Guerra de Classes: Como lacrador de classe média odeia pobres e ricos

As pessoas escolhem bandeiras. Normalmente, elas dependem da área de conforto, acreditando em qualquer bobagem que lhe colocam no colo, principalmente por um fenômeno muito presente: pensar cansa e muitas vezes dói. Isso aliado à brutal ignorância em Matemática além de um desconhecimento de uma coisa chamada “Realidade” faz com que muitas bobagens sejam repassadas. Uma delas é a que diz que super-ricos pagam menos impostos que os mais pobres. Você concorda com isso?

Se concorda, tenho péssimas notícias para você.

De acordo com a notícia, uma pesquisa feita por uma ONG britânica chamada Oxfam, que parece nome de remédio contra flatulência, aponta que a população 10% mais rica do Brasil paga uma parcela menor de sua renda com tributos que os 10% mais pobres, daí as pessoas ficaram indignadíssimas com isso. O motivo da indignação? Não é por causa dos pobrinhos, é apenas ranço contra rico, mesmo. Só que a pesquisa está errada, é apenas algo histriônico da linha “Juntos Lacraremos Até o Fim”. Ela até veio com a lenga-lenga da disparidade salarial entre homens e mjulheres, esquecendo que mulheres escolhem profissões que normalmente são pessimamente remuneradas, como Educação e serviço social (mas isso ficará para outro dia).

Número 1 – Ricos pagam impostos. Se o seu deputado vagabundo sonega, é com ele. Aliás, essa era uma das maravilhas da CPMF: todo mundo pagava, não tinha como sonegar algo que era retido imediatamente quando saía da conta. O problema da CPMF era que 1) era para ser provisória, e ficou como provisória sendo empurrada com a barriga até extinguirem de vez, o que ia fazer o Brasil voltar à idade da Pedra blábláblá. Bem, não voltou. 2) A CPMF era para ser destinada à saúde, e não foi usado um único centavo para isso.

A argumentação é que PROPORCIONALMENTE (e eu sei ler e tinha entendido isso), o que um muito abastado ganha não vai totalmente para os impostos. Pobres pagam ICMS, ISS e outros “I” em tudo que compra, sem sobrar nada no final do mês. Não muito diferente da classe média, já que esta tem números altíssimos. Bem, sabem o que essa relação proporcional significa? Nada.

Número 2 – Você tem água encanada e esgoto em casa? Parabéns, você está melhor que mais da metade dos brasileiros, posto que metade dos brasileiros segue sem esgoto no país, e não vai mudar tão cedo, já que apenas 30% das cidades do Brasil têm planos municipais de saneamento. Como? Você que repassa esta notícia mora em Fortaleza, Ceará? Pois você está melhor que 75% da população do seu estado, já que ela não tem acesso à rede de esgoto, pois 86% dos municípios não tem destinação adequada dos resíduos sólidos.

Número 3 – Eu sei que você vai citar a Suécia ou Finlândia como exemplos de distribuição de renda. Bem, a Suécia tem 9 milhões de habitantes (5 milhões a menos que a cidade de São Paulo) e a Finlândia tem cerca de 5 milhões (população inferior à cidade do Rio de Janeiro que tem 7 milhões). Obviamente, você pode citar países africanos, que vivem na pindaíba, o que seria ridículo se levarmos em conta a formação sócio-econômica deles, ainda mais quando quase todos vivem guerras internas e lutas tribais que duram séculos, antes mesmo do homem branco pousar os pés lá. Se eu pegar um condomínio na Barra da Tijuca, eu terei pessoas com pouca disparidade sócio-econômica entre elas. Se eu pegar a Barra da Tijuca toda, terei disparidade social, mas nada tão pronunciada. Se eu pegar toda a Zona Oeste do Rio, se eu pegar a cidade e por aí, CLARO eu terei maiores disparidades sociais em uma taxa cada vez maior.

Simples Estatística básica.

Número 4 (e essa é a verdadeira questão que inutiliza esta “pesquisa”) – vamos ver esses DEZ POR CENTO MAIS POBRES. 22% dos brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza. São 52 milhões de pessoas que vivem com uma renda mensal de R$ 387,07 por pessoa. Pouco? Pois piora. Pouco mais de 13 milhões de brasileiros vivem com menos de 2 dólares por dia, ou seja, cerca de 180 reais por mês. Estas pessoas estão à margem da população (não confundir com viver na marginalidade). Eles não têm acesso à saneamento básico, água tratada, esgoto, ou mesmo comida. Eles não pagam IPTU, nem IPVA nem pagam ICMS na comida porque – preparem-se para o choque – ELES NÃO TÊM O QUE COMER, SEUS RETARDADOS!

