Como moldamos os cérebros de nossos cães

Eu já escrevi várias vezes sobre cães. Cães são as melhores pessoas! Isso vai desde o garboso collie até o vira-latas caramelo. Não existe cão como o caramelão amigão! Já falei também como eles nos escolheram para sermos amigos deles numa simbiose de amizade em que eles cuidavam de nós em troca de uns petiscos que sobrava.

Durante séculos, os seres humanos criaram cães para aparências ou capacidades específicas. Desde companhia até caça, passando por aqueles camundongos de madame com capacidade de latir. Alguns deles são calmos e tranquilos, enquanto outros têm surtos de ansiedade, destruindo os seus móveis e tudo o que você ama. Pesquisadores resolveram estudar como a pressão seletiva afetou a morfologia dos cérebros caninos, até eles chegarem onde são hoje.

A drª Erin Hecht é professora-assistente do Departamento de Biologia Evolucionária Humana. Praticamente, estuda como chegamos aqui, ainda que tenha sido aos trancos e barrancos. Para saber como foram os efeitos causados pela domesticação dos cães, bem como isso afetou o desenvolvimento cerebral dos canídeos, Erin e seus colaboradores usaram exames de ressonância magnética para analisar a estrutura cerebral de 33 raças de cães, para saber o que os latildos tinham entro da cabeça.

O estudo identificou uma grande variação na estrutura do cérebro que não estava relacionada ao tamanho do corpo ou ao formato da cabeça dos cães. Em seguida, a equipe examinou as áreas do cérebro que apresentaram as maiores variações entre as raças. Os pesquisadores traçaram, com isso, um mapa de seis redes cerebrais associadas a pelo menos uma característica comportamental, e as funções correlatas variaram de vínculo social a movimento.

A variação de comportamentos entre as diferentes raças estava ligada às diferenças anatômicas nas seis redes cerebrais de cada raça de cachorro (raça, e não espécie. A bem da verdade, até mesmo lobos pertencem à mesma espécie do chiuaua xexelento que você tem em casa).

Na parte do cérebro chamada córtex pré-frontal, uma área associada ao tamanho do grupo e à interação social teve a mesma variação entre os cães criados para pastoreio, trabalho policial, militar e de guerra, caça e luta esportiva.

Todas essas mudanças foram graduais, e à medida que selecionávamos artificialmente essa ou aquela raça para atividades específicas, como pastorear ovelhas, cuidar de crianças e enfrentar touros (sim, os bulldogs eram para bater de frente com touros!), o corpo ia mudando e, claro, o cérebro ia junto. Por isso os cães são tão diferentes entre si em termos de comportamento.

Isso faz sentido, uma vez que essas raças desempenham papéis cognitivamente complexos e exigentes, de modo que podem exigir maior apoio do córtex pré-frontal.

A pesquisa foi publicada no periódico Journal of Neuroscience.

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