Antibiótico demais faz mal. De menos faz mal. Quando tá bom?

Infecções não são brincadeira, mas do jeito que andam as coisas, é pior ainda quando pessoal usa antibiótico como, bem, como brincadeira. Já falamos várias vezes como o uso indiscriminado de antibióticos acarreta em superbactérias, aquelas bactérias hiper-resistentes do mal que não são mortas facilmente com algo mais fraco que uma GAU-8 Avenger. O problema então é saber: QUANTO dar de antibiótico e QUANDO é hora de parar?

O dr. Ian Gould é professor honorário de Medicina, Ciências Médicas e Nutrição da Universidade de Aberdeen. Ele gosta daqueles minúsculos seres nefastos que ficam nos causando problemas e ficamos passando mal, com vontade de eliminá-los. Mais ou menos como quando estou em reunião pedagógica.

Segundo Gould, pessoal erra pelos extremos. Tanto aqueles que metem antibiótico em tudo, selecionando bactérias mais fortes, que irão se reproduzir e abalar geral, como usar menos antibióticos, o que vai deixar várias bactérias pelo caminho sobrevivendo, reproduzindo-se e ficando cada vez mais fortes, para depois abalar geral. A resposta seria, então, usar corretamente os antibióticos.

Claro, você segurou as laterais da cabeça e pensou na imensa obviedade disso, mas nem por isso deixa de ser verdadeiro. O pior, é que todos sabem disso (e por isso é óbvio), só que não praticam, o que acaba com 70% da obviedade.

O estudo de Gould fez uso de modelagem de dados para calcular a relação risco/benefício para vários tipos diferentes de antibióticos. A ideia era chegar num ponto de entender o nível máximo de antibióticos que uma pessoa efetivamente precisaria para mandar as desgracentas das bactérias embora, e isso é muito mais complicado de fazer do que falar, já que temos que levar em conta inúmeros fatores, como seu estado de saúde, altura, peso, o quão infectado você tá, qual o tipo de bactéria e o que você efetivamente está combatendo.

Ter um vislumbre do quanto seria ideal tomar de antibióticos garantiria que não só superbactérias não surgissem em níveis cavalares por aí, como faria com que esses medicamentos permaneçam eficazes para aqueles que mais precisam deles, desafogando a pesquisa por mais antibióticos. Não que elas parariam, mas daria tempo de desenvolver novos remédios.

O estudo do dr. Gould envolveu equipes de pesquisa de toda a Europa, usando dados coletados de cinco grandes hospitais que demonstraram que seu método poderia ser aplicado a uma variedade de diferentes populações clínicas. Talvez seja uma amostragem ainda bem pequena, mas alguém tinha que começar por algum lugar. Tabulando dados de vários hospitais, de várias regiões, de vários países, talvez, se consiga dados melhores, com melhores informações.

Só vai depender se a tia Hemengarda falar para você tomar o antibiótico sefudeuxmicina, que serve desde resfriado até bulimia, câncer, lumbago e qualquer outra coisa que germes causam, e você, manezão, for lá tomar e se encher desta bosta.

A pesquisa foi publicada no periódico Nature Microbiology

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