Heróis não são caixas. Suma daqui com sua lacração

Saiu o filme da Mulher Maravilha. Como eu já esperava começou o festival de chorume por todos os lados. Pessoas que levam filmes muito a sério, como se fossem bandeiras, quando sabemos que filmes de heróis são apenas histórias de gente que usa a cueca por cima da calça.

Ok, não é apenas isso. Heróis de quadrinhos são nossos mitos atuais. O problema está sendo que as pessoas estão levando a sério demais certas coisas e para isso temos que dar uma sacolejada e explicar certas coisas.

Para princípio de conversa, temos feminazis reclamando que a Gal Gaddot aparece no filme com o sovaco depilado. Essas criaturas imundas de sovaco cabeludo, cabelo ensebado e falta de banho no último mês, acham que toda mulher tem que andar sem asseio nenhum para provar um ponto (que ponto é esse, eu não sei nem me importo). Primeiramente, não tem. “Segundamente”, essas criaturinhas tacanhas que se orgulham sair daquele caldeirão de Humanas deveria ter aprendido História.

Alexandre da Macedônia mandava seus soldados rasparem a barba e cortar os cabelos bem rente. Estética? Não, por causa de dois motivos: primeiro: a bosta da armadura era de bronze e não tinha revestimento confortável. Pelos eram desconfortáveis e causavam lacerações e inflamação na pele. Em segundo lugar, em Roma homens e mulheres se depilavam. Sim, por estética. Então, menina de cabelo seboso e sovaco fedido, faça jus ao que você prega: “Meu corpo, Minhas regras” e pare de regular o corpo dos outros.

Outra coisa que estão vendendo muito é crianças se sentindo representadas pela Mulher Maravilha. Isso não faz um puto de sentido. Mas e a representatividade? Prestem atenção e vejam como isso é idiota.

Diana de Themyscira é uma princesa que mora numa ilha mágica só de mulheres guerreiras. Ela é foi moldada no barro sagrado e trazida à vida por Zeus. Na reformulação, ela é filha direta do próprio Zeus com a humana Hipólita, rainha das Amazonas. Ela voa, ela saiu na porrada com Ares, o Deus da Guerra (e o venceu, decapitando-o) e já saiu na porrada com todo tipo de monstro. Ela pisou na cara do Batman e mandou ele ficar lá no chão. E ele só disse “Ok”.


Graphic Novel Hiketeia. Leia!

ONDE QUE ELA LHE REPRESENTA, MINHA FILHA? Não seja arrogante a achar que uma semi-deusa está se espelhando em VOCÊ. Você é uma inútil com um potão de sorvete, sozinha, que nem pra lady cat serve pois gatos são animais limpos. É muito pelo contrário! Heróis e semi-deusas é que são o arquétipo, não você, a começar pelo fato que eles tomam banho. O Wolverine não quer ser você, seu loser espinhento que coloca os bofes pra fora só de correr até o ponto de ônibus porque o busum está saindo, efeitos daqueles pacotes intermináveis de salgadinhos, cuja única atividade física é entrar em portais de noticia para destilar suas neuras.

Isso parece até o pessoal chilicando porque cancelaram a série Sense8 (estou com preguiça de falar sobre isso. Vai lá ler o artigo do Cardoso). Mimimi, não estou representado.

Tem trocentas séries sobre gays, surubas, lésbicas, trans… tem até o XVídeos, se você quiser mais representação ainda (meu papagaio que me falou).

Eu não me sinto representado por nenhuma série. Quero uma série com professor levantando 5 da manhã, indo pro trabalho, atura aluno imbecil, coordenador retardado e diretor psicopata. Para no final eu ter que passar o resto da vida trabalhando, pois não dá pra viver com aposentadoria. NÃO! Eu não quero isso. Quero me divertir! Quero ver aliens, explosões, KABUM, tiros, pew pew pew, vilão malvado, herói escapando na hora H por alguma traquinagem do roteirista porque sim. Sim, clichê. Caguei! Se eu quiser uma pérola da dramaturgia eu lerei Shakespeare (que por sinal tem mais clichê ainda).

Eu quero ter heróis para EU me espelhar neles, não que ELES se espelhem em mim. Não quero representatividade, pois não sou uma mistura de idiossincrasias, sou uma mistura de idiossincrasias que quer sonhar um pouco com o Super-Homem vindo ajudar as pessoas em Manchester sair ilesas. Mas isso não vai acontecer. Eu quero imaginar a Mulher Maravilha ficando entre as pessoas e os terroristas atirando na Ponte de Londres. Mas isso não vai acontecer. Então, eu me contento com um taxista Sikh que carregou pessoas para longe do atentado e depois ajudou as vítimas para levá-las aonde precisassem, enquanto uma mulher salvou a vida de 50 crianças, levando-as para um hotel. Outra mulher ficou entre a porta do restaurante e os bandidos no outro ataque a Londres, de forma que as pessoas tivessem tempo de fugir. Foram poucos segundos, mas isso salvou vinte pessoas. Ainda não se sabe o que aconteceu com ela. Um herói é um policial que parou parte do trânsito só para resgatar um gatinho.

Herói não é aquele que deve representar os outros. É aquele que serve de inspiração para que outros lutem como ele, mesmo enfrentando as piores batalhas: as batalhas contra si mesmo, pois todo herói já esteve com a alma virada do avesso, o corpo em frangalhos, a vida por fio e a força de vontade definhando. Mas ele como todo herói consegue vencer, e se você se vê como esse herói, você será capaz de realizar coisas tão grandiosas quanto…


Meu último dia de Quimio. Foi duro, mas eu sou mais durona!

E isso não será apagado por um sovaco raspado. Pegue sua lacração e enfie na bunda!

11 comentários em “Heróis não são caixas. Suma daqui com sua lacração

  1. Concordando com cada palavra do texto!
    E o poster do superman ainda passa uma mensagem incrível: ELe admira as pessoas comuns que arriscam a vida pelos outros ( e eu também acho os bombeiros “OS CARAS”), enquanto ele mesmo arriscou a dele pouquíssimas vezes

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  2. “Se eu quiser uma pérola da dramaturgia eu lerei Shakespeare (que por sinal tem mais clichê ainda)”
    80 a 90% da dramaturgia atual contém clichês de Shakespeare.
    Por coisas como essa prefiro filmes filosóficos, como: Die Hard, Transformers, Avengers e outros bichos :-)

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  3. Queria ter o tempo livre que esse pessoal tem para poder reparar o sovaco alheio.

    Essa bosta de que filmes tem que passar alguma mensagem, alguma lição de moral, algum código de honra e de conduta faz com que eu concorde cada vez mais com Samuel Goldwyn, que disse que “filmes são entretenimento. Mensagem que passa é o correio”. Exceto o daqui.

    E sobre o texto do Cardoso, o texto é sensacional, mas os comentários… será que alguém abriu a caixa de Pandora por lá?

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    1. Nunca vi tamanha insânia. Talvez o Cardoso esteja é feliz, pois esse é o momento “banheira de Nutella” do Contraditorium.

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