter Blue (que eu chamo de “Selo Viagra”), basta você pagar uma quantia e poderá colocar textos de até 10 mil caracteres, formatar com negrito e itálico, colocar vídeos fullHD longos e não ver muita propaganda. Mas não é só isso, você ainda pode entrar no programa de monetização, mas precisa cumprir certos requisitos.

Não apenas isso, você pode fazer um sistema de assinatura, em que as pessoas pagarão para ver o que você posta

A monetização é melhor porque você não precisa esforço para convencer as pessoas a te darem dinheiro. Você passa a receber um percentual do dinheiro pago pelos anunciantes. Sim, o Elão Almíscar vai te dar uma fatia do bolo. Maneiríssimo, certo? Mas calma que melhora.

Neste momento, você deve pensar que vai precisar… IRC!… trabalhar para gerar conteúdo, mas não é assim. Você pode usar a boa e velha psicologia do pessoal de redes sociais, que não são muito espertos. Basta você ter uma boa base de seguidores e fazer postagens meio sem sentido, como fazer uma enquete, daquelas “o que você não comeria abaixo?” e lista quiabo, milho cru, mugunzá, quibebe ou pode ser qualquer coisa. As pessoas ADORAM responder isso, vide o Buzz Feed.

Vídeos são muito chamativos. você vai num canal de alguém e… MAIS IMPORTANTE!.. baixa o vídeo, não dê o link. Quando muito você diz o nome do perfil, mas sem, obviamente, dar o link. Motivo? Se você der o link, as pessoas vão lá no perfil e não haverá motivo para você roub… pegar emprestado um outro vídeo que servirá de postagem.

Outra coisa ótima é falar alguma insanidade. Por exemplo, um exercício de acidente com múltiplas vítimas é ótimo para você debochar chamando de ER ou qualquer outra série de TV. Isso vai gerar raiva generalizada, e isso É ÓTIMO! Quem mais te odeia é quem mais te compartilha, e quanto mais alguém for denunciar o quão imbecil você é, maior atenção vai ganhar, o que vai alavancar os números e quanto mais pessoas virem a sua postagem, mais você ganhará com a publicidade, pois as pessoas verão as propagandas e você só no percentual maroto.

Você ainda pode fazer alguma insanidade que não afetará ninguém, nem dará trigger warning, ou coisa do tipo. Por exemplo, você questiona por que a maionese Heinz, produzida pela Heinz, é muito mais cara que a maionese Quero, também produzida pela Heinz. Você, obviamente, sabe que está em jogo a qualidade do produto e o conceito de segunda linha, mas aqueles que verão seu vídeo vão assumir que você é um débil mental e irão divulgar aos quatro ventos o quanto você é idiota, alavancando suas visualizações. Mesmo porque, não há nenhuma diferença você ficar rico com todo mundo reconhecendo sua inteligência ou ficar rico com as pessoas questionando sua sanidade. O dinheiro será o mesmo na hora de comprar seu BMW. E, convenhamos, ninguém perde tempo divulgando gente inteligente para não se sentirem burros.

Outra coisa, caixinha de mensagem. Você começa a dar conselhos (amorosos de preferência. Mulheres adoram participar disso! Homens também e genéricos mais ainda). Obviamente, isso será um prato cheio para gaiatos escrevendo um monte de merda, o que será ótimo, pois você terá muito material para dar seus conselhos, apesar de você mesmo não ter resolvido a sua própria vida, o que não faz diferença. Vão te achar o máximo, mas não por sua causa, e sim para debocharem e criticarem quem postou a mensagem (fictícia, óbvio).

Dar palpites e comentários imbecis sobre política e economia, invocando bobagens anarco-capitalistas, comunistas, misoginia, misantropia ou qualquer tema absurdamente polêmico é uma mão na roda, e não esqueça das fanfics. Invente postagens de jornal, tire manchetes de contexto, faça você mesmo mensagens no whatsapp como se alguém estivesse falando um mar de absurdos ou, se quiser ter trabalho, vá e peça algum amigo que esteja disposto a participar de fazer um filme com muita denúncia social e lição de moral.

Há uma infinidade de coisas que você pode fazer. Algumas dão mais trabalhos que outras, mas no final, o resultado é um monte de débeis mentais se matando e um Zé com avatar de lâmpada robótica demonstrando o quanto você – caro esperto, cara esperta – está manipulando um bando de retardados e sendo rechaçado e xingado porque as pessoas querem agir feito imbecis porque se divertem assim, para depois reclamarem que o mundo está fincando idiota. Deixe o Zé da Lâmpada de lado; os outros irão hostilizá-lo por você. Mesmo porque, as redes sociais são compostas por gente criticando qualquer coisa, apontando o quanto os outros são burros e os críticos são os espertos, apesar de andarem de ônibus e morando em casa alugada, enquanto as “touperiras” dos tik toks, reels, Twitter etc estão cada dia com mais dinheiro.

Então, assine o Twitter Viagra hoje e comece os trabalhos. Os números para você conseguir entrar na monetização virá na mesma semana se você fizer tudo direitinho.

O “direito” é uma força de expressão, claro. Não é para agir direito. Ninguém ficou rico cometendo este erro.