Sonda Juno capta imagens chocantes de Júpiter

Júpiter é um mundo fascinante. Como todo planeta gasoso, ele é praticamente formado por gases (surpreendente, não?). qualquer um com um mínimo conhecimento de Física sabe que haverá a tendência de aparecer eletricidade estática, mas uma descarga elétrica inesperada, surgida em meio a nuvens com uma mistura amônia-água, chamou a atenção. Um dos motivos é pela composição das nuvens serem de amônia. Mas calma que tem mais: não é apenas um raiozinho, mas uma tempestade elétrica violenta do tipo Thor dizendo pra Iansã “pega leve, tia!”

Relâmpagos em Júpiter nem são novidade. A própria Voyager registrou dados por meio de fotos, evidenciando uma teoria que era presumida, mas até então ninguém tinha provado. Mais do que isso, os dados mostravam que os raios em Júpiter não correspondiam aos que acontecem em nuvens aqui na Terra.

Não importa em que planeta você esteja, você pode achar estranho, mas é isso mesmo: raios funcionam como emissoras de rádio, emitindo ondas de rádio cada vez que riscam os seus. Entretanto, até o lançamento da sonda Juno, todos os sinais de raios registrados pelas naves Voyagers 1 e 2, Galileo e Cassini estavam limitados a detecções visuais ou a partir da faixa de kilohertz do espectro de rádio

Do dia 4 de julho de 2016 em diante, a Juno registrou dados por meio do Microwave Radiometer Instrument, que registra as emissões de gases do Juno, abrangendo uma ampla gama de frequências. Os dados passaram por processamento computacional que gerou imagens como esta:

Em Júpiter, isso colocaria as tempestades em torno de 45 a 65 quilômetros abaixo das nuvens visíveis, com temperaturas que rondam 0 grau Celsius. A Voyager e todas as outras missões antes de Juno viam raios como pontos brilhantes no topo das nuvens de Júpiter, sugerindo que os flashes se originavam em nuvens de águas profundas. Mas os relâmpagos observados no lado escuro de Júpiter pela Unidade de Referência Estelar de Juno contam uma história diferente.

Os flashes menores originam-se em altitudes muito mais altas na atmosfera de Júpiter do que se supunha anteriormente possível. Os pesquisadores sugerem que fortes tempestades de Júpiter arremessam cristais de água e gelo na atmosfera do planeta, mais de 25 quilômetros acima das nuvens de água de Júpiter, onde encontram vapor de amônia atmosférica. O gelo derrete se tornando água líquida, que solubiliza a amônia (um volume de água dissolve cerca de 1870 volumes de amônia). Isso ocorre a uma altitude tão alta que as temperaturas estão abaixo de –88 ºC, quase tão frio quanto o coração da sua ex. O problema é que a amônia em solução promove abaixamento da temperatura de fusão da água; então, a água não congela, permitindo a formação de uma nuvem com um sistema líquido de amônia-água.

Nesse sistema, gotas da solução água-amônia em queda podem colidir com os cristais de gelo em água e eletrificar as nuvens. Aí vem outra delícia: o radiômetro de micro-ondas da Juno descobriu que não tinha amônia mais lá. Mas como assim? Pois, é. A quantidade de amônia muda à medida que se move na atmosfera de Júpiter. A questão é que as correntes de ar de Júpiter não conseguem segurá-las e caem mais fundo na atmosfera, encontrando temperaturas ainda mais quentes, onde eventualmente evaporam completamente, deles arrasta amônia e água até níveis profundos na atmosfera do planeta, gerando mais eletricidade estática, o que pode ter gerado aquela imensa descarga elétrica.

Ah, sim. Tem videozinho:

A pesquisa foi publicada no periódico Journal of Geophysical Research

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