Pesquisa estuda como medicamentos opioides agem para não dependermos mais de medicamentos opioides

Ninguém quer sentir dor. Nem eu, nem você, nem o House. Tem horas que a dor é tanta que só apelando para opióides, analgésicos pancadões da mesma família que o ópio, com o mesmo inconveniente também. E ficar viciadão em analgésico opiáceo não é tão incomum assim. Seria legal se pudéssemos ter um analgésico boladão sem deixar você chapado e muito menos viciado na bagaça, né? Bem, pesquisadores do Reino Unido e do Japão identificaram como o sistema natural de analgésicos do cérebro poderia ser usado como uma possível alternativa aos opióides.

Péra, como assim “sistema natural de analgésicos do cérebro”?

Sim, isso mesmo o que você leu! Quando sentimos dor, nosso cérebro possui um agente específico, chamado sistema opioide, que libera uma espécie de analgésico natural, que ajuda a diminuir a dor. Suas moléculas que podem ser de origem exógena obtidas por síntese química (xenobióticos) ou podem ser sintetizadas em nossos organismos por biossíntese, portanto, de tipo endógeno (autacoides). Estes alcalóides naturais são obtidos não só de plantas, como a papoula, como o seu próprio cérebro aí. O ópio, por exemplo, contém aproximadamente 20 moléculas de tipo alcalóide ativo.

O dr. Ben Seymour é pesquisador associado do Departamento de Engenharia da Faculdade de Neurociência da Universidade de Cambridge. Sua pesquisa visa compreender como a dor é processada no cérebro humano, usando uma combinação de métodos teóricos e experimentais e blabláblá.

O que o Bem quer dizer é que ele estuda como se dá o processo de dor e como o cérebro responde tentando mitigar estas dores com a síntese de opióides, analisando dados obtidos por imageamento eletrônico do cérebro. O que seu pessoal descobriu é que existe uma área do cérebro que é importante para a analgesia endógena: o sistema intrínseco de alívio da dor do cérebro. Os resultados dos exames prometem o desenvolvimento de tratamentos de dor que ativam o sistema de analgésicos ao estimular essa área do cérebro, mas sem os efeitos colaterais perigosos dos opióides.

Analgésicos hardcore como oxicodona, hidrocodona e fentanil, sequestram o sistema de analgesia endógena, isto é, eles agem como isolantes protegendo a região que processa os sinais da dor. Se você viu a série House, sabe que ele acabou se viciando em Vicodin (hidrocona), por causa das dilacerantes dores na perna. Não apenas isso, o uso abusivo de opióides acaba levando ao óbito, sem que o paciente tenha lapsos de genialidade instantânea quando está se deparando com doenças para lá de esquisitas.

No primeiro experimento, os pesquisadores anexaram uma sonda de metal ao braço de uma série de voluntários saudáveis, e, em seguida, aqueceram até um nível doloroso, mas não o suficiente para queimá-los fisicamente. As cobai… digo, os voluntários então jogaram um tipo de jogo de jogo onde eles tiveram que encontrar qual botão em um pequeno teclado esfriava a sonda. O nível de dificuldade foi variado ao longo dos experimentos. Às vezes era fácil desligar o aquecimento da sonda, e às vezes era difícil. Ao longo da tarefa, os voluntários avaliaram frequentemente sua dor, e os pesquisadores monitoraram constantemente sua atividade cerebral.

Os resultados descobriram que o nível de dor que os voluntários experimentaram estava relacionado com a quantidade de informação que havia para aprender na tarefa. Quando os manés, digo, participantes do experimento estavam ativamente tentando descobrir qual botão eles deveriam pressionar, a dor foi reduzida. Mas quando os sujeitos sabiam qual botão pressionar, não era. Os pesquisadores descobriram que o cérebro estava realmente calculando os benefícios de buscar ativamente e lembrar como eles obtiveram alívio e usando isso para controlar o nível de dor.

Sabendo como esse sinal deveria se parecer, os pesquisadores então pesquisaram o cérebro para ver onde estava sendo usado. O segundo experimento identificou o sinal em uma única região do córtex pré-frontal, chamado cortéx (pré-genual) do giro do cíngulo, a porção rostral. Esta região faz parte do sistema límbico e se relaciona com algumas funções autonômicas, como por exemplo a frequência cardíaca e a pressão arterial, mas não é só isso. Esta região ainda tem relação também com o sistema de recompensa, aquela marvilha que faz você se sentir bem quando há resposta bioquímica no seu cérebro (como receber um anaçgésico legal que te faz sentir-se muito bem).

A pesquisa foi publicada no periódico eLife, e é claro que você quer um artigo aberto para ler tudinho, certo? Pois vai ficar querendo. Ou usa um SciHub aí da vida. Seu computador, sua sentença. Enquanto isso, pesquisadores estão tentando entender como nossos cérebros estão tentando fazer com que soframos menos, para daí podermos desenvolver medicamentos efetivos, sem nos fazer ver jacarés cor-de-rosa por aí e morrermos de uma overdose medicamentosa

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