De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), as doenças cardiovasculares são as principais responsáveis por morte no mundo. Só em 2106, as vítimas por problemas coronarianos somaram 17 milhões de pessoas, levando em conta ataques cardíacos e derrames. Resumidamente, ataques cardíacos matam, pois, fazem com que partes do tecido do coração não sejam alimentados por sangue e acabem morrendo. Com isso, o coração não faz aquilo que foi inteligentemente projetado: bombear sangue. Infelizmente, o projeto tem problemas e em muitos casos, o coração acaba tendo reduzida a sua capacidade de bombear sangue.
Para tentar reverter isso, é preciso que novas células cardíacas sejam produzidas, refazendo o tecido. Estas células são chamadas de “cardiomiócitos” e há evidências que o coração produz novas células após o desenvolvimento da primeira infância. O problema é que ninguém sabe de onde essas células vieram. Hora de usar os poderes da tecnologia médica para resolver isso.
O dr. Reza Ardehali é professor-adjunto do Departamento de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia Los Angeles. Sua pesquisa busca entender como se dá o desenvolvimento do coração em nível embrionário, de forma que a Medicina seja capaz de regenerar cardiomiócitos após uma lesão como um ataque cardíaco.
Sendo assim, a equipe do dr. Ardehali usou proteínas de cores fluorescentes, produzidas em ratos de laboratório geneticamente modificados, que foram produzidos apenas em certos grupos celulares. Foram empregadas quatro proteínas fluorescentes diferentes para determinar a origem dos cardiomiócitos. Quando as células se dividem, as células “filha” resultantes mantêm a mesma cor que a célula original. Especificamente, essas proteínas foram fabricadas e acompanhadas para entender como essas células se reproduzem, crescem e viram cardiomiócitos.
Ardehali e seu pessoal (ok, foram os estagiários, ele só assina o paper, mesmo) descobriram que, no início do desenvolvimento do útero, a maioria dos novos cardiomiócitos provêm de células progenitoras cardíacas e não de cardiomiócitos existentes. Conforme se desenvolve um feto de rato, as células progenitoras cardíacas perdem a sua capacidade, ao longo de alguns dias ou uma semana, para gerar novos cardiomiócitos.
Não apenas isso, as proteínas fluorescentes foram usadas para estudar se novas células cardíacas surgem após uma lesão cardíaca. Para fazer isso, eles simularam um ataque cardíaco nos camundonguinhos ao fechar cirurgicamente uma das artérias do coração. Eles descobriram que em camundongos recém-nascidos, o coração manteve uma habilidade limitada para regenerar cardiomiócitos após a lesão da artéria, mesmo que suas células progenitoras tivessem amadurecido. Mas quando o ataque cardíaco foi simulado em camundongos adultos, os animais não possuíam essa capacidade regenerativa e não podiam se recuperar.
Claro, você quer videozinho sobre isso. Temos videozinho? Temos videozinho!
Eu preciso dizer quais os benefícios dessa pesquisa? Bem, ela foi publicada na Nature Communications, inteirinha para você ler lá.