Você pode até alegar “ain, mas com o Bolsa-Família eles têm dinheiro e assim pagam impostos”. Se for assim, seu cunhado vagabundo que está na sua casa tomando cerveja paga os impostos inerentes a ela, pouco importando se foi você quem pagou ou não. O Bolsa-Família é um dos maiores programas sociais do Brasil. É perfeito? Não, por culpa da nossa corrupção em níveis galácticos. É um programa que unificou os vários programas sociais, mas em última análise ele juntou tudo porque vem da mesma fonte. Assim, o governo paga o imposto a si mesmo (na verdade, não é assim, já que temos impostos federais, estaduais e municipais).

Esquecem muitas vezes que quem mora em favelas (pode falar favela ou tem que ser “comunidade”, para não ficar feio? Nah, vai favela, mesmo!) têm luz no gato. Água no gato. Internet e TV por assinatura… adivinhem! Lá impera o reino de traficantes e milícias, onde o trabalhador tem que comprar gás deles, os mercadinhos pagam impostos: aos traficantes e chefes de milícia. Acham REALMENTE que miliciano repassa imposto? Só se o imposto a que pessoal se refere seja o imposto pela lei do silêncio, com vagabundo extorquindo a população à guiza de proteção (dos próprios marginais).

Quem propaga “os mais ricos pagam menos impostos que os mais pobres” não conseguem entender que os 10% dos mais pobres são formados por pessoas na miséria absoluta. Levam em conta “sim, mas o cara que ganha 2 mil reais paga…” bem, NÃO IMPORTA. Quem ganha 2 mil reais está (E MUITO!) afastado da miséria absoluta. Mas se você quiser contar apenas uma determinada parte da população como “mais pobre” sem levar em conta moradores de rua (estimados em 101 mil pessoas) pessoas de populações no interior de Rondônia ou mesmo num lixão em São Paulo, aí é com você, mas não passa de um hipócrita. Essas pessoas, no conforto de seus lares, com água quente e ar-condicionado acham que pobres e miseráveis têm uma vida um pouquinho pior que a deles. Quando eles falam “ain, porque o rico paga proporcionalmente menos imposto”, eles não têm o pobre ou miserável como parâmetro de comparação, e sim a si mesmos, e isso não vai melhorar a vida de quem realmente está na linha da miséria.

Esses lacradores de rede social, que fingem se importarem com pobre (já falei: se virem um morador de rua, trocam de calçada. Se estão no ônibus e sobe alguém vendendo bala, apertam a bolsa contra o peito), acham que o conceito de riqueza é algo finito, que quem é rico continuará rico, quem é pobre continuará pobre e o Sílvio Santos jamais poderia ter subido a pirâmide social, pois a riqueza acabou. Funcionário que varre loja jamais chegará a gerente ou terá o próprio negócio, pois os ricos jamais deixarão. Rico quer que pobre continue pobre. O fato disso ser idiotice, pois quanto maior a miséria, menor chance de ter mais clientes, passa desapercebido.

De qualquer forma, eu queria saber o que as pessoas iriam fazer. Tipo, pegar um milionário e estipular uma alíquota de imposto de milhões de reais? Bilhões no caso de bilionários? (como se eles ganhassem milhões de reais ou mesmo bilhões de salário, que nem o Tião que tem carteira assinada) Não é assim que funciona. O que as pessoas, repito, têm é ranço contra ricos. Não querem justiça social ou equiparação. Querem uma forma de vingança. Uma vingança velada, mas quando passam por um morador de rua, trocam de calçada. Nenhum dos postulantes do “absurdo” de disparidade social está afim de cancelar suas férias para maior equiparação com os que estão na linha da miséria, estão? Se você perguntar isso, acontece o que aconteceu comigo: me xingam. A Realidade continua sendo a mesma.

Acham que o rico deve pagar mais imposto, pois isso fará ter coisas revertidas para a população, sendo que impostos não têm destino para isso. As pessoas não sabem como impostos funcionam, não sabem como orçamento funciona. Não consegue nem controlar seus gastos no cartão, mas parece que manjam muito de macroeconomia, repetindo o que reportagens dizem, negando a realidade. Teve um que disse que as pesquisas do IBGE não serve, pois não é tarefa do IBGE.

Sim, pois é. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística não tem como função tabelar dados de geografia e estatística do Brasil. Só indo pro escárnio, mesmo, pois dialogar com uma toupeira assim é perda de tempo.

Quando você fingir se importar com os mais pobres (os de verdade, não os que ganham salário de 2 mil reais, pois estes são pobres, mas não OS MAIS POBRES), pense: O que foi que você efetivamente fez para mudar isso? Escreveu ao seu congressista pelo menos?

