Como damos o nomes às coisas que vemos, em nível cerebral?

Você sabe que enxerga (estou supondo que você não é cego). Você vê algo e já sabe do que se trata, salvo que seja algo que você nunca viu na vida ou no caso de sofrer de alguma doença neurológica que o impede de fazer este tipo de processamento. O processamento que pessoas sadias fazem instantaneamente sem saber como, nem é preciso saber. Seu cérebro opera no automático, mas como é essa operação?

É simples e complicada ao mesmo tempo. São várias regiões envolvidas que interagem entre si de forma a dar nome aos bois (ou qualquer utra coisa que você esteja vendo, mas vamos chamar de “bois”, mesmo. Ou “trem”, se você for mineiro).

O dr. Xaq Pitkow é professor-assistente de Neurociência na Faculdade de Medicina Baylor e professor-assistente de Engenharia Elétrica e de Computação na Universidade Rice. Seu trabalho envolve teorias da computação neural em cérebros de animais, envolvendo campos com inferência probabilística, teoria de controle, dinâmica não-linear e códigos populacionais. Isso só para saber o que anda rolando dentro da sua cabeça.

Pitkow estuda o processo que nosso cérebro faz para identificar uma imagem. Em sua pesquisa, ele demonstra como ocorre a sequência de interações neurais no cérebro humano que corresponde ao estágio de processamento visual, o estado da linguagem quando pensamos no nome e finalmente o estado de articulação quando dizemos o nome.

O estudo do Shaq, digo, Xaq revela que o processamento neural não envolve apenas uma sequência de diferentes regiões cerebrais, mas envolve uma sequência de mudanças nas interações entre essas regiões cerebrais.

Abaixo vemos o diagrama que ilustra o que está acontecendo (de forma resumida, lógico).

 

Quadros de A a C: Superfície pial individual e reconstruções de eletrodos. A superfície pial é uma zona de progenitor original no Sistema Nervoso Central (SNC). Um eletrodo representativo foi selecionado de cada uma das seguintes regiões: córtex visual inicial (azul), giro fusiforme médio (laranja), pars triangularis (amarelo), pars opercularis (roxo), córtex sensório-motor ventral (verde) e córtex auditivo (vermelho ).

A pars triangularis refere-se à região cortical de forma triangular do giro frontal inferior no lobo frontal do cérebro. Ela situa-se entre as pars orbitalis e pars opercularis caudais, que juntas compõem o giro frontal inferior. Quando associada à pars opercularis, a pars triangularis é mais comumente associada à área de Broca e é bem conhecida em seu envolvimento na produção da fala. Um dano ali, e a pessoa terá dificuldade de se comunicar. (ver. Por que Hodor só diz “Hodor”?)

Em D vemos os estímulos de nomeação de figuras: coerente (esquerda) e embaralhada (direita).

Pitkow e seus colaboradores trabalharam com 3 pacientes (2 homens e uma mulher, com idade mais ou menos 28 anos. Sim, eu sei que parece pouco. E é, mas precisamos de um começo!) que sofrem de epilepsia, cuja atividade cerebral estava sendo registrada com eletrodos para descobrir onde as convulsões haviam começado. Enquanto os eletrodos estavam no lugar, os pesquisadores mostraram as fotos dos pacientes e pedimos que os identificassem enquanto era registrada a atividade cerebral.

Como dito, a pesquisa é importante, ainda que foi com pouquíssimos pacientes. É um indício? É um indício. Pode ser generalizado? Ainda não. O que significa? Que devemos estudar mais, mas não devemos estar muito longe disso. Ou pode ser que sim. Ciência não é para ter certezas absolutas. Isso é coisa de religião. Só que na hora que o bicho pega, ficar rezando só resolve quando a gente toma o remedinho junto, né?

Ficou interessado? Ótimo! Pois a pesquisa foi publicada no periódico eNeuro, e está disponível para leitura integralmente. Va lá dar uma olhada para saber como seu célbo funciona

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