Tá rolando stress com a notícia recente que o Bolça-Governo chamou para fazer parte da coordenação-geral de índios isolados da FUNAI um missionário e isso ia levar a evangelizar os índios e coisa e tal, me proteja meu São Tupã! Sim, os idiotas do Bolça Governo vão acabar com os Papa Capins que vivem saltitando, pegando peninha caída no chão pra fazer cocar (me disseram isso no Twitter) no maior estilo de vida good vibes. Nunca antes na história deste país vimos coisa parecida.
Queima ele, Iara!
De acordo com O Globo, o dr. Ricardo Lopes Dias possui doutorado em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC. Até aí, beleza. Não que eu ache que seja algo demais, mas deixemos isso de lado. O grande problema é que Ricardo foi missionário evangélico e andou levando as palavras de Jesus a qualquer rincão de Deus Me Livre nos cafundós do Judas, só faltando ir em Paquetá, mas ele devia achar aquilo selvagem demais.
Isso levantou as orelhas de muita gente, principalmente quem é contra o Bolça-Governo. Não que eu ache que é tudo lindo e maravilhoso. Não é, pelo contrário. Temos um governo conduzido por imbecis, tios do churrasco e energúmenos em geral, cuja competência pode ser escrita atrás de um selo, depois da lista de ganhadores do Oscar. Entretanto, vamos ser sinceros: isso não é novidade. Tanto que não é novidade, que Big Richard foi missionário antes do Bolça-Governo.
Damares, a ministra que deveria ser ovacionada como conquista feminina, já que sempre pleitearam mais mulheres na política (nunca falaram nada em ter gente normal), declarou, em dezembro de 2018, que índios não seriam evangelizados. Bem, até agora não foram, pelo menos, por ordem do governo. Enquanto isso, a CNBB, que está quietinha na dela, tem uma Pastoral Indígena e Indigenista, que cuida, vocês conseguem adivinhar? Isso mesmo! Evangelização dos Papa Capim!
Objetivo
Evangelizar aos Povos Indígenas do Paraná de etnia Kaingang, Guarani e Xetá, a partir do encontro com Jesus Cristo, como discípulos missionários, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, promovendo a dignidade da pessoa, renovando a comunidade, participando da construção de uma sociedade justa e solidária, “para que todos tenham vida e a tenham em abundancia”(Diretrizes gerais da Ação evangelizadora da Igreja no Brasil).
Leram todo o texto? Se não leram, deem uma olhada na data: o plano é, ou era, para 2015!
O Pontifícias Obras Missionárias montou um painel, em 2017, para refletir sobre a evangelização dos povos indígenas, com relatinho de cada missionário que estava lá. Segundo eles mesmos, a partir do encontro, os participantes iriam discutir quais caminhos deveriam ser percorridos e definir ações e passos em vista da evangelização de povos indígenas.
“Pontifícias” significa Igreja Católica, ok? Não é um levante de controle evangélico. Não que eles não façam, e mesmo assim não é de hoje. Atualmente, quem evangeliza índios são os próprios índios, e isso tá rolando há décadas, como mostra esta reportagem da Folha mostrando que tem índio pastor em atividade há 31 anos! Achou que é recente? Bem, o Instituto Bíblico Peniel, braço educacional da Missão Novas Tribos do Brasil tem mais de 1.700 missionários. A Missão não foi fundada agora, mas em 1953, com um curso dura quatro anos e meio e tem aulas de teologia, antropologia e linguística. E, claro, como convencer os índios a seguir o Jesus certo, não o da ICAR.
Vocês estão entendendo aonde eu quero chegar? Não, obviamente não. Já deve ter um bando de idiotas me xingando. Guess what! Aqui não é o Twitter e você não pode me impedir de escrever o que eu quiser. RÁ! Fuck you!
O ponto é que evangelização de povos indígenas no Brasil começou quando Cabral chegou aqui e não parou um só minuto até hoje! Católicos ou protestantes, não importa! Não creio então que o Big Richard fará alguma diferença. Ate agora a CNBB, conhecida por meter o bedelho em tudo, está lá na dela, pois tem uma catedral inteira de vidro fino, e não um simples telhado.
Mas e o Ceticismo.net?
Em 2013, eu trouxe um artigo falando como o Cristianismo influenciou a biodiversidade na Amazônia
Em 2018 eu trouxe a incrível história de um missionário idiota que se ferrou indo evangelizar uma tribo selvagem e mau-humorada. E eu aqui pensando de “puxa, podia acontecer sempre isso”.
A primeira coisa que um conquistador faz é anular o povo conquistado, proibindo-lhe a sua cultura e até seu idioma. Foi assim com Roma, foi assim com o Império Russo, foi assim no tempo das Grandes Navegações, foi assim com o Império Japonês, foi assim com a Rússia Soviética e sempre foi assim quando chatos cristãos iam em cada cidade encher o saco para todo mundo ser cristãos ou seriam enviados pro Inferno. Ah, e os muçulmanos aprenderam direitinho, mas como eles ainda são uma ridícula minoria no Brasil, não vão pegar estrada para ir ter com índios, mas cristãos não têm este problema. Tem vários para ser chutados para la, levando o melhor que eles desenvolveram ao longo dos séculos: guerra, germes, aço e evangelização.
Quanto a mim? Toca o bonde. Nenhuma novidade por aqui, independente de Big Richard for ou não for evangelizar índio nenhum. Eu só espero que quem for lá ter com os índios só use palavras sábias e verdadeiras, tais como:
DC É MELHOR QUE MARVEL!