Não, claro que não. Dá muito trabalho e consome tempo. Tempo que pode ficar de lacração em rede social para ganhar curtidas, likes e compartilhamento, na sua ração diária de confetinhos.

Podem começar a reclamar.

5 comentários em “Guerra de Classes: Como lacrador de classe média odeia pobres e ricos

  1. Número 2 – 100% dos domicílios recebendo água encanada, 100% dos domicílios recebendo água tratada, 100% dos domicílios com coleta de esgoto, 60% do esgoto tratado (era para ser 100%, mas político sendo político, resolveu farrear com obras, aí foi peitar o Ministério Público porque não queria cumprir o TAC e tomou uma enrabada e agora precisou parar umas 500 obras para tratar 100% do esgoto XD ).

    Curtir

  2. E quando os donos dos meios de produção não são ricos brasileiros e sim ricos estrangeiros, que estão preocupados com o consumo em seus respectivos países?

    Quem está na linha da miséria não consome. Agora, vse o problema são os ricos estrangeiros, que tal vc montar uma indústria?

    E quando o país tem metade da sua economia baseada em monocultura para abastecer o resto do mundo

    1) Estamos falando de quem?

    2) É problema de quem? Ao meu ver, de quem só quer reclmaar ao invés de ir produzir algo diferente.

    3) Mas qual país mesmo?

    onde está exatamente o interesse econômico em diminuir a NOSSA pobreza?

    Tá no texto. Vc quer que rico venha e dê 5 milhões de dólares a cada pessoa? Não vai acontecer. Se vc não ajuda ninguém (e eu sei que não ajuda, e dar 5 reau de esmola não é ajudar, embora nem isso vc faz), vc quer que OS OUTROS façam?

    Por que temos então tanto trabalho análogo a escravidão?

    Como na Coca-Cola, Volkswagen, Merck, FIAT, AMBEV entre outras ziulhões de empresas?

    Promovida por EMPRESAS RICAS?

    Todas?

    Será que é simples assim mesmo? Será que aos ricos em nada interessa a sub existência?

    O qe é melhor? Ter 20% da pópulação de um país vivendo na miséria sem nem ter o que comer ou esses 20% estando com salário, movimentando a economia, fazendo compras de comida, bens de produção e consumo?

    Isso é só culpa da indiferença da classe média ou da ingerência (e corrupção) política? Sei não hein.

    Indiferença de gente nos seus apartamentinhos criticando coisas como vc, por exemplo, sem fazer nada de útil? Bem possivel.

    Assim como milicianos, tenho certeza que mais gente por aí percebeu que pobreza é negócio!

    Eu disse que miliciano se interessa da pobreza? Miliciano quer que a pessoa pague pelos bens que comprar/contratar deles.

    Diga, 92%, vc não entendeu PICAS do artigo, né?

    Curtir

  3. Segundo esse site (https://www.cotacao.com.br/2020/08/10/saiba-como-funcionam-os-impostos-nos-eua/):

    “[…]O Federal Income Tax é o imposto de renda federal que incide sobre os ganhos dos cidadãos norte americano anualmente. Esse imposto representa a maior fonte de receita para o governo federal dos EUA e sua alíquota varia de 10% a 37% onde as mais altas são cobradas daqueles que possuem níveis de renda mais altos.”

    Fico pensando como funciona isso pra quem tem uma renda de U$5,000.

    Curtir

  4. E segundo esta outra “nutiça” (https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54550170.amp), Trampi não pagava seus devidos impostos. Justamente o país que tributa por renda é o país que abre brechas pra que alíquotas de hiper-ultra-mega-ricos sejam menores. E tem até outras gracinhas como um grupo de empresários que desejam que suas taxas sejam maiores. Uma até se sente culpada por ser rica:
    “Eu me sinto um pouco culpada por ter ficado tão rica”, diz McGough. “Quando comandava a empresa, não me sentia assim, porque acreditava que estava trabalhando duro.”
    “Só mais tarde, depois que vendemos a empresa, que eu enxerguei que há muitas pessoas trabalhando duro, e a maioria não fica milionária.”
    Se o problema são os mais pobres não seria mais “fácil” aumentar a renda deles de forma que melhore não só a vida desses pobres como também a de todo o país garantindo emprego, saúde, educação, saneamento básico e tudo mais? Imposto por renda cheira a paliativo, e é um cheiro muito ruim. E as pessoas de classe-média muitas vezes gastam o que não tem, já provando que chegam a gastar muito mais que quem não tem muitos recursos.

    Curtir

Deixe um comentário, mas lembre-se que ele precisa ser aprovado para aparecer.

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s