Você é daqueles que anda estressado, principalmente quando fica preso no trânsito, com pouca gasolina, em meio a um o calor de rachar, sob o som sufocante de buzina? Acredite, seus ancestrais pré-históricos passavam por situações tão ou mais estressantes também. Quem afirma isso são pesquisadores canadenses, que analisaram restos de cabelos de pessoas que viviam no Peru pré-colombiano.
O senso comum acha que o stress começou com a vida moderna, mas quem disse que o senso comum serve para muita coisa? Alguém aqui sinceramente acha que caçar mamutes era algo tranquilo? Na verdade, só o nome é recente, mas o seu significado já era conhecido na Antiguidade.
Usando a tecnologia forense moderna e modernas técnicas de análise bioquímica, cientistas da Universidade de Ontário Ocidental examinaram níveis de stress de peruanos na época pré-colombiana – a faixa de tempo compreendida antes do “descobrimento” da América pelo navegador Cristóvão Colombo (que na verdade nunca chegou no continente, e sim Américo Vespúcio. Shit happens). Os pesquisadores descobriram que o stress vem atormentado a humanidade há pelo menos 1500 anos. Os resultados foram publicados no periódico Journal of Archaeological Science.
Como produto do estado fisiológico e os ambientes sociais e físicos, o stress tem um impacto significativo na saúde e bem-estar nas sociedades antigas e contemporâneas. Na pesquisa bioarqueológica, o stress é caracterizada usando uma matriz de indicadores esqueléticos que registram períodos de stress durante a infância e a idade adulta. Na pesquisa clínica moderna, a exposição a este mal pode ser avaliada através de análise sistêmica de níveis de cortisol, que aparece em nosso sangue, nossa urina e até mesmo em nosso cabelo.
A análise dos níveis de cortisol encontrado em amostras de cabelo encontrado no sítio arqueológico deve permitir a avaliação do stress durante um curto período, mas crítico, da vida de um indivíduo. Para este estudo, foram selecionadas amostras de cabelo de dez indivíduos de cinco diferentes sítios arqueológicos no Peru, e analisá-los em segmentos para determinar os níveis de cortisol. Estes dados demonstram que é possível observar padrões biogênicos de produção de cortisol, e que as experiências individuais de stress pode ser reconstruído para o período de tempo representado por cada uma das amostras de cabelo.
A análise dos níveis de cortisol no cabelo tem o potencial para ser um valioso indicador de stress, que irá complementar os estudos paleopatológicos e bioquímicos da saúde dos humanos que viviam há muito tempo, bem como permitir a reconstrução de histórias de vida de forma cada vez mais detalhada.
A equipe descobriu que a maioria das pessoas naquela época tinha vivido períodos bem estressantes nos anos que antecederam a sua morte, o que sugere que o stress era uma parte regular da vida no período pré-moderno. A pré-história caminha, transforma-se em história, mas os seres humanos continuam os mesmos, com seus medos e emoções não muito variáveis ao longo dos séculos. O stress, portanto, não é um mal do século e sim um mal de séculos e mais séculos! Só fico me perguntando se algum deles ao conhecer alguma gata no estilo avião ficava surpreso ao saber que seu nome era João…

“O senso comum acha que o stress começou com a vida moderna, mas quem disse que o senso comum serve para muita coisa?”
Frase genial do dia
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