Pessoal adora culpar coisas com o passar do tempo. Saiu a culpa, acham que é maravilha, para depois colocar a culpa novamente. É tipo o lance do ovo que uma semana faz mal, na seguinte faz bem, na outra faz mal… e assim por diante. O açúcar é outro que oscila entre vilão e mocinho. Alguns dizem que faz as crianças serem hiperativas (o que é mito), além de praticamente causa r a morte prematura (o que é outro mito). Tem quem defenda que pessoas que ingeriram açúcar e foram prestar exames tiveram um desempenho melhor.
Isso é verdade ou mito?
A drª Kristina Lerman é líder de projeto do Instituto de Ciências da Informação e professora associada de pesquisa no Departamento de Ciência da Computação da Faculdade de Engenharia da Universidade da Carolina do Sul. Sua pesquisa procura decifrar a estrutura e a dinâmica das plataformas de diversas redes sociais, tendo como objetivo organizar automaticamente o conhecimento coletivo, descobrir a estrutura das comunidades geradas pelos usuários, prever tendências emergentes e comportamento de grupo e identificar o papel das restrições cognitivas nas interações on-line. Mais do que isso, ela gosta de bancar o Leônidas e colocar pessoas sob teste.
O teste consiste em algo similar a essas “salas de fuga”, em que a pessoa fica numa sala com uma porrada de trecos com pistas e ela tem que sair de lá se orientando pelas pistas e usando os utensílios. É basicamente ganhar salário mínimo e tentar pagar todas as contas do mês. A condição: ver o quanto os níveis de glicose afetam o desempenho.
O argumento é que como o corpo metaboliza carboidratos para produção de energia, e só o cérebro consome 20% dessa energia, a ideia é que com o passar do tempo o desempenho cognitivo diminua. Logo, é fácil associar ingestão de açúcar com bom desempenho em testes cognitivos. Isso na teoria, e na prática, como fica?
Lerman usa as pesquisas de Big Data para tabular pesquisa estatística. Ela desenvolveu um modelo comportamental que mede o tempo que um indivíduo leva para concluir um teste com 6 mil perguntas.
Lerman e seus colaboradores analisaram o tempo que cada indivíduo levou para concluir o teste. Ela fez previsões da quantidade de recursos cognitivos com os quais cada indivíduo começou e, olhando para a quantidade de perguntas que erraram, ela previu que era o resultado do esgotamento cognitivo ao longo do tempo, muito provavelmente pelos recursos de açúcar estarem se esgotando e o cérebro acabar ficando sem suprimento abundante de energia.
Concentrando-se na dinâmica do desempenho do teste, a pesquisa revelou ainda que, embora o desempenho tenha diminuído ao longo de uma sessão de realização de testes, ele se recuperou após intervalos prolongados entre as sessões. Basicamente, quanto mais pausas você fizer entre os testes, e quanto mais chocolate você conseguir ingerir, melhor será seu desempenho.
Então, sim, chuchu, açúcar faz diferença na hora de tarefas que demandam esforço cognitivo, mas cuidado com as diabetes aí, hein? Enquanto isso, você pode ler a pesquisa que foi publicada no periódico Journal of Computational Social